Carta aos pais e mães da besta fascista. A pressa em matar a vida civil e seus riscos

Carta aos pais e mães da besta fascista


Senhores ministros, desembargadores, juízes.
Senhores editores, comentaristas, jornalistas políticos.
Senhores donos e programadores de TV que encheram telas e alto-falantes do “mundo-cão” e dos brados de “senta o dedo”.
Apresento-lhes o seu filho, o fascismo.
Não é mais apenas o “bebê de Rosemary” que os ajudou a depor um governo eleito.
Ele já está andando sozinho na rua, pela mão de Jair Bolsonaro.
Leva porretes para bater nos “indesejáveis”.
Carrega capim em carroças para “dar” a eleitores nordestinos.
Já fala “direitinho” palavras como “esquerdopata” (porque ser de esquerda é doença), que as mulheres “não são higiênicas” se forem feministas, já diz que vai prender, bater, torturar, matar, metralhar.
Bate palmas para quem vilipendia uma morte, quebrando em público uma singela placa com o nome de uma mulher assassinada.
Sobretudo, já fez as pessoas   se tornarem adoradoras de um novo deus, pagão e mau, o “Mito”, que trocou a cruz do sacrifício pela pistola do exterminador.
Não neguem que este horror disforme que assola a sociedade seja seu filho. Em seu DNA está a intolerância, a ideia de que a sociedade se divide em homens e mulheres bons e homens e mulheres maus, e que a estes cabem, pela ordem, porrada, bala, lei e cadeia.
Os senhores transformaram a cela, a cadeia, a prisão nos ícones da realização da felicidade, em lugar da escola, do trabalho e fizeram do monstro o mito adorado.
Agora, o menino está a ponto de pegar a chave da casa.
E, lamento informar, virá cheio de apetite sobre os senhores.
Seu amiguinho fardado, a muito custo, está sendo contido.
– Espera, espera, depois a gente…
Pois é, esperem.
Porque não será outro o destino de vocês, diante da fome infinita de inimigos, o alimento envenenado que produzem em sua mente obcecada.
Se querem escapar, não usem o mimimi de que “todos são iguais”.
Os que vocês chamam de “iguais” a ele nunca fizeram apologia da morte, da discriminação, nunca tomaram bens de ninguém e nunca os impediram, infelizmente, de usarem o poder que têm, ainda que fosse para amalgamar o mal.
Ou é preciso alguém de fora, como o alemão (que aqui vive há seis anos), Philipp Lichterbeck , na Deutsche Welle?
Agora me pergunto por que 49 milhões de brasileiros se sentem representados por um homem que, em toda a sua vida, não fez muito mais do que passar 27 anos sentado no Parlamento, embolsando um tremendo salário. Nesse período, ele nunca se importou em ofender pessoas e falar grosso. Aí ele colocou os próprios filhos nesse negócio lucrativo que é ser político no Brasil. Também eles não se importam em ofender pessoas e espalhar o ódio. E essa família é ovacionada pelas massas. Como explicar isso para alguém de fora? O Brasil não queria ser um país sério?
Nós resistiremos, se preciso, a outra noite e contra ela vamos nos imolar em luz.
Vocês, porém, vão mergulhar no medo e na treva, rastejando diante do senhor que geraram e pariram.
Torçam por nós, mesmo nos odiando. Somos a última defesa que vocês possuem.



A pressa em matar a vida civil e seus riscos


A autora da frase poso citar porque não corre o risco de ser chamada de “esquerdopata”: Dona Maria Maluf, que muitos anos atrás, disse que “não se depena a galinha ainda viva”.
O coronel civil da campanha de Jair Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebiano adiante hoje a O Globo o “ministério” de um futuro governo – que não se ganhou ainda – no qual, além dele próprio, haverá “quatro ou cinco generais”  entre as 15 pastas a que o candidato pretende reduzir a administração.
Nada contra os generais, que vão se somar ao general-vice Hamilton Mourão. E, numa absoluta inversão hierárquica, o “capitão-presidente”
Embora todos, na reserva, estejam no direito de serem nomeados, é claro que, na prática, isso dará – aqui e no mundo – a feição militar ao governo assim estrelado.
E lançará, sobre uma instituição permanente do país, de novo o perigo da politização, cuja natureza é, por definição, transitória.
Nada poderia ter efeito mais deletério para as Forças Armadas.
De cara, abrirá um terreno de ambições e ressentimento entre as Armas,  pois nem a Marinha nem a Força Aérea se sentirão representadas no arranjo político, até porque a incorporação do tenente-coronel Marcos Pontes que, depois que voltou do espaço deixou a Aeronáutica e dedicou-se a uma agência de “turismo de aventura”,que vende pacotes para vôos  em caças, mergulhos de submarino e experiência de pilotar carros de Fórmula 1.
Sem demérito para o ex-astronauta, bem pouco para cuidar de projetos estratégicos, como a energia nuclear, sistemas de defesa eletrônicos e tudo o mais da tecnologia bélica sem a qual tropas viram apenas patinhos de tiro ao alvo, o que, é claro, ninguém deseja para os militares brasileiros.
Em segundo lugar, cria ambições de ocupar, pela condição de ex-militar, cargos na administração e na iniciativa privada e acende, dentro dos quartéis, a luz venenosa do “amiguismo” e do tráfico de influência. Afinal, tudo se torna “território a ser ocupado”,  passo natural e seguinte à conquista do espaço.
A geração de oficiais superiores é, hoje, quase toda posterior aos tempos dos governos militares pós-1964, exceção feita a alguns generais de máxima graduação, muito jovens ainda em 1985, marco final do regime. Sabem mais dos gritos de combate  do que dos gemidos de dor e dos sussurros impublicáveis.
Foram necessárias décadas de afastamento da política  para recuperar a imagem das Forças Armadas. Que, infelizmente, está sendo de novo amarrada ao um projeto político, com todos os riscos que isso traz.
copiado  http://www.tijolaco.com.br/blog/

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