Risco em Barão de Cocais é maior que o informado pela Vale, diz Ministério Público
Justiça determina multa de R$ 300 mi caso não haja novo estudo em 72 horas
A Vale não informou às autoridades sobre a movimentação de um talude da cava norte do complexo minerário localizado acima da mina de Gongo Soco, o que poderia provocar o despejo de toda a represa e dos rejeitos de minério de ferro na comunidade de Barão de Cocais, de acordo com o Ministério Público de Minas Gerais.
Em um documento da Vale divulgado por meio da Promotoria de Minas Gerais na quinta (16), a mineradora estima que somente a barragem Sul Superior de Gongo Soco corre risco de rompimento entre os dias 19 e 25 de maio. Segundo a empresa, foi identificada uma deformação no talude (encosta que garante estabilidade) na cava da mina, que fica a cerca de 100 km de Belo Horizonte.
Além disso, segundo o Ministério Público, o estudo fornecido pela mineradora não contempla os impactos na mancha de inundação para o caso do rompimento de toda estrutura. Sendo assim, a quantidade de material e a força da avalanche de rejeitos terá proporções muito maiores do que apresentado pela mineradora.
A juíza do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Fernanda Chaves Carreira Machado, da comarca de Barão de Cocais, determinou multa de R$ 300 milhões caso a mineradora não apresente em até 72 horas um novo estudo com a atualização dos impactos do rompimento completo do talude norte e sul da barragem de Gongo Soco, incluindo novas rotas de fuga e pontos de encontro.
A empresa deve, também, fazer nova implantação de sinalização de campo e de sistema de alerta e traçar novas estratégias para evacuação e resgate da população, comunicação, adequação de estrutura lógica, resgate e cuidado dos animais e de bens culturais da comunidade de Barão de Cocais.
Procurada pela Folha, a Vale diz que já apresentou o relatório mais atualizado de dam break —vazamento completo– da barragem Sul Superior, explicando naquela oportunidade a adequação dos critérios técnicos. Segundo eles, a mineradora não foi intimada de qualquer decisão quanto a eventual descumprimento da decisão liminar.
OUTRO LADO
Na quinta-feira, a Vale afirmou por meio de nota que “não há elementos técnicos até o momento para se afirmar que o eventual escorregamento do talude Norte da Cava da Mina Gongo Soco desencadeará gatilho para a ruptura da Barragem Sul Superior. Mesmo assim, a Vale está reforçando o nível de alerta e prontidão para o caso extremo de rompimento”. A cava da mina Gongo Soco está paralisada desde 2016.
Após decisão do Ministério Público, em nota, a mineradora informou que "de acordo com os dados atuais de monitoramento pelo radar instalado na cava, existe a possibilidade de deslizamento do talude norte, que está localizada a 1,5 km da barragem Sul Superior. O monitoramento via radar e estação robótica nesta estrutura, porém, não traz evidência de processo de deformações na barragem".
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