Londres 2012: Conheça os países latino-americanos que lutam por sua 1ª medalha olímpica

Londres 2012: Conheça os países latino-americanos que lutam por sua 1ª medalha olímpica

Atualizado em  24 de julho, 2012 - 05:27 (Brasília) 08:27 GMT
Medalhas olímpicas de Londres-2012 (AFP)
Para cinco países latino-americanos, pódio olímpico ainda é um sonho difícil de ser concretizado
Cinco países latino-americanos lutam para conseguir uma façanha em Londres-2012: conquistar a primeira medalha olímpica de sua história.
Para a maioria dos atletas desses países - Bolívia, El Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua - só o fato de levar sua bandeira na cerimônia de abertura dos Jogos, na próxima sexta-feira, já será um grande feito.
Não por acaso, as cinco nações sem medalhas são também algumas das mais pobres do continente. Consultados pela BBC, os comitês olímpicos dos cinco alegam que a falta de recursos econômicos os impede de apoiar seus atletas como estes mereceriam.
"Nosso país é muito pobre, e o esporte tem um orçamento baixo", justifica o presidente do Comitê Olímpico Hondurenho (COH), Salvador Jiménez, alegando que isso impede a massificação de esportes e a proliferação de talentos.
"A maioria dos nossos atletas são amadores, porque o esporte é um hobby, eles não se dedicam ao esporte em período integral", alega Moisés Ávalos, do Comitê Olímpico da Nicarágua. Os únicos que se dedicam integralmente são os jogadores de beisebol - esporte que não é olímpico.
Já a Bolívia tem "muitas outras prioridades, e o esporte ficou de fora delas", afirma Juan José Paz, diretor de comunicação do comitê olímpico do país, admitindo que as políticas bolivianas de estímulo ao esporte "são um pouco deficientes".

Tudo para o futebol

Opinião parecida tem Sergio Arnoldo Camargo, do Comitê Olímpico Guatemalteco (COG): ele diz que o esporte fica de lado "quando se trata de um país em vias de desenvolvimento, onde se pensa que só o estudo e a atividade profissional são parte importante para alcançar um Estado de bem-estar social adequado".
Além disso, dizem os representantes dos países, o futebol abocanha boa parte dos patrocínios e dos fundos destinados ao esporte.
Nesse cenário, a maioria dos comitês consultados pela BBC tem poucas esperanças de que seus atletas consigam estrear no pódio olímpico nos Jogos de 2012.
Tanto que, dos poucos atletas que esses países levarão aos Jogos, a maioria conseguiu uma vaga de forma indireta - pelo princípio da universalidade ou por convite ("wild cards") das federações internacionais.

Esperanças

Entre as menores delegações estão a da Nicarágua, com 7 atletas (sendo que só um deles, o boxeador Osmar Bravo, foi classificado de forma direta), e a da Bolívia, com 5, dos quais só uma se classificou por índice: Claudia Balderrama, da marcha atlética.
A boliviana Claudia Balderrama
Claudia Balderrama foi a única boliviana a se classificar com índice olímpico
Balderrama, de 28 anos, durante três anos conciliou os treinos com seu trabalho em um supermercado. "Não tinha dinheiro suficiente, comprava tênis usados, comia o que havia disponível e não podia descansar, porque trabalhava muito cedo", diz ela.
Sua sorte mudou em 2010, quando ela conheceu o treinador mexicano Raúl González, que treinava a equipe de marcha de seu país em terras bolivianas.
"Ele me disse que eu podia ir muito longe, mas que, como não tinha apoio, acabaria conseguindo quase nada. Ele me convidou a ir ao México, porque eu não comia bem, treinava muito e quase não rendia."
A essa mudança de rumo ela atribui sua classificação a Londres. "Quando voltei à Bolívia (do México), começaram a me apoiar. Só te apoiam quando você tem resultados, mas não te apoiam para conseguir ter resultados, e isso é muito triste."
Por sua vez, a delegação salvadorenha deve levar 18 atletas para Londres e deposita suas esperanças em Evelyn García (ciclismo), Camila Vargas (remo) e Melisa Carvallo (tiro) - todas treinadas no exterior.
A Guatemala deverá ser representada por no máximo 20 atletas. No caso de Honduras, a qualificação da seleção de futebol faz com que a delegação do país (com até 25 atletas) seja a mais numerosa entre as cinco nações sem medalhas.

Incentivos

Os representantes dos cinco países concordam com a necessidade de implementar políticas de fomento ao esporte de base e apresentam alguns projetos em andamento.
No caso da Guatemala, a Fundação Amigos do Esporte, lançada no final da década passada, conta com a ajuda de 12 empresas privadas e dá renúncia fiscal em troca de patrocínio ao esporte. O grupo de fomento é visto como um dos motivos pelos quais o país teve melhores resultados no Pan de Guadalajara (ficou em 11º lugar, de um total de 40 países).
Em Honduras, foi criado um projeto de busca e seleção de talentos esportivos, que agora tem 73 atletas entre 13 e 20 anos em regime de concentração total. Segundo o presidente do COH, esses jovens "estão começando a ter resultado nas categorias de base".
"Acreditamos que, com nosso baixo orçamento, temos que focar nos esportes de combate, onde temos possibilidades mais reais de alcançar melhores posições do que em esportes de velocidade e força", alega Jiménez.
Sendo assim, e sem perder Londres de vista, esses países esperam começar a colher resultados melhores em Jogos Olímpicos futuros, como o do Rio em 2016.COPIADO : http://www.bbc.co.uk

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