EUA eleva o tom e sancionam 13 funcionários venezuelanos


AFP / RONALDO SCHEMIDTA presidente do CNE, Tibisay Lucena
Os Estados Unidos elevaram o tom de voz nesta quarta-feira e anunciaram a adoção de sanções econômicas contra 13 funcionários atuais ou anteriores da Venezuela por "minar a democracia", participar de atos de violência e corrupção.
Trata-se do terceiro pacote de sanções aplicado por Washington contra venezuelanos: em fevereiro havia incluído o vice-presidente e um auxiliar, e em maio congelou bens de oito juízes do Tribunal Supremo de Justiça.
Mas estas sanções são reveladas a poucos dias da eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela, uma iniciativa impulsionada pelo governo de Nicolás Maduro e energicamente questionada pela Casa Branca, assim como pela oposição venezuelana e por vários governos europeus e latino-americanos.
Há uma semana, o presidente Donald Trump ameaçou com sanções "fortes e rápidas" no caso do governo de Caracas seguir em frente com a Constituinte.
De acordo com as normas que regem as as sanções americanas, as pessoas incluídas não poderão ter relações comerciais com cidadãos americanos, enquanto eventuais ativos ou bens que possuam nos Estados Unidos serão congelados.
O Departamento do Tesouro americano sancionou nesta quarta-feira quatro funcionários por se mobilizar "ativamente" a favor da Constituinte e "minar a democracia e os direitos humanos" na Venezuela.
Neste grupo estão o ministro da Educação, Elías Jaua; a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena; o defensor público, Tarek William Saab; e Iris Varela, integrante da comissão preparatória da Constituinte.
Em teleconferência, um funcionário do Tesouro enviou um alerta claro: "quem decidir se somar à Assembleia Constituinte estará minando as instituições e ficará exposto a possíveis sanções americanas".
Outros cinco chefes militares e policiais foram sancionados por sua relação com atos de repressão e violência.
São Néstor Reverol (ministro do Interior e Justiça), Carlos Pérez Ampueda (diretor da Polícia Nacional Bolivariana, PNB), Sergio Rivero (comandante-geral da PNB), Jesús Suárez (comandante da PNB) e Franklin García (ex-diretor da PNB).
Em junho, o general Reverol já havia sido objeto de uma moção de censura por parte da Assembleia Nacional venezuelana por sua responsabilidade na repressão.
Em agosto de 2016, Reverol foi denunciado em ausência pela Procuradoria federal do distrito do leste de Nova York por receber pagamentos de traficantes para ajudar a entrada de cocaína em território americano entre 2008 e 2010.
Outros quatro funcionários e ex-funcionários venezuelanos foram incluídos nesta quarta-feira no pacote de sanções por atos de corrupção.
Neste grupo estão Rocco Albissini (presidente do Centro de Comércio Exterior), Alejandro Fleming (vice-ministro da chancelaria para Europa), Simón Zerpa (vice-presidente financeiro da estatal Pdvsa) e Carlos Malpica (ex-tesoureiro da Pdvsa).
Ainda em teleconferência, um funcionário da Casa Branca afirmou que o governo de Trump não descarta anunciar novas sanções depois das eleições da Constituinte no domingo.
"Todas as opções estão na mesa", disse o funcionário, que deixou no ar eventuais sanções ao setor petroleiro, o motor da economia venezuelana.
Trump enviou a Caracas uma ameaça inequívoca: "se o governo de Maduro impuser a sua Assembleia Constituinte em 30 de julho, os Estados Unidos tomarão fortes e rápidas ações econômicas".

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