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EUA ignoram emergentes e
Dólar sobe a R$ 2,435 no dia em que Fed tira mais US$ 10 bi de sua economia
cortam mais estímulos
Fed corta estímulo; dólar vai ao maior valor em cinco anosDecisão do BC americano ignora risco de crise em países emergentes; maioria das moedas se desvalorizaISABEL FLECK DE NOVA YORK CAROLINA MATOS ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO O Fed (banco central dos EUA) ignorou as tensões nos mercados emergentes e anunciou ontem que seguirá com os cortes em seu programa de estímulos.
Moeda americana tem 7ª alta seguida no Brasil; África do Sul eleva os juros, seguindo a Índia e a Turquia
A partir de fevereiro, a injeção mensal de recursos na economia, via compra de títulos, será reduzida de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões. A medida já era esperada.
O novo corte não é bom cenário para as economias emergentes, como o Brasil, já que menos recursos injetados representam menos dinheiro disponível para aplicações em outros mercados.
Além disso, a medida sinaliza que os EUA mantêm o ritmo de recuperação econômica, o que aumenta seu poder de atrair capitais --o "efeito aspirador de pó", como definiu nesta semana o presidente do BC, Alexandre Tombini.
Esse efeito pressiona outros países a aumentar seus juros para atrair recursos necessários. Ontem, mais um emergente, a África do Sul, subiu sua taxa em meio ponto percentual, para 5,5% ao ano, depois de altas na Índia e na Turquia anteontem.
O "aspirador de pó" também acelera a escalada do dólar --investidores precisam comprar a moeda para levá-la de um país a outro, e mais procura faz o preço subir.
No Brasil, o dólar teve ontem a sétima alta seguida e fechou no maior valor desde o fim de 2008 --quando começou a crise financeira global.
A moeda à vista, referência para o mercado financeiro, subiu 0,35%, para R$ 2,435, o maior preço desde 9 de dezembro daquele ano.
Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,41%, para R$ 2,437.
Ontem, das 24 moedas emergentes mais negociadas, 15 caíram em relação ao dólar --a maior baixa foi do rand da África do Sul (1,4%).
PRÓXIMOS PASSOS
Para Nariman Behravesh, economista-chefe do IHS Global Insight, "os cortes do Fed vão representar mais pressão nos fragilizados mercados emergentes, e isso inclui Índia e Turquia, mas também o Brasil".
No país, analistas preveem que o aumento recente dos juros de emergentes não conseguirá frear a saída de recursos. Eles apostam que, após a retirada total dos estímulos, esperada para o fim deste ano, a próxima medida do BC dos EUA seja aumentar o juro básico, hoje quase zero.
Nesse cenário, os títulos públicos americanos, remunerados pela taxa e de baixo risco, tendem a ficar mais atraentes a investidores.
Ontem, o Fed reforçou o compromisso de manter os juros baixos enquanto o desemprego não estiver abaixo de 6,5%. Em dezembro, ele caiu de 7% para 6,7%.
DE OLHO NOS EUA
O corte de ontem foi o segundo feito pelo governo americano. Em dezembro, o Fed já havia reduzido em US$ 10 bilhões (de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões por mês) o valor de estímulo por mês.
A decisão do comitê de política monetária do banco (Fomc) foi unânime --algo que não acontecia desde 2011-- e reflete o otimismo do Fed com o "progresso cumulativo" da economia americana e a "melhoria das perspectivas para as condições do mercado de trabalho".
Ben Bernanke, que passará a presidência do Fed no próximo sábado para Janet Yellen, considera que a política monetária do banco tem como alvo a "economia americana" --e, por isso, não pode se preocupar com o efeito em outros países.
"Uma economia americana mais forte é uma das coisas mais importantes que podem acontecer para os mercados emergentes", disse, em entrevista em setembro.
O mesmo argumento é usado por Tombini: no curto prazo, a retirada de estímulos pode trazer turbulência, mas, no longo prazo, a recuperação americana impulsiona o crescimento global.
O comunicado do Fed sugere que, em março, o ritmo seja mantido: cortes de US$ 10 bilhões em cada um dos próximos seis encontros e fim do programa até dezembro.
COPIADO http://www1.folha.uol.com.br
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