Trump se deleita com amarga vitória na Suprema Corte dos EUA. Bolsonaro e Haddad iniciam a campanha do segundo turno

Trump se deleita com amarga vitória na Suprema Corte dos EUA

Supreme Court of the United States/AFP/Arquivos / Fred SCHILLING O juiz Brett M. Kavanaugh toma posse ante o magistrado John G. Roberts Jr. (D) na sede da Suprema Corte, em Washington DC, em 6 de outubro de 2018
O presidente Donald Trump se deleitou nesta segunda-feira (8) com o que possivelmente é a maior, e mais complicada, vitória de sua polêmica presidência, antes de participar de uma cerimônia oficial de posse do novo juiz da Suprema Corte, Brett Kavanaugh.
A confirmação, no sábado, da indicação de Kavanaugh mostrou a polarização dos americanos antes das eleições de meio de mandato, em 6 de novembro, nas quais os democratas esperam acabar com o domínio republicano no Congresso.
Mas longe de usar o resultado para tentar acalmar a nação, Trump fez ataques ainda mais ferozes.
Ao embarcar em um helicóptero na Casa Branca, o presidente qualificou as acusações de agressão sexual que ameaçaram prejudicar a confirmação de Kavanaugh no máximo tribunal do país como "um engano" e "invenção fabricada".
Trump previu que os ataques contra o juiz serão contraproducentes para os democratas.
"Acho que muitos democratas votarão em republicanos", disse. "Verão muitas coisas em 6 de novembro que não aconteceriam".
A indicação de Kavanaugh em substituição ao juiz aposentado Anthony Kennedy foi polêmica desde o início.
Os democratas lutaram com unhas e dentes para impedir a candidatura, focando inicialmente nas posições conservadoras do juiz.
Depois veio o depoimento da psicóloga e acadêmica Christine Blasey Ford acusando Kavanaugh de ter abusado sexualmente dela em uma festa há três décadas, quando eram estudantes.
Mais à frente surgiu outra denúncia contra Kavanaugh por mostrar suas partes íntimas a uma colega de classe em uma festa na Universidade de Yale.
Não foram apresentadas provas para respaldar as acusações. Uma investigação adicional do FBI, que segundo os relatórios dos meios de comunicação foi drasticamente restringida pela Casa Branca, tampouco encontrou algo novo e, finalmente, Kavanaugh foi confirmado.
A margem de vitória de dois votos a favor de Kavanaugh no Senado converteu essa eleição de confirmação para a Suprema Corte na mais apertada desde 1881, e na mais polêmica desde Clarence Thomas, então acusado de assédio sexual, em 1991. Apenas um democrata votou pelo candidato de Trump.
Nesta segunda-feira à noite, Trump poderá ironizar ainda mais a derrota de seus opositores quando realizar uma cerimônia formal de posse na Casa Branca.
Agora que Kavanaugh está confirmado, espera-se que o tribunal de nove juízes, que analisa as questões constitucionais, adote um enfoque definitivamente mais conservador.
E dado que os juízes estão em um cargo vitalício, é provável que as consequências políticas durem muito além da administração Trump.

Bolsonaro e Haddad iniciam a campanha do segundo turno

AFP / Fernando Souza Jair Bolsonaro obteve 46,04% dos votos no primeiro turno, contra 29,26% de Fernando Haddad
O candidato de extrema direita à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) retomou nesta segunda-feira (8) a sua campanha nas redes sociais após ficar em uma ótima posição para vencer no 2º turno, em 28 de outubro, o esquerdista Fernando Haddad, um resultado fortemente celebrado pelos mercados.
"Reduzir o número de ministérios, extinguir e privatizar estatais, combater fraudes no Bolsa Família para que quem precise possa ter este amparo humanitário ampliado, descentralização do poder dando mais força econômica aos estados e municípios. A política a serviço do Brasileiro!", proclamou no Twitter o candidato do Partido Social Liberal (PSL), retomando a sua campanha ativa nas redes sociais após obter 46,03% dos votos no domingo.
Haddad, por sua vez, foi a Curitiba para se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), que cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Os dois dirigentes passaram três horas reunidos desenhando a estratégia para um segundo turno complexo, na prisão onde o ex-presidente ocupa uma cela de 15 m2 desde abril.
"Vou conversar com as forças democráticas do país, representadas por algumas candidaturas como a de Ciro Gomes (PDT), e Guilherme Boulos (PSOL)", assim como com governadores, disse Haddad em entrevista coletiva ao fim do encontro. "Temos interesse que as forças democráticas estejam unidades em torno deste projeto do PT.
- Fortalecido -
A tarefa se anuncia titânica para Haddad, que obteve 29,28% dos votos e conseguiu salvar o partido de esquerda de uma queda histórica.
Com a bênção dos mercados, das influentes igrejas evangélicas, e com seu partido convertido na segunda força no Congresso, a onda "bolsonarista" só terá que lutar com os seus elevados índices de rejeição, de 45%, segundo o Datafolha, coletados ao longo de uma disputa cheia de declarações misóginas, homofóbicas e racistas, além de sua justificativa da tortura durante a ditadura militar (1964-1985).
Bolsonaro não fez campanha nas ruas desde que, em 6 de setembro, recebeu uma facada durante um ato eleitoral, que o deixou à beira da morte. Seu domínio nas redes sociais é, não obstante, incontestável.
"A eleição é de vocês. Serem governados por alguém limpo ou por um poste mandado por um preso por corrupção", escreveu com relação a Haddad, com quem as pesquisas de sábado davam empate técnico em um segundo turno.
No domingo, Bolsonaro se queixou no Facebook de "problemas" com as urnas eletrônicas que, segundo afirmou, lhe impediram de vencer no primeiro turno.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), observadora das eleições, dará uma entrevista coletiva nesta tarde em Brasília.
- Última oportunidade -
Muito mais complicado parece o salto de Haddad, que precisará liderar um contra-ataque histórico para chegar a Brasília.
Sua união total com Lula lhe permitiu ganhar rapidamente setores populares que se identificam com o ex-presidente.
Mas pode comprometer sua aproximação de grupos e partidos que consideram o líder da esquerda um sinônimo de corrupção e de políticas estatizantes, que estes grupos consideram responsáveis por jogar o Brasil em uma recessão de dois anos.
Uma das chaves para reduzir a distância para Bolsonaro seria o apoio de Ciro Gomes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que foi ministro da Integração Nacional de Lula e conseguiu 12,5% dos votos.
AFP / NELSON ALMEIDA Fernando Haddad agradeceu a liderança de seu mentor, o ex-presidente Lula, ao passar para o segundo turno
Gomes disse que discutirá com os líderes do PDT a posição para o segundo turno, mas antecipou um possível apoio: "Farei o que fiz toda minha vida, que é lutar pela democracia e contra o fascismo".
Apesar da diferença, Haddad se mostrou satisfeito com a intensa corrida presidencial iniciada em 11 de setembro, quando substituiu Lula por conta da impugnação de sua candidatura.
"Acho que foi uma conquista colocar, com 22 dias de campanha, um candidato com quase 30% dos votos válidos", afirmou em Curitiba.
- Lua de mel com os mercados -
Horas depois de Bolsonaro se aproximar da vitória no primeiro turno, a Bolsa de São Paulo disparou 6% apenas 20 minutos após a abertura, embora tenha reduzido o seu avanço a 4,05% às 15h00 (de Brasília).
O dólar, por sua vez, caía 2,54%, reforçando uma euforia à qual Bolsonaro respondia no Twitter mencionando, novamente, o roteiro traçado para o seu eventual governo.

  copiado  https://www.afp.com/pt/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...