MBL e Vem pra Rua não apoiam manifestações de domingo a favor do governo Bolsonaro

MBL e Vem pra Rua não apoiam manifestações de domingo a favor do governo Bolsonaro

Protagonistas das manifestações populares que apoiaram a impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua não devem comparecer e nem apoiar as manifestações a favor do governo Bolsonaro convocadas para o próximo domingo (26).
Líder nacional e porta-voz do movimento Vem Pra Rua, Adelaide de Oliveira destaca que os atos tomaram "um caráter bastante personalista a favor do presidente". "Somos suprapartidários. Não defendemos partidos, nem políticos, nem governos. Apoiamos ideias. Apoiamos a Previdência. Apoiamos o pacote anticrime. Então preferimos o distanciamento para não ser confundido com apoio político".
Ela conta que o VPR tem um plano de ação em apoio à reforma da Previdência e acredita, primeiro, na conscientização das pessoas, em seguida no engajamento, para só depois partir para as ruas. "Isso quando a proposta estiver na votação no plenário. Nesse momento achamos muito mais interessante pressão em cima dos deputados nas comissões, corpo a corpo", explicou Adelaide.
Apesar da decisão nacional de não apoiar as manifestações de domingo, porém, o Vem Pra Rua de algumas cidades decidiu que vai para os atos. "Mas deixando claro o apoio às nossas pautas: Previdência e pacote anticrime", frisou a líder do movimento VPR.
Para o advogado Rubinho Nunes, coordenador nacional do MBL, a mobilização popular neste momento pode atrapalhar o andamento da reforma da Previdência e o governo pode sair enfraquecido.
“A gente está focado em apoiar e fazer o possível para aprovar a reforma da Previdência, porque sem ela o país não anda. A gente não é governista, não temos cargos, apoiamos pautas que são importantes, como a Previdência, que é pauta muito cara para a gente e o MBL defende desde 2017. Nós apoiamos o ministro Paulo Guedes”, afirmou ao Congresso em Foco.
Quem vai pra rua
O Avança Brasil foi fundado em 2015 e também atuou durante o impeachment de Dilma Rousseff. Além disso, se compromete com apoio incondicional à Operação Lava Jato. Olavo de Carvalho, filósofo apontado como mentor intelectual da família Bolsonaro, consta na lista do conselho de administração do grupo.
Quem também está convocando ativamente as manifestações pelas redes sociais é o empresário Luciano Hang, da Havan.

Durante as eleições de 2018, Hang foi multado  em R$ 10 mil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ter contratado irregularmente o impulsionamento de propaganda eleitoral a favor de Jair Bolsonaro no Facebook. Além disso, o empresário é acusado pelo Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina de ter constrangido funcionários de suas empresas a votar em Bolsonaro, ameaçando-os de demissão em caso de derrota.
O presidente começou a semana sinalizando a intenção de participar das manifestações, de acordo com interlocutores. No fim de semana, os atos chegaram a ser motivo de bate-boca entre aliados seus nas redes sociais. 
Após um racha entre aliados, que veem com preocupação qualquer apoio de Bolsonaro aos movimentos de rua, o portal-voz do governo anunciou, na terça (21), que ele não deve participar das manifestações. “Ele [Bolsonaro] entende que a sua posição de chefe do Poder Executivo não pode ser mesclada com essa atividade do domingo, que vem alinhar-se com as demandas que a sociedade vem declarando ao longo da semana e mesmo da semana passada. O presidente quer deixar claro o entendimento da importância desse evento, não obstante não quer colocar-se diretamente inserido nesse contexto e tampouco gostaria que os seus ministros o fizessem”, declarou para a imprensa.
Nesta quinta-feira (23), em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, o presidente comentou a mobilização e desencorajou a participação dos grupos que pedem o fechamento do Supremo Tribunal Federal. Parte do eleitorado que ajudou a elegê-lo costuma defender, além dessa bandeira, o retorno da ditadura militar e o fechamento do Congresso.
As manifestações a favor do governo começaram a ser articuladas e convocadas após os protestos de 15 de maio, quando milhares de pessoas foram às ruas em todas as capitais do país contra o contingenciamento, promovido pelo Ministério da Educação, do orçamento das universidades e da educação básica.

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