Médicos usam celulares e tablets para ficar de bobeira

Em vez de acessar dados dos pacientes, médicos usam a rede até durante cirurgias

por Tiago Cordeiro

Editora Globo
O uso de celulares, computadores e tablets por médicos tem aumentado nos últimos anos. Somente em 2010, os hospitais americanos investiram US$ 23 bilhões na compra deste tipo de aparelho e no desenvolvimento de softwares. A ideia é que eles sejam usados para atualizar dados do paciente, além de consultar exames, estudos de caso e informações sobre remédios.

A intenção é boa, o problema é que os gadgets também estão sendo aproveitados para acessos ao Facebook, envio de e-mails pessoais e até cotações de passagens aéreas durante cirurgias — como aconteceu em um caso registrado em um hospital de Oregon, nos EUA. E não foi o único. De acordo com uma pesquisa realizada com 439 técnicos de laboratórios e hospitais e publicada pela revista médica Perfusion, 56% dos profissionais responsáveis por monitorar máquinas usadas em cirurgias cardíacas falam ao celular enquanto atuam em operações. Além disso, 49% enviam mensagens de texto, 21% acessam e-mails e 15% navegam pela internet. Cerca de 78% deles admitem que a prática traz riscos ao paciente. Mas a atitude não muda.

Para Trevor Smith, co-autor do estudo, além do perigo de ocasionar erros médicos e até mortes, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos entre profissionais de saúde traz outro risco: o de se olhar mais para a tela do que para o doente. “Os médicos estão se ocupando demais dos números e dos exames. Os dados do paciente não deveriam substituir o contato pessoal”, afirma o pesquisador. Parece que os médicos deveriam esquecer os tablets e recuperar os velhos blocos de nota.


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