COREIA DO NORTE APRENDEU COM LÍBIA A NUNCA ENTREGAR SUAS ARMAS NUCLEARES, DIZ CHEFE DE INTELIGÊNCIA

This undated picture released from North Korea's official Korean Central News Agency (KCNA) on January 12, 2014 shows North Korean leader Kim Jong-Un (front L) inspecting the command of Korean People's Army (KPA) Unit 534.    AFP PHOTO / KCNA via KNS    REPUBLIC OF KOREA OUT   THIS PICTURE WAS MADE AVAILABLE BY A THIRD PARTY. AFP CAN NOT INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, LOCATION, DATE AND CONTENT OF THIS IMAGE. THIS PHOTO IS DISTRIBUTED EXACTLY AS RECEIVED BY AFP    ---EDITORS NOTE--- RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / KCNA VIA KNS" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS        (Photo credit should read KNS/AFP/Getty Images)


31 de Julho de 2017, 9h45
O EX-SENADOR AMERICANO DAN COATS, diretor de Inteligência Nacional do governo Trump, causou grande surpresa na última sexta-feira no Fórum de Segurança de Aspen ao falar a verdade sobre a política externa norte-americana.
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, 33, não é louco, segundo Coats. “Há uma lógica por trás de seus atos”, afirma. Segusndo ele, o líder do país asiático baseia suas ações no fato de os EUA já terem demonstrado que a Coreia do Norte precisa manter seu arsenal nuclear para garantir “a sobrevivência do regime”.
“Penso que Jong-un percebeu a capacidade de barganha das nações que possuem armas nucleares, que têm um grande poder de dissuasão”, afirma. E acrescenta: “A lição que aprendemos com a Líbia, que desmantelou seu programa nuclear, (…) foi infelizmente esta: se você tem bombas atômicas, nunca deve se desfazer delas. Se não tem, trate de obtê-las.”
Trata-se de uma evidência gritante, principalmente depois da derrubada, com a ajuda dos EUA, do longevo ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, em 2011. Porém essa realidade nunca – ou quase nunca – havia sido reconhecida por um alto funcionário do governo americano. Vamos à sequência cronológica dos fatos:
Em dezembro de 2003, a Líbia anunciou a entrega de seus estoques de armas biológicas e químicas, bem como o desmonte de um rudimentar programa de armas nucleares.
Comemorando a decisão, o então presidente americano, George W. Bush, declarou: “Aqueles líderes que abandonarem a busca por armas químicas, biológicas e nucleares – e seus vetores de lançamento – encontrarão um caminho livre para a melhora das relações com os Estados Unidos e outras nações democráticas”. Paula DeSutter, secretária de Estado adjunta de Verificação e Conformidade do governo Bush, explicou: “Queremos que a Líbia sirva de exemplo para outros países”.
Em 2011, os Estados Unidos, a ONU e a Otan realizaram uma série de bombardeios para ajudar os insurgentes líbios a derrubarem o governo. O próprio Gaddafi foi capturado por uma facção rebelde – o ditador teria sido sodomizado com uma baioneta e depois assassinado.
Um acontecimento como esse deve ter atraído a atenção da cúpula do governo norte-coreano, que também viu o Iraque ser desarmado e invadido – e seu ditador executado por uma multidão em fúria.
De fato, a Coreia da Norte chegou a comentar o caso publicamente, à epoca. O ministro das Relações Exteriores do país declarou: “A crise líbia é uma grave lição para a comunidade internacional”. Segundo ele, o acordo que levou à entrega das armas de destruição em massa da Líbia havia sido “uma tática para desarmar o país”.
Mas o governo Obama negou esse fato descaradamente. Um repórter disse ao então porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner, que os norte-coreanos não viam o que estava acontecendo como um incentivo para desistir de seu programa nuclear. “A situação atual da Líbia não tem absolutamente nenhuma ligação com o abandono de seu programa e arsenal nucleares”, respondeu Toner.
Mas os norte-coreanos sabem ler; portanto estão perfeitamente a par das motivações da elite da política externa americana, que já explicou em diversas ocasiões por que os EUA desejam o desarmamento de países pequenos. Não é por medo de que os EUA sejam atacados por armas de destruição em massa, pois nações como a Coreia do Norte sabem que seriam imediatamente aniquiladas. Em vez disso, os mandachuvas norte-americanos dizem abertamente que o problema reside no poder de dissuasão do armamento não convencional – eles desestimulam um ataque dos EUA a países menores e mais fracos.
Há muitos exemplos disso. Por exemplo, em uma circular de 2001, o então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, declarou:
“Muitas dessas [pequenas nações inimigas] são ferrenhamente hostis aos Estados Unidos, e estão se armando para nos dissuadir de usar forças convencionais e nucleares para intervir em crises regionais (…).
“O acesso universal a essas tecnologias [de armas de destruição em massa] pode engendrar respostas ‘assimétricas’ que, embora não possam derrotar nossas forças, podem cortar o acesso a áreas cruciais na Europa, Oriente Médio e Ásia. (…) uma abordagem ‘assimétrica’ pode limitar a nossa capacidade de empregar nosso poderio militar.”
think tank Project for a New American Century – um grupo de pressão neoconservador que teve muita influência sobre o governo de George W. Bush – reiterou essa posição em um influente artigo intitulado “Reconstruindo as Defesas Americanas”:
“Os Estados Unidos também devem contrapor-se aos efeitos da proliferação de mísseis balísticos e armas de destruição em massa, que em breve poderão permitir que Estados menores exerçam uma influência dissuasiva sobre o exército americano, ameaçando nossos aliados e até o próprio território nacional. De todas as missões atuais e vindouras das forças armadas dos EUA, essa deve ser prioritária.”
“No mundo pós-Guerra Fria, em vez da União Soviética, os Estados Unidos e seus aliados se tornaram a principal ameaça à defesa de nações como Iraque, Irã e Coreia do Norte – os países que mais tentam desenvolver armamento com poder de dissuasão.”
O próprio Dan Coats reconhece isso em um artigo de opinião de sua coautoria, publicado em 2008. “Uma República Islâmica do Irã com armamento nuclear será estrategicamente insustentável”, escreve ele, mencionando o efeito dissuasivo das armas não convencionais. “Para evitar que o Irã adquira a capacidade de nos dissuadir, talvez tenhamos que atacá-los”, explica.
Veja o vídeo e a transcrição dos comentários de Coats abaixo:

DAN COATS: Isso é uma potencial ameaça à existência dos Estados Unidos e é uma séria preocupação.
LESTER HOLT: Em relação às opções à nossa disposição, sabemos que não temos muitas. Muitas delas têm a ver com tentar entender a cabeça de Kim Jong-un, mas suponho que poucas coisas sejam tão difíceis quanto tentar prever o comportamento de alguém.
COATS: Ele tem demonstrado um comportamento que gera certos questionamentos em relação a que tipo de pessoa ele é, como pensa e como se age. Mas chegamos à conclusão de que, embora um tipo muito incomum, louco ele não é. Há uma lógica por trás de seus atos – a lógica da sobrevivência do seu regime, a sobrevivência do seu país. Penso que Jong-un percebeu a capacidade de barganha das nações que possuem armas nucleares, que têm um grande poder de dissuasão. A lição que aprendemos com a Líbia, que desmantelou seu programa nuclear, e com a Ucrânia – que fez o mesmo – foi infelizmente esta: se você tem bombas atômicas, nunca deve se desfazer delas. Se não tem, trate de obtê-las. Estamos vendo muitos países tentando adquiri-las atualmente – e nenhum deles com mais afinco do que a Coreia do Norte…
Foto do topo: O líder norte-coreano Kim Jong-un inspeciona a unidade de comando 534 do Exército Popular da Coreia em 12 de janeiro de 2014.
Tradução: Bernardo Tonasse
copiado https://theintercept.com/2017/07/31/

RODRIGO MAIA É DONO DE ESCRITÓRIO USADO PELOS GRUPOS ODEBRECHT E BTG PACTUAL

RODRIGO MAIA É DONO DE ESCRITÓRIO USADO PELOS GRUPOS ODEBRECHT E BTG PACTUAL

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27 de Julho de 2017, 14h36


PRIMEIRO DA FILA para ocupar a Presidência da República caso Michel Temer tenha de deixar o cargo, o deputado e presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é dono de um escritório que foi usado por cerca de quatro anos pela Odebrecht e, atualmente, é ocupado por uma empresa do banco BTG Pactual. O aluguel de uma sala semelhante, em valores atuais de mercado, é de cerca de R$ 15 mil mensais. Ambas as empresas ganharam destaque nas páginas político-policiais nos últimos anos, na esteira de uma profunda e bilionária relação com o poder público.
Nas planilhas de controle da distribuição de propinas da Odebrecht, Maia recebeu o codinome “Botafogo”. Uma referência, em tese, ao time pelo qual torce. Por coincidência, o mesmo nome do bairro da Zona Sul do Rio onde fica a sala que serviu de base para uma filial da Odebrecht. A sala 901 tem cerca de 300 m², está bem conservada e fica no penúltimo andar de um prédio comercial antigo de Botafogo, o Edifício Santo Eugênio, na Rua Voluntários da Pátria, uma das mais movimentadas da cidade.
Pai de Rodrigo e seu “criador” político, o ex-prefeito do Rio e atual vereador Cesar Maia (DEM) manteve registrada ali, nos anos 1990, a empresa Factóides & Factóides Promoções e Marketing, em sociedade com a mãe e uma irmã de Rodrigo. Na época, contudo, a sala ainda não pertencia à família, mas a Ivan Galindo, assessor de confiança de Cesar. O ex-prefeito e sua mulher a compraram em outubro de 2002, conforme certidão do registro do imóvel.

Em julho de 2004, a Construtora Norberto Odebrecht S/A, com sede na Praia de Botafogo, registrou uma nova filial na Receita Federal. O endereço cadastrado foi a sala comercial de propriedade de Cesar Maia, na época prefeito do Rio de Janeiro. Maia, o pai, também tinha apelidos especiais na planilha secreta da Odebrecht, divulgada este ano: “déspota” ou “inca”. O filho é investigado em dois inquéritos da Lava Jato por suspeita de caixa dois e lavagem de dinheiro. Em um deles, ex-executivos e diretores da Odebrecht afirmam que o deputado  recebeu R$ 100 mil da empreiteira, em outubro de 2013, para ajudar na aprovação da Medida Provisória 613, que atendia a interesses tributários de uma das empresas do grupo Odebrecht, a Braskem. Em outro, é investigado por receber ilegalmente da empreiteira R$ 350 mil em 2008, supostamente para financiar campanhas eleitorais de candidatos do DEM no Rio de Janeiro.
A Odebrecht já registrou mais de 400 filiais em todo o país, conforme registros da Receita Federal. Invariavelmente, a criação de novos registros está associada a novas obras tocadas pela empreiteira. Na maioria dos casos, embora não seja uma obrigação legal, a obra em questão vem discriminada no registro da Receita, como o “nome fantasia” da filial. No caso da unidade aberta em Botafogo, que ficava a 1,1 km do endereço da então sede da empresa, não houve essa especificação.
A empresa já havia obtido, em 2003, uma obra de grande porte junto à administração de Cesar Maia: a reforma da Avenida Brasil, ao custo de R$ 32 milhões. Mas a construtora tinha um interesse especial, como tantas outras grandes empreiteiras, pelas obras dos Jogos Pan-Americanos de 2007.  A prefeitura do Rio, comandada por Maia, era responsável por parte dessas obras. A principal delas era a construção do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão.
No início de 2005, a Odebrecht levou um contrato de R$ 144 milhões (após aditivos) com a prefeitura para tocar a segunda fase de obras no estádio. O contrato foi assinado em 4 de março daquele ano. Um dia antes, a filial da Odebrecht instalada no escritório dos Maia obteve sua Inscrição Municipal, condição necessária para a prestação de serviços.
Na época da assinatura do contrato, Cesar Maia esbanjava confiança política, a ponto de se colocar como pré-candidato a presidente da República pelo extinto PFL (atual DEM). Chegou a fazer uma caravana pelo país para se tornar mais conhecido.
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 27-12-2008: O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM), durante concerto inaugural da Cidade da Música Roberto Marinho, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). (Foto: Rafael Andrade/Folhapress, COTIDIANO)
César Maia inaugura a Cidade da Música Roberto Marinho, na Barra, em 2008
 
Foto: Rafael Andrade/Folhapress

Menos de dois meses depois da assinatura do contrato com a Odebrecht para as obras do Engenhão, Cesar Maia doou a sala comercial mantida em Botafogo para o filho, o deputado federal Rodrigo Maia, àquela altura ainda sem uma bagagem política relevante. A doação foi registrada, com assinatura de Rodrigo, em 27 de maio de 2005. Naquele momento, a Odebrecht era a inquilina da família Maia.
A sala comercial é a única no patrimônio de Rodrigo, segundo declaraçãoapresentada à Justiça Eleitoral. Ele tem apenas outros dois imóveis: dois apartamentos no Rio de Janeiro, também passados a ele pelo pai, como doação. Um deles é onde vive com a mulher e os filhos.
Qualquer aluguel da sala deveria ser  pago para Cesar Maia, o prefeito do Rio de Janeiro. Isso porque o pai, como doador, reservou para si o usufruto do imóvel – o que, juridicamente, significa que o aluguel deve ir para ele, e não para Rodrigo.
Mas a relação entre pai e filho sempre foi extremamente próxima. Não à toa, na última campanha eleitoral para a Câmara, em 2014, Rodrigo recebeu R$ 284 mil em doações do pai  seu maior doador.

O lobby do setor elétrico

Nos registros da Receita Federal e nos dados da Inscrição Municipal da Odebrecht, a filial da empresa segue ativa e ainda com a sala de Rodrigo Maia como endereço oficial. No entanto, a Odebrecht deixou de ocupar efetivamente o prédio há quase dez anos.
Outras filiais abertas pela Odebrecht desde 2004 também já fecharam suas portas e deram baixa na Receita, inclusive no Rio de Janeiro. Essa filial em específico, a de número 0070, segue ativa no papel. A empresa-mãe, por exemplo, já atualizou seu endereço, alterando sua sede para o suntuoso prédio espelhado construído pela empresa na revitalizada zona portuária do Rio de Janeiro antes do estouro da crise da Lava Jato.
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A nova sede da Odebrecht fica na Região Portuária do Rio, uma das áreas que mais foram valorizadas nos últimos anos.
 
Foto: Luciola Villela/ Divulgação Prefeitura do Rio
Hoje, a empresa que ocupa a sala 901 do Edifício Santo Eugênio é a Tropicália Transmissora de Energia S.A. É a caçula entre um grupo de empresas do ramo energético que tem um fundo de investimentos gerido pelo BTG Pactual como controlador.
A atual inquilina dos Maia nasceu em maio de 2016, com um nome nada brasileiro: Holbaeck Empreendimentos e Participações. Sua sede era em São Paulo. Em fevereiro deste ano, recebeu uma injeção de R$ 15 milhões via três fundos controlados pelo BTG . Dias antes, em 10 de fevereiro, havia obtido seu primeiro contrato de concessão junto à Aneel: autorização para instalar uma linha de transmissão na Bahia, ao custo de cerca de R$ 370 milhões. Na sequência, em 4 de abril, a sede foi transferida para a sala de Rodrigo Maia.
Quatro andares abaixo dela funciona a empresa “irmã” Termelétrica Viana S.A. (a Tevisa). As ligações para o  telefone da Tropicália registrado na Receita Federal caem, na verdade, na sala da Tevisa. Quando se pergunta pela Tropicália, a ligação é transferida diretamente, via ramal, para a secretária da nova aposta do BTG Pactual no setor elétrico.
O presidente do Conselho de Administração da Tevisa e sócio do BTG Pactual é Oderval Esteves Duarte Filho. Eleé um dos vice-presidentes da associação de lobby do setor energético, a Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia). Até março deste ano, Oderval era o presidente da entidade, posto ocupado desde março de 2013.
Na mesma sala da Tevisa também está registrada outra companhia do BTG, a Linhares Brasil Energia Participações S.A. Um andar acima, outra empresa controlada pelo banco: a Integração Transmissora de Energia (Intesa). Essa empresa especificamente investiu R$ 520 milhões para construir mais de 600 km de linhas de transmissão de energia elétrica entre Tocantins e Goiás.
O setor elétrico está prestes a passar, após muito lobby, pela mais promissora reforma regulatória em décadas – do ponto de vista das empresas do ramo. Rodrigo Maia, tanto na posição de presidente da Câmara, como de eventualmente presidente da República, terá papel decisivo nessa discussão. A minuta da alteração do marco legal do setor foi colocada para consulta pública, pelo governo federal, no último dia 5 de julho. Entre os pontos em discussão está a “possibilidade de redução de custos de transação na transmissão”. Quando a consulta pública for encerrada, o texto seguirá para a Câmara, possivelmente em forma de medida provisória.

Abafa em CPI e palestra para executivos do BTG Pactual

O BTG Pactual chegou a ficar no olho do furacão da Lava Jato quando seu então acionista controlador, André Esteves, foi preso pela Polícia Federal em novembro de 2015 ao supostamente participar da operação de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Outras relações do banco com a Petrobras ainda são objeto de investigação na Lava Jato. Depois da prisão, parte dos deputados iniciou uma articulação para criar uma CPI para investigar o banco. As assinaturas necessárias para a criação da comissão foram obtidas.
Mas em julho de 2016, logo antes de Rodrigo Maia assumir a presidência da Câmara, o então presidente-tampão, Waldir Maranhão, decidiu pelo arquivamento do pedido de criação da CPI, alegando uma falha formal na coleta de assinaturas. Desde então, um recurso apresentado pelo deputado responsável pelo pedido de criação da CPI está parado, aguardando análise pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. A decisão de Maia em não promover o desarquivamento foi política, já que o recurso não chegou a ser examinado. Em fevereiro deste ano, o deputado foi um dos convidados para palestrar a executivos do BTG Pactual em conferência realizada pelo banco em São Paulo.

A fila anda

Como presidente da Câmara dos Deputados, Maia comandará, na próxima quarta-feira (2), a sessão que poderá dar um passo decisivo para sua ascensão à Presidência da República. A Câmara votará a autorização para que o STF analise a denúncia que a Procuradoria-Geral da República ofereceu contra o presidente Michel Temer. Nos últimos dias, ele tem procurado desfazer, junto a Temer, rumores de que tem atuado cada vez mais diretamente para, de fato, jogar o atual presidente aos leões e assumir o Palácio do Planalto.
A denúncia de corrupção passiva contra Temer é apenas a primeira de uma série de  três acusações, baseadas na delação do grupo JBS, que o procurador-geral Rodrigo Janot deverá apresentar antes de deixar o cargo, em setembro. A opção por dividir as denúncias amplifica o potencial de minar a sustentação política que mantém Temer no cargo e maximiza o desgaste do peemedebista – que deverá se articular seguidamente, e mediante constante concessão de benesses em tempos de penúria econômica, para barrar uma derrota no plenário da Câmara.
Mesmo que Temer sobreviva às acusações de crimes praticados por ele no exercício do cargo, e Rodrigo Maia permaneça como presidente da Câmara, a posição do deputado continua sendo altamente estratégica tanto para a Odebrecht quanto para o BTG Pactual.
Caso fosse  presidente da República, Maia estaria sujeito à Lei de Conflito de Interesses, de 2013, que se aplica a cargos no  Poder Executivo. A lei não fala explicitamente sobre relações patrimoniais, mas um de seus artigos deixa claro que configura conflito de interesses a “manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe”.
Código de Ética da Câmara aborda tangencialmente essa questão. Um dos artigos estabelece como obrigação do parlamentar apresentar declaração de impedimento para votar sempre que houver, em comissões ou em plenário, “apreciação de matéria que envolva direta e especificamente seus interesses patrimoniais”.

“A Odebrecht não vai se manifestar”

Procurados para comentar o uso da sala em Botafogo, tanto Rodrigo quanto Cesar Maia disseram não ter conhecimento sobre nada relativo ao imóvel – a única sala comercial de propriedade da família. The Intercept Brasil pediu uma cópia dos contratos de aluguel, mas eles disseram não possuir cópias dos documentos e afirmam que todos os negócios envolvendo a sala são feitos por uma administradora de imóveis do Rio.
A assessoria de Rodrigo afirmou que “não tratou de nenhuma negociação de aluguel e que não foi procurado por ninguém”. Cesar Maia disse que passou a representação do imóvel para um escritório de advocacia e que, logo em seguida, a Odebrecht alugou a sala e ficou lá até “meados de 2008”. “Os aluguéis eram pagos aos escritórios que descontavam a comissão de contrato e transferiam a nossa conta”.
The Intercept Brasil enviou diversas perguntas a Cesar e Rodrigo para que esclarecessem o uso do imóvel. A maior parte ficou sem resposta, apesar de insistência. Entre elas:
  • Qual o valor do aluguel cobrado da Odebrecht e, agora, da empresa Tropicália?
  • Em qual cartório foram registrados os contratos de aluguel?
  • Quando o imóvel foi doado a Rodrigo Maia, em 2005, ele foi avisado de que a sala era ocupada pela Odebrecht? Em caso positivo, não viu nenhum impedimento nisso, embora já fosse deputado federal? Em caso negativo, por que não teve preocupação em saber quem ocupava a sala?
  • Rodrigo Maia foi informado por Cesar Maia sobre os aluguéis da sala até a presente data?
  • Cesar Maia repassou ao filho parte dos valores recebidos como aluguel?
  • Foi realizada alguma benfeitoria na sala por alguma das empresas que ocuparam o imóvel?
O BTG Pactual disse que não comentaria o caso, já que a Tropicália tem administração própria. O banco indicou o CEO da transmissora de energia elétrica, Marcelo Pedreira de Oliveira, para responder às questões da reportagem. Marcelo, por e-mail, escreveu que a locação “foi realizada por meio de uma administradora de imóveis, com valores de mercado e seguindo todos os trâmites legais”. TIB também perguntou a ele sobre cópia do contrato de aluguel e valor acertado, e se tinha ciência de que a sala pertence a Rodrigo Maia, mas essas informações não foram fornecidas. Sobre a instalação da Tropicália naquela sala em específico, Marcelo justificou com o fato de que outras empresas de energia do fundo do BTG já estavam instaladas no mesmo edifício.
A Odebrecht foi acionada para comentar o caso e apresentar esclarecimentos sobre o uso da sala de Rodrigo Maia na terça-feira, dia 25, pela manhã. Estas foram as perguntas enviadas para a empresa:
– A Odebrecht pagou aluguel para usar a sala? Em caso positivo:
  • o contrato de aluguel foi registrado em cartório?
  • qual foi o valor do aluguel inicialmente acordado? Houve renovação contratual em algum momento? Quando?
  • qual foi a corretora de imóveis que atuou na transação? Ou foi direto com o proprietário? Na conta de quem eram depositados os alugueis?
  • podem enviar uma cópia digitalizada do contrato?
– Em que mês e ano a Odebrecht deixou de usar a sala?
– Onde funciona hoje a filial 0070 da Odebrecht? Por que ela mantém o endereço antigo?
– A que se destina a filial 0070 da Odebrecht?
– Por que a unidade foi registrada naquele endereço específico?
– No período em que esteve na sala, a Odebrecht realizou alguma benfeitoria no imóvel? Qual(is)??
– Quando a empresa viu que o proprietário do imóvel era o então prefeito do Rio, Cesar Maia, não avaliou que poderia haver conflito de interesses?
Depois de contatos e pedidos de extensão de prazo para poder analisar melhor o caso, a empresa enviou uma nota sucinta na noite de quarta (26): “A Odebrecht não vai se manifestar”.
Colaboração: Angélica Martins
Foto: Rodrigo Maia no evento “Reforma Política Já!, realizado na Fiesp, em São Paulo, em junho de 2017. Suamy Beydoun/Agif/Folhapress
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Pau que mata Michel mata Lula, mata Eduardo, mata Aécio…


Pau que mata Michel mata Lula, mata Eduardo, mata Aécio…

A fase mais recente da Lava-Jato pode dar um empurrãozinho a favor de Michel Temerna votação de quarta-feira no plenário da Câmara. Assista ao vídeo para entender.
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Com tropas, Temer cria fato em véspera de votação


Com tropas, Temer cria fato em véspera de votação


Presidente Temer no comando das Forças Armadas, no Rio. Foto Alan Santos/PR
julho 31, 2017, 7:35 

Tirando o exagero de dizer que os índices de criminalidade já caíram “enormemente” em dois dias de atuação das Forças Armadas na segurança do Rio, Michel Temerconseguiu finalmente, às vésperas da votação de seu afastamento pela Câmara, criar um fato positivo, devidamente faturado na viagem-relâmpago ao estado neste domingo. Muda alguma coisa na contagem dos votos? Diretamente não, mas é uma tentativa de amenizar o clima, além de tentar reduzir as traições na bancada do Rio.
Todo mundo sabe que botar o exército nas ruas é um paliativo, e que a violência urbana crescente e alarmante só será contida de verdade com medidas estruturais. Muitos temem a militarização dessa questão e até possíveis incidentes entres os militares e a população. Mas o povo vivia numa tal insegurança que gostou: aplaudiu, buzinou, deu entrevista.
Michel, numa rara ocasião, conseguiu sair de Brasília para uma viagem em que não foi vaiado. Apareceu nas imagens e fez um pronunciamento, cercado de ministros – até Henrique Meirelles foi. Aproveitou a viagem para conversar com deputados da bancada do Rio, que está dividida em relação à votação da denúncia, sobretudo depois que o relatório do deputado Sérgio Zveiter foi derrotado pelos governistas na CCJ.
O principal efeito político de curto prazo da ação no Rio, porém, não será medido em votos. Ao botar a tropa na rua, Temer criou uma pauta importante para a mídia, que está com os canhões apontados contra ele mas passa a ter outro tema para abrir os telejornais, de igual ou até maior importância aos olhos da população. E, quem sabe, ajuda a criar um clima de ruim com ele, pior sem ele…
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O jogo de cartas marcadas no julgamento de Temer



Precursor de Millor Fernandes, Pasquim, Casseta e Planeta e Sensacionalista, entre outros, o Barão de Itararé é um dos pioneiros do nosso humorismo político. Entre dezenas de excelentes máximas, ele cravou que de “onde menos se espera é que não sai nada mesmo”.

Cria-se um suspense sobre a votação nesta semana na Câmara do pedido para a abertura de processo contra Michel Temerpor corrupção passiva. Pura espuma. Quem aposta em emoção quer manter a expectativa. E haja capítulo para segurar a audiência dessa novela.
No mundinho dos políticos, o buraco é mais embaixo. Fora alguns gatos pingados, quem pode atirar a primeira pedra em Michel Temer, Lula ou Aécio Neves? É um ambiente em que até Paulo Maluf se sente à vontade para dar atestados de honestidade, sem contestação.
Pesa tanto quanto essa coletiva cara de pau, o funcionamento a todo vapor do Posto Ipiranga palaciano, e o pragmatismo de presidenciáveis como Lula e Geraldo Alckmin de que nada têm a ganhar com a queda do Temer agora. É simples assim.
A conferir.
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O PGR Rodrigo Janot e 225 novos nomes-alvo


O PGR Rodrigo Janot e 225 novos nomes-alvo


Com o fim do recesso parlamentar e do Judiciário, a partir de amanhã vários temas que ficaram em compasso de espera nas últimas semanas voltam esquentar a pauta. O principal deles é, na quarta-feira, a votação no plenário da Câmara da denúncia feita pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que pede o afastamento do presidente Michel Temer.
Em torno do processo que envolve o presidente giram muitas apostas. A oposição está na esperança da aprovação do afastamento. Os governistas, na certeza do arquivamento. E há também a expectativa de que novas acusações partam de Janot contra Temer. A pouco mais de um mês de sua saída da PGR, Janot está resolvido a limpar as gavetas, a dar provimento a várias investigações.
Na quinta-feira passada, Doutor Janot informou ao Supremo Tribunal Federal que dará início a um processo de investigação de uma denúncia que dormita na justiça desde 2009, segundo a qual havia parlamentares e autoridades do primeiro-escalão beneficiando amigos e parentes com passagens aéreas da cota parlamentar, com participação de agências de viagens.
Caso seja mesmo aberto, o inquérito deverá envolver 212 nomes da esfera federal.  São deputados, senadores de vários partidos e ministros-de-Estado e do Tribunal de Contas da União. E outros 13, prefeitos e ex-parlamentares, sem privilégio de foro. A lista, que consta do despacho, é tão vasta que “inviabiliza a apuração pormenorizada da conduta de cada um dos envolvidos”, segundo a petição da PGR, número 6.874/DF.
Na quinta-feira passada, Janot pediu também que o Superior Tribunal de Justiça traga para a instância federal as investigações relativas às greves dos PMs do Espírito Santo. Para ele, os tribunais regionais podem dar tratamento indevido à questão, sem resultar em punições, e que existe o risco de “parcialidade no prosseguimento da investigação”. Os capixabas sofreram em fevereiro desse ano uma grande crise na segurança pública, decorrência de paralisação de policiais militares e o consequente aumento da criminalidade.
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Venezuela: vitória do voto mas derrota da diplomacia e do diálogo Ao contrário do que fez o arremedo de diplomacia que tem o Brasil, que correu a se alinhar aos Estados Unidos e deslegitimar a eleição da Constituinte da Venezuela, fiz o que qualquer pessoa...

ven1Venezuela: vitória do voto mas derrota da diplomacia e do diálogo

Ao contrário do que fez o arremedo de diplomacia que tem o Brasil, que correu a se alinhar aos Estados Unidos e deslegitimar a eleição da Constituinte da Venezuela, fiz o que qualquer pessoa de mínimo bom-senso faria: esperar as urnas se fecharem.
A votação convocada pelo Governo Maduro, mesmo com todo o clima de intranquilidade provocado por situações impensáveis -será que não vai haver uma palavra sobre “manifestantes” que colocam uma bomba incendiária na passagem de um grupo de motociclistas da polícia? – atraiu mais de oito milhões de eleitores.
Quinze dias atrás, o plebiscito informal convocado pela oposição reuniu, segundo os seus próprios  promotores, 7,1 milhões de eleitores.
Nas últimas eleições legislativas no país, votaram 14,3 milhões de venezuelanos.
Não basta, porém, dizer que o chavismo “venceu” – e sim, houve muito de vitória no comparecimento maciço a uma eleição ameaçada por tiros, bombas e um imenso boicote de imprensa, interno e externo, porque 56% dos votantes de uma eleição “normal” compareceram.
Passamos o dia, ontem, ouvido e lendo bobagens sobre seções eleitorais vazias e declarações de oposicionistas de que só 10% dos eleitores compareceriam. Mentiras, mas quase unânimes na mídia, que sustentavam declarações de gente, por não-venezuelana, que deveria guardar silêncio diante de um processo eleitoral.
Mas também não se pode que a oposição, que alcançou 49% do colégio eleitoral de fato em seu plebiscito, “perdeu”, ainda que, provavelmente, pela falta de registros confiáveis, este número possa ter sido sensivelmente menor.
Quem está perdendo é a possibilidade de normalização da vida na Venezuela.
Desde 2002, quando sofreu um golpe de  estado, a Venezuela foi mergulhando num processo de radicalização absoluta que, com a crise do petróleo, a partir de 2014, se aprofundou. Não existem, hoje, no mundo ou na América Latina,  forças diplomáticas capazes de ajuda-la a encontrar algum equilíbrio e capacidade de funcionar. E a morte de Hugo Chávez tirou do país a única figura que poderia, por seu tamanho, encontrar o caminho de uma mínima composição.
Os países latinoamericanos, que jogaram, na primeira década do século, um papel vital nos conflitos venezuelano, desta vez, parecem estar dispostos ao contrário, a apostar no caos. Brasil e Argentina, sobretudo, pouco ficam a dever à histeria trumpista no trato com o país e apostam em medidas de retaliação no Mercosul contra um país que perdeu mais da metade de sua renda com a crise dos preços do petróleo, mas  que é parte indispensável de qualquer projeto de integração continental.
Infelizmente, a diplomacia brasileira desceu ao nível de molecagens como a que fez Aécio Neves ao simular um “cerco” chavista à sua viagem de provocação àquele país.
As relações internacionais de um dos maiores países do mundo, como o Brasil, não podem ser comandadas por um Kim Kataguiri  da terceira idade.
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Mas o povo não vem ao caso, não é?

ibopetemer1Mas o povo não vem ao caso, não é?

O Estadão publica pesquisa do Ibope, dizendo que 81% dos brasileiros querem o afastamento de Michel Temer e a convocação de novas eleições.
Não vai mudar o clima no Planalto.
A temporada é de compras, em Brasília e Aécio Neves, no sábado, foi levar seu tabuleiro para Michel Temer, no Jaburu.
Saiu de lá com um portfólio de bondades para prometer aos prefeitos ligados aos deputados e um apelo para que resista a entregar o comando do PSDB.
A entrevista de Eliseu Padilha esnobando o PSDB é um recado aos tucanos que têm cargos no Governo.
“Queremos que vocês fiquem, mas se forem, não vamos morrer por isso”.
Francamente, não acredito que Temer vá ter dificuldades maiores em fazer arquivar a denúncia de Janot.
Não apenas pelo nível de degradação do nosso parlamento, mas porque, quase dois meses depois da delação da JBS, a pressão de mídia sobre Michel Temer baixou, ao menos até o surgimento de mais um escândalo.
A queda de Temer virá pela crise, não pela moralidade.

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Está difícil fazer piada. Os temeristas superam a imaginação O chargista Adolar, da Folha, ao desenhar hoje o brucutu Carlos Marum, personagem já caricato da tropa de Michel Temer, com as iniciais de seu ex-chefe, Eduardo Cunha, certamente não esperava ser superado pela..

tatuEstá difícil fazer piada. Os temeristas superam a imaginação

O chargista Adolar, da Folha, ao desenhar hoje o brucutu Carlos Marum, personagem já caricato da tropa de Michel Temer, com as iniciais de seu ex-chefe, Eduardo Cunha, certamente não esperava ser superado pela realidade, no mesmo dia.
A foto do “torso desnudo” do não menos folclórico deputado Wladimir Costa, do Solidariedade, ostentando a tatuagem com o nome de Michel Temer supera, de longe, a imaginação do cartunista.
É, segundo a Folha, a quinta que ele faz – e ainda bem que o repórter Daniel Carvalho teve a pudicícia de não perguntar onde e com o nome de quem – só o início da devoção: Costa diz que fará mais duas, com o rosto do “chefe” e o de Marcela Temer.
Não deixa de ser uma maneira de ser “marcado a ferro, fogo e verbas”
Vai ver que se criou agora a “emenda tatuagem”…
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