Boeing conclui atualização do sistema de estabilização do 737 MAX. Fracassa negociação sobre o Brexit e May se vê mais perto da demissão


Boeing conclui atualização do sistema de estabilização do 737 MAX

AFP/Arquivos / Jason RedmondFuncionários da Boeing montando um 737 MAX na fábrica em Renton, Washington, em 27 de março de 2019.
A Boeing anunciou nesta quinta-feira que concluiu a atualização do sistema de estabilização MCAS do seu modelo 737 MAX, suspeito de ter causado dois acidentes que mataram 346 pessoas, assim como as mudanças requeridas no treinamento dos pilotos.
"Completamos todos os voos de teste de engenharia para a atualização do software e agora nos preparamos para o voo de certificação final", declarou o presidente da companhia, Dennis Muilenburg.
As atualizações no dispositivo de cada avião exigirão entre uma e duas horas, destacou um porta-voz da Boeing.
Além da atualização do software, há mudanças no treinamento dos pilotos, incluindo no simulador de voo.
A notícia é um passo importante para a volta ao serviço dos 737 MAX, em terra desde meados de março, após os acidentes com os aparelhos da indonésia Lion Air e da Ethiopian Airlines.
Os investidores reagiram ao anúncio provocando um salto na ação da Boeing, já que o 737 MAX é o motor de vendas do grupo de Chicago.
Segundo a Boeing, foram realizados 207 testes de voo durante um total de mais de 360 horas com o 737 MAX modificado. As alterações também foram testadas em simulador.
O último ponto é importante porque países como Canadá exigem a capacitação dos pilotos em simulador, enquanto a Agência Federal de Aviação americana (FAA) recomenda apenas testes de iPad.
A Boeing destacou ter apresentado todos os elementos de capacitação de pilotos às autoridades de aviação civil de diversos países, assim como aos clientes das empresas aéreas.
O grupo aguarda agora a decisão da FAA para a realização do voo de teste de certificação das alterações do 737 MAX.
A FAA, cuja credibilidade foi questionada pela crise do 737 MAX, ainda não fixou a data para o voo de teste e quer assegurar que todos os elementos apresentados pela Boeing estejam dentro dos requisitos, revelou nesta quinta-feira à AFP uma fonte interna.
Daniel Elwell, chefe interino da FAA, declarou na véspera que o voo pode ocorrer na "próxima semana" ou alguns dias mais tarde.

Fracassa negociação sobre o Brexit e May se vê mais perto da demissão

POOL/AFP / TOBY MELVILLEPrimeira-ministra britânica, Theresa May, em Bristol, em 17 de maio
As negociações entre o governo e a oposição para encontrar uma saída ao bloqueio do Brexit se romperam nesta sexta-feira (17), empurrando um pouco mais para a saída a primeira-ministra Theresa May, já pressionada por seu próprio partido.
As discussões "foram o mais longe possível", anunciou o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, atribuindo o fracasso à "crescente fraqueza e instabilidade" do Executivo.
Iniciados no início de abril, esses contatos tinham como objetivo encontrar um acordo sobre o Brexit que pudesse obter o apoio da maioria parlamentar. Desde janeiro, a Casa rejeitou três vezes o texto assinado pela primeira-ministra em novembro com seus 27 parceiros europeus.
Segundo Corbyn, porém, nas últimas semanas, "a posição do governo se tornou cada vez mais instável, e sua autoridade foi corroída", minando a "confiança na capacidade do Executivo de chegar a um acordo".
"Muitas vezes, as propostas de sua equipe de negociação foram publicamente contraditas por declarações de outros membros do gabinete", disse ele, enfatizando que tudo isso ocorria enquanto o Partido Conservador avançava no processo de seleção de um novo líder.
May prometeu aos conservadores mais eurocéticos que deixaria o cargo assim que conseguisse a aprovação do acordo negociado com Bruxelas. Ela chegou ao poder em 2016, após a renúncia de David Cameron em razão da vitória do Brexit no referendo.
Os eurocéticos consideram que a primeira-ministra fez concessões inaceitáveis à União Europeia durante os dois anos de negociações e não querem que ela continue no comando para a segunda, e mais importante, etapa do Brexit: o acordo sobre a futura relação entre ambas as partes.
Nos últimos dias, ficou claro, contudo, que o acordo de May pode falhar novamente em uma quarta votação, marcada para o início de junho na Câmara dos Comuns.
E, temendo a permanência da primeira-ministra, os deputados conservadores pediram na quinta-feira que ela estabeleça uma data clara para sua partida, independentemente do resultado da votação parlamentar.
- "Com lágrimas nos olhos" -
Depois dessa votação, explicou Graham Brady - responsável pela organização do grupo parlamentar conservador -, "ela e eu nos encontraremos novamente para chegar a um acordo sobre o cronograma para a eleição de um novo líder partidário".
"E isso vai acontecer independentemente do resultado da nova votação", ressaltou.
"Os homens de cinza disseram a uma Theresa May com lágrimas nos olhos que seu tempo acabou", resumiu nesta sexta o jornal conservador "Daily Telegraph".
"Na prática, isso significa que Theresa May partirá no final de julho, o mais tardar, para permitir que o partido eleja um novo líder a tempo de sua assembleia geral em setembro", apontou o jornal, prevendo "uma luta" pelo poder que causará enormes divisões internas.
Enquanto May se reunia com Brady, o controverso ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, um fervoroso defensor do Brexit e um dos principais rivais de May dentro de sua própria formação, anunciou publicamente que seria um candidato para o cargo de primeiro-ministro.
Após o referendo de junho de 2016, em que 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, o Reino Unido deveria ter deixado a UE em 29 de março.
A repetida rejeição do Parlamento ao acordo de divórcio com Bruxelas levou May a pedir um adiamento "flexível" do Brexit, até 31 de outubro. O país pode deixar o bloco mais cedo se encontrar uma solução para o bloqueio.


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