Indonésia determina enterros em massa após terremoto e tsunami
AFP / JEWEL SAMAD
Um barco e vários edifícios destruídos em Palu (Indonésia) em 28 de setembro de 2018
Voluntários indonésios cavavam nesta segunda-feira uma
fossa comum para enterrar as centenas de vítimas do terremoto e do
tsunami que atingiram a ilha Célebes, ao mesmo tempo que as equipes de
emergência tentavam encontrar sobreviventes nos escombros. Diante da magnitude da catástrofe, que deixou pelo menos 844 mortos, segundo o balanço atualizado divulgado nesta segunda-feira pela Agência de Gestão de Desastres, o governo da Indonésia pediu ajuda internacional.
Dezenas de agências humanitárias e ONGs ofereceram ajuda ao país, mas o envio de material à região é muito complicado: estradas estão bloqueadas e os aeroportos muito danificados.
"Não temos muita comida. Só conseguimos pegar o que estava em casa. E precisamos de água potável", disse à AFP Samsinar Zaid Moga, uma moradora de 46 anos de Palu.
"O mais importante são as barracas, porque choveu e há muitas crianças aqui", afirmou sua irmã, Siti Damra.
AFP / ADEK BERRY
Homem observa os escombros de uma mesquita em Palu
A ONG Oxfam prevê o envio de ajuda a, potencialmente,
100.000 pessoas, com alimentos instantâneos, equipamentos de purificação
de água e barracas, anunciou Ancilla Bere, diretora da organização na
Indonésia. "Mas o aceso é um grande problema", destacou o diretor do programa Save The Children, Tom Howells. "As organizações de ajuda e as autoridades locais se esforçam para chegar a várias comunidades ao redor de Donggala, onde acreditamos que há grandes danos materiais e a possível perda de vidas humanas em grande escala", explicou.
O presidente indonésio Joko Widodo autorizou a ajuda internacional de emergência e as autoridades declararam estado de emergência de 14 dias.
A maior parte das vítimas foi registrada em Palu, cidade de 350.000 habitantes na costa oeste da ilha Célebes, segundo a Agência de Gestão de Desastres.
Em Poboya, na colinas que cercam Palu, voluntários começaram a enterrar as vítimas em uma gigantesca fossa comum, com capacidade para 1.300 corpos.
Três caminhões lotados de cadáveres chegaram ao local. Os corpos foram colocados, um por um, na fossa e cobertos com terra.
Em um primeiro momento, as autoridades reuniram os corpos em necrotérios improvisados para poder identificá-los, ma ante o risgo sanitário, decidiram organizar enterros em massa.
Em Balaroa, bairro da periferia de Palu com uma zona residencial, os danos foram catastróficos. A área se transformou em um terreno baldio coberto por árvores derrubadas, blocos de cimento, pedaços de telhado e móveis destruídos.
Em um cenário de devastação, as equipes de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e retirá-los dos escombros.
Nesta segunda-feira, as equipes trabalhavam entre os destroços do hotel Roa Roa, onde as autoridades acreditam que entre 50 e 60 pessoas podem ter sido sepultadas. Até o momento, duas pessoas foram resgatadas com vida no local, segundo uma fonte oficial.
Muitos moradores procuram os parentes desaparecidos nos hospitais ou necrotérios improvisados.
- Fuga de mais de mil detentos -
Fontes do governo local informaram que 1.200 detentos escaparam de três prisões da região.
Em um centro de detenção de Palu, construído para receber 120 pessoas, vários dos 581 detentos fugiram quando os muros desabaram. Na prisão de Donggala aconteceu um incêndio, ao que parece provocado pelos próprios prisioneiros, e os 343 detidos escaparam do local.
"Se assustaram quando souberam que o terremoto havia sacudido fortemente Donggala", afirmou Sri Puguh Utami, funcionária do ministério da Justiça.
"Os diretores da prisão negociaram com os detentos para permitir que se informassem sobre a situação de suas famílias. Mas alguns não tiveram paciência e colocaram fogo no local".
As autoridades anunciaram que 71 estrangeiros estavam em Palu no momento do terremoto, a maioria deles já localizados e em processo de retorno a seus países.
A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países do mundo mais propensos a sofrer desastres naturais.
O terremoto de sexta-feira, de 7,5 graus de magnitude, f oi mais potente que os tremores que deixaram mais de 500 mortos e 1.500 feridos na ilha indonésia de Lombok em agosto
Balanço de terremoto e tsunami na Indonésia supera 800 mortos
AFP / BAY ISMOYO
Indonésios carregam
corpos de parentes para uma zona habilitada perto de um hospital em
Palu, na ilha indonésia Célebes, após o terremoto e tsunami
O número de mortos no terremoto e tsunami que atingiram
na sexta-feira a ilha indonésia de Célebes subiu para 832 neste
domingo, depois que os serviços de emergência encontraram mais corpos
entre os escombros na cidade devastada de Palu."Ao meio-dia (hora local) de hoje temos 832 mortos", anunciou o porta-voz da Agência de Gestão de Desastres, Sutopo Purwo Nugroho.
Os enterros estavam programados para começar neste domingo, para evitar a propagação de doenças, indicou Purwo Nugroho.
"É muito duro", afirmou à AFP Risa Kusuma, de 35 anos, que estava com o filho febril em um centro para desabrigados de Palu.
"A ambulância traz mais corpos a cada minuto. Não temos água e as lojas são saqueadas", disse.
A maior parte das vítimas foi registrada em Palu, cidade de 350.000 habitantes na costa oeste da ilha Célebes, segundo a Agência de Gestão de Desastres. Mas as autoridades e diversas ONGs também estão preocupadas com a situação na região de Donggala, mais ao norte.
O diretor do programa de Save The Children, Tom Howells, destacou que o acesso às zonas afetadas é um grande problema que dificulta os resgates.
"As organizações de ajuda e as autoridades locais se esforçam para alcançar várias comunidades ao redor de Donggala, onde tememos grandes danos materiais e a possível perda de vidas humanas em grande escala", declarou Howells.
AFP / MUHAMMAD RIFKI
Mulher ferida aguarda atendimento em hospital improvisado em Palu, Indonésia
Os hospitais não conseguem receber todas as vítimas e
muitos feridos recebem atendimento ao ar livre. Alguns estabelecimentos
sofreram muitos danos com o terremoto. Aviões com material e alimentos começaram a chegar à cidade.
As autoridades anunciaram que 71 estrangeiros estavam em Palu no momento do terremoto, a maioria deles já localizados.
- Sobrevivente entre os escombros -
As equipes de emergência procuravam sobreviventes entre os escombros de um hotel, que tinha capacidade para 150 hóspedes, e de um centro comercial que desabou com o tremor.
"Conseguimos retirar uma mulher viva dos escombros do hotel Roa-Roa na noite passada", afirmou à AFP Muhamad Syaugi, o comandante do serviço de emergência.
"E ouvimos pessoas pedindo ajuda".
O presidente indonésio, Joko Widodo, desembarcou em Palu neste domingo.
"Peço que se preparem para trabalhar dia e noite e iniciar o processo de evacuação", afirmou às tropas mobilizadas para ajudar nas buscas.
O terremoto de 7,5 graus de magnitude sacudiu a ilha Célebes na sexta-feira e provocou uma onda gigante na área de Palu, que arrastou carros, árvores e postes de energia elétrica, além de ter destruído vários imóveis.
Muitos moradores da cidade dormiram em campos de futebol ou abrigos improvisados, construídos com bambu, por temor de tremores secundários.
Após a catástrofe, as pessoas procuram sobretudo comida e um local de refúgio. Moradores formaram longas filas para receber água potável e macarrão instantâneo.
O terremoto foi mais potente que os tremores que deixaram mais de 500 mortos e 1.500 feridos na ilha indonésia de Lombok em agosto.
A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países do mundo mais propensos a sofrer desastres naturais.
Em 26 de dezembro de 2004, a Indonésia sofreu uma série de terremotos devastadores, um deles de magnitude 9,1, na ilha de Sumatra. Este tremor motivou um grande tsunami que provocou a morte de 220.000 pessoas na região, 168.000 delas na Indonésia.
Em 2006, quase 6.000 pessoas morreram em um violento sismo que atingiu a ilha de Java.
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