Guedes ameaça deixar ministério se Congresso aprovar “reforminha” da Previdência, diz revista
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que renunciará ao cargo caso a reforma da Previdência que vier a ser aprovada pelo Congresso vire uma "reforminha". A declaração foi dada em entrevista publicada no site da revista Veja nesta sexta-feira (24), em que o chefe da pasta alerta para o risco do país quebrar já no ano que vem sem a aprovação da proposta.
"Pego um avião e vou morar lá fora. Já tenho idade para me aposentar. Se não fizermos a reforma, o Brasil pega fogo. Vai ser o caos no setor público, tanto no governo federal como nos estados e municípios", afirmou o ministro conforme a Veja.
A expectativa do governo é que a reforma, nos moldes como foi enviada ao Congresso, gere uma economia de R$ 1,2 trilhão em 10 anos. Porém, há movimentações para alterar trechos do texto e desidratar pontos que podem reduzir essa reserva. Alguns grupos falam em aprovar uma proposta de emenda à Constituição que permita economizar, numa década, R$ 600 milhões.
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Na entrevista à revista, Guedes destacou uma margem de negociação com os congressistas, podendo chegar a R$ 800 milhões.
Essa não é a primeira vez que Guedes sinaliza que pode deixar o cargo caso a agenda econômica não seja prioridade no governo. Ele tem se aproximado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tentado uma interlocução cada vez maior com o Congresso para auxiliar no andamento de suas pautas.
Tramitação
A PEC da reforma da Previdência está neste momento na comissão especial formada para analisá-la. Entre os pontos polêmicos que podem sair do texto e causarão impacto na economia desejada estão o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria rural. Há discussões também sobre o aumento da idade mínima para professores e outras categorias.
O relator do texto no colegiado, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), deve apresentar seu relatório até meados de junho e a votação pode ocorrer até o início de julho. Então, a PEC seguirá para análise do plenário da Câmara.
Embora integrantes do governo insistam em dizer publicamente que ainda é possível aprovar a Previdência no primeiro semestre no Congresso, os parlamentares já admitem que não será há tempo hábil mais para analisar o texto no plenário da Câmara em dois turnos antes de agosto.
Após os deputados, a PEC ainda precisa do aval dos senadores. No Senado, ela também passará por dois turnos de votação no plenário.
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