Novo perfil do eleitorado latino redefine política na Flórida


terça-feira, 31 de janeiro de 2012 10:40 BRST
 



Por Kevin Gray
MIAMI, 31 Jan (Reuters) - De olho no eleitorado latino, os pré-candidatos republicanos à Presidência dos EUA chegaram ao Estado da Flórida atacando o regime comunista cubano e as políticas da Casa Branca em relação à ilha.
Mas o foco dos políticos na prisma das relações entre Havana e Washington.
Bloco eleitoral importante em um Estado comunidade cubano-americana do sul da Flórida, ferozmente anticomunista, ignora mudanças no eleitorado latino, cujas visões políticas não são mais necessariamente condicionadas pelo eleitoralmente estratégico, a comunidade hispânica da Flórida se diversificou e agora inclui uma crescente população porto-riquenha, uma grande presença de sul-americanos e um número cada vez maior de mexicanos.
Tal mudança democrática deve obrigar os políticos republicanos e democratas a repensarem suas estratégicas para seduzir o eleitor latino da Flórida.
"Durante anos, vivemos nesse mundo que só tinha a ver com os cubanos", disse o estrategista democrata Steve Schale, erradicado em Tallahasee. "(Agora), a alteração do mosaico terá um impacto na nossa política."
A eleição primária desta terça-feira no Estado dará aos pré-candidatos republicanos a primeira oportunidade de testar seu apoio entre os hispânicos, que podem representar até 10 por cento dos votos nacionais na eleição geral de novembro, segundo analistas.
Os republicanos poderão contar com uma base de cubano-americanos conservadores que compõem a maioria dos mais de 400 mil eleitores republicanos hispânicos da Flórida, muito deles radicados em Miami.
Ao todo, os latinos representam mais de 23 por cento da população da Flórida, mas apenas 13 por cento dos 11,2 milhões de eleitores registrados no Estado.

MAIS PORTO-RIQUENHOS

Em toda a Flórida, a mudança na composição demográfica latina é visível. Os porto-riquenhos, atualmente o segundo maior grupo, atrás dos cubanos, representam uma parcela cada vez maior na população de Orlando e região. Perto de Tampa, terceira maior cidade do Estado, os mexicanos já superam os cubanos, mas estão atrás dos porto-riquenhos.
Na cidade de Clearwater, os hispânicos, especialmente de origem mexicana, já são 40 por cento dos matriculados em algumas escolas primárias. "Isso terá implicações daqui a alguns anos, quando eles tiverem idade suficiente para se registrarem para votar", disse o auditor municipal Robin Gómez, ele próprio de origem mexicana.
Mesmo em Miami, coração da comunidade cubano-americana, é possível ver uma gradual mudança populacional. Em Doral, subúrbio da zona oeste, um grande número de restaurantes venezuelanos e colombianos ilustra a expansão do contingente sul-americano, que agora representa 46 por cento da população local.
Trata-se de uma mudança significativa para a Flórida, que tem a terceira maior população latina dos EUA, atrás da Califórnia e do Texas.
Como Estado, a Califórnia tradicionalmente vota em candidatos democratas a presidente, enquanto o Texas costuma escolher republicanos. Já a Flórida é um "swing state" (Estado oscilante), que se alterna entre os dois partidos, e isso dá um maior peso ao eleitorado hispânico local.
"Quando você divide os eleitores por nacionalidade, os cubanos ainda são o número 1, mas não são mais os únicos da cidade", disse Fernand Amandi, da consultoria política Bendixen & Amandi, de Miami, que trabalha para a campanha do presidente Barack Obama à reeleição.
Segundo o Centro Hispânico Pew, um terço dos eleitores latinos da Flórida é de ascendência cubana, 28 por cento, de origem porto-riquenha, e 9 por cento, de origem mexicana.
Outro fator importante é que nos últimos anos o domínio republicano sobre o eleitorado cubano-americano vem diminuindo.  
Em 2008, o democrata Obama obteve 57 por cento dos votos hispânicos da Flórida, contra 42 por cento para o republicano John McCain. Para surpresa geral, ele ficou apenas 6 pontos percentuais atrás de McCain entre os cubano-americanos.

DESEMPREGO

Mas as pesquisas mostram que Obama vem perdendo terreno entre os hispânicos da Flórida, em parte, possivelmente, devido ao maior desemprego nesse grupo, que segundo analistas chega a cerca de 13 por cento - mais de 3 pontos percentuais acima da média estadual.

"Os hispânicos da Flórida estão agudamente cientes das fracassadas políticas econômicas de Obama e dos seus devastadores efeitos", disse Bettina Inclan, dirigente nacional republicana encarregada da aproximação com os hispânicos.

De fato, muitos hispânicos citam emprego, educação e saúde como as suas maiores preocupações, segundo Mark López, diretor associado do Centro Hispânico Pew.COPIADO : http://br.reuters.com/

No entanto, a referência para os pré-candidatos republicanos na campanha para a eleição primária desta terça-feira foram os eleitores de origem cubana. Os dois favoritos, Mitt Romney e Newt Gingrich, fizeram críticas a Obama por ter eliminado algumas restrições dos EUA contra Cuba, e prometeram endurecer as sanções ao regime comunista da ilha.

Para o executivo publicitário Ivan Jiménez, 35 anos, que vive em Doral e é de origem porto-riquenha, os candidatos perderam a chance de abordar outros latinos.

"Eles têm muito foco nos cubanos", disse Jiménez, que se considera politicamente independente. "Miami está se tornando cada vez mais um cadinho. É hora de todos os políticos começarem a ver isso dessa forma."

O eleitorado hispânico não-cubano - tendo os porto-riquenhos à frente - começou a tomar forma na Flórida há cinco anos.

Depois disso, o total de hispânicos registrados como eleitores democratas aumentou em cerca de 100 mil em comparação ao eleitorado hispânico republicano, revertendo uma tendência que era vista ainda em 2006, quando a maioria dos hispânicos da Flórida se identificava como republicanos.

Muitos porto-riquenhos são democratas ou independentes, e seus números praticamente dobraram nos últimos dez anos, segundo analistas.© Thomson Reuters 2012 All rights reserved.
COPIADO : http://br.reuters.com/

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