Depoimento à Justiça FederalTemer integrava grupo de Cunha, diz OdebrechtAção acusa ex-deputado por corrupção em fundo de financiamento do FGTS
Temer integrava grupo de Cunha na Câmara, diz Marcelo Odebrecht
- Renato Costa-25.fev.2016/FolhapressEduardo Cunha e Michel Temer, ambos do PMDB
Em depoimento à Justiça Federal nesta terça-feira (4), o ex-presidente da Odebrecht e delator Marcelo Odebrecht afirmou ter conhecimento de que o presidente Michel Temer (PMDB) fazia parte do grupo de aliados mais próximos dos ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Cunha e Alves são ex-deputados hoje investigados por fraudes na liberação de empréstimos do fundo de financiamento do FGTS, o FI-FGTS.
Marcelo foi ouvido em audiência como testemunha, convocado pela defesa do corretor Lúcio Funaro, na ação que acusa Cunha e Alves por um esquema de corrupção na gestão do fundo estatal.
"Cláudio [Melo Filho] dizia pra mim que Michel Temer fazia parte desse grupo", disse Marcelo, respondendo à pergunta de procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes sobre se o ex-executivo tinha conhecimento de quem integrava o grupo de Cunha e Eduardo Alves na Câmara.
Segundo Marcelo, ele obteve essa informação do ex-executivo Cláudio Melo Filho, responsável pelas relações da empreiteira com o mundo político de Brasília.
A denúncia contra Cunha e Alves teve como base as investigações da Operação Sepsis. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), entre os anos de 2011 e 2015, o então deputado Eduardo Cunha atuou em um esquema de cobrança de propina a empresas beneficiadas pela Caixa Econômica Federal e ao FI-FGTS.
O esquema teria contado com a participação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal que posteriormente assinou um acordo de delação premiada.
Além de deputado constituinte, Temer exerceu ainda outros cinco mandatos na Câmara dos Deputados entre 1993 e 2011.
No início de junho, a Justiça Federal expediu ordens de prisão contra Cunha e Alves com base nas investigações sobre o FI-FGTS.
Eduardo Cunha tem negado o envolvimento em qualquer prática ilegal. A reportagem do UOL não conseguiu entrar em contato com a defesa de Henrique Alves. Em nota, o Palácio do Planalto disse que "o presidente Michel Temer é do PMDB, assim como Eduardo Cunha. Pertencem ao mesmo grupo (partido) político."
Aécio diz que foi execrado por antecipação video aquiTucano elogiou ministro do STF, admitiu 'erro' e negou ter cometido crime
Aécio elogia ministro que o reconduziu ao Senado e diz que foi execrado por antecipação
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez na tarde desta terça-feira (04) seu primeiro discurso no plenário do Senado desde que retomou as funções de seu mandato, na semana passada, após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello. O tucano esteve afastado por 46 dias por determinação do ministro Edson Fachin, após ser acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Aécio entrou no plenário da Casa - praticamente vazio - por volta das 16h20. Ao chegar, foi cumprimentado por colegas governistas e da oposição. Depois, subiu à tribuna, mas teve seu discurso adiado em alguns minutos devido a um problema na campainha da Mesa Diretora, que disparou. Quando seu nome foi anunciado como o próximo orador, os senadores oposicionistas se retiraram do espaço.
Ao longo de seu discurso, que começou às 16h27 e terminou após 21 minutos, Aécio voltou a se dizer inocente das acusações que pesam sobre ele em inquérito aberto no STF. O senador criticou as gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, e chamou o executivo de "criminoso confesso", dizendo ser vítima de uma "armadilha engendrada".
"Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho afirmando ao longo das últimas longas semanas. Não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse e tampouco atuei para obstruir a ação da justiça. Fui vítima de uma armadilha engendrada por um criminoso confesso cujas penas ultrapassariam de mais de 2 mil anos de prisão", bradou o senador.
Repetindo frases ditas em vídeo publicado por ele na semana seguinte à abertura do inquérito, Aécio afirmou que "errou" por ter se deixado levar no que chamou de "trama ardilosa" e por permitir que seus familiares servissem de "massa de manobra". Referia-se às prisões da irmã, Andrea, e do primo, Frederico, que foram presos preventivamente por crime de corrupção passiva - ambos foram soltos por decisão do STF, mas estão sendo monitorados via tornozeleira eletrônica.
Sobre a acusação de obstrução de Justiça, Aécio classificou como "nada mais distante da realidade". Para Aécio, é preciso separar o que é crime "daquilo que não é" e condutas ilícitas de atividades políticas.
"O Brasil é testemunha das vezes em que, como presidente do PSDB, levantei minha voz em defesa da Operação Lava Jato. Jamais interferi em nenhum órgão envolvido nas investigações", defendeu-se, argumentando que os trechos em que foi gravado criticando o governo e defendendo a lei contra o abuso de autoridade apenas mostravam liberdade de expressão e seu exercício de parlamentar. "No dia em que não pudermos mais exercer o contraditório, teremos perdido o essencial: a liberdade que cada um tem de se expressar e exercer seus legítimos direitos".
Aécio também condenou a decisão do ministro Edson Fachin, sem citá-lo, de afastá-lo de suas funções parlamentares. "Foi o ilustre ministro Marco Aurélio que em sua decisão tratou de trazer luzes ao que diz a Constituição. Mostrar com clareza didática que medidas cautelares como o afastamento do mandato de um senador da República ou de um deputado federal representam grave violação de preceitos constitucionais", disse o senador, referindo-se à imunidade parlamentar prevista na Constituição.
O senador ainda se disse vítima de uma tentativa de execração pública, inclusive por parte de colegas. "Tentaram execrar-me junto à opinião pública. Fui vítima de julgamentos apressados, inclusive nesta Casa, por alguns poucos que parecem não se preocupar com a preservação dos direitos individuais. Mas não carrego mágoas nem ressentimentos. Olho para a frente. Trabalho para construir o futuro", discursou o tucano.
Na tribuna do Senado, Aécio também afirmou que o período longe do Congresso lhe trouxe "certa nostalgia" que fez relembrar os principais momentos de sua trajetória política. Citou entre eles sua participação nos movimentos pelas Diretas Já e na elaboração da Constituição de 1988, seu mandato como presidente da Câmara dos Deputados, sua atuação como presidente do PSDB e seus dois mandatos como governador de Minas Gerais.
Aécio garantiu retornar ao Senado com "absoluta serenidade" e aproveitou a oportunidade para defender as reformas propostas pelo Planalto, dizendo serem elas a razão do apoio do PSDB ao governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Antes de encerrar, o senador também elogiou a maneira como Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem presidido o partido durante sua ausência, chamando a condução do colega de "serena, equilibrada e democrática". Ao final do discurso, Aécio recebeu poucas palmas, mas foi cumprimentado por aliados.
Reação negativa da oposição
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC) afirmou que o ambiente no Senado após o discurso de Aécio é "constrangedor, não agradável". Para ele, a fala de Aécio não esclareceu pontos suspeitos, somente repetiu a decisão do ministro Marco Aurélio e acusou quem o delatou.
"Às vezes dá a impressão de que nós estamos errados e que o senador teve comportamento correto. Me parece que é isso. A impressão que fica é que o que apareceu na televisão, as gravações que foram vistas eram gravações diferentes. Uma que todos nós vimos e outra que foi relatada hoje no pronunciamento na tribuna", declarou Randolfe.
Decisão sobre presidência do PSDB adiada
Após mais de um mês fora, Aécio Neves chegou ao Senado nesta terça-feira por volta de 13h50 para participar da reunião da bancada tucana com o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O objetivo inicial do encontro era definir a situação de Aécio na legenda, da qual é presidente licenciado.
Segundo um senador do PSDB ouvido pelo UOL, no entanto, não se tomou nenhuma decisão sobre a volta do mineiro à presidência do partido. A avaliação é que é preciso esperar um pouco mais para ver como a articulação interna política do PSDB vai se desenrolar nos próximos dias.
Correntes do partido ligadas aos deputados e aos tucanos de São Paulo defendem o afastamento definitivo de Aécio da presidência do partido. Já o próprio senador quer ganhar tempo até passar a votação do recurso pedindo a cassação de seu mandato no Conselho de Ética do Senado e a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, na Câmara, para que a decisão seja tomada.
copiado https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/07/04/aecio-volta-ao-senado-apos-afastamento.htm
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