O ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Rio de Janeiro começou antes de 10h na praia de Copacabana, na zona sul, e terminou por volta das 13h30. Após gritos de "Olavo, o Brasil te ama", o protesto foi encerrado com o Hino Nacional. Os organizadores pediram para os manifestantes se manterem ativos nas redes sociais, dando continuidade à mobilização.
Com vários trios elétricos instalados entre os postos 4 e 5 da orla, o cenário lembrava o clima eleitoral, inclusive com as músicas usadas na campanha, o hino nacional e muitos gritos de "mito" e "meu capitão". Grande parte dos manifestantes usava roupas e carregava bandeiras nas cores verde e amarelo.
Segundo os organizadores do evento, foram mais de 1 milhão de participantes. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público. A reportagem contou pessoas ao longo de sete quarteirões da orla, com alguns pontos mais cheios e outros, nem tanto.
O protesto ainda teve avião passando com faixa de "mito" e um guindaste com a bandeira brasileira.
Pauta diversificada
Além de demonstrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Justiça, Sergio Moro, os participantes também defenderam pautas como a reforma da Previdência e o pacote anticrime, e criticaram parlamentares e membros do Judiciário.
Também houve gente pedindo a saída do prefeito do Rio de Janeiro, Marcello Crivella, e o fim do exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Os trios também reuniram religiosos. Em um deles, a deputada federal Chris Tonietto (PSL) puxou a oração do rosário e falou contra o aborto. Em outro, evangélicos rezaram o "Pai Nosso", pedindo a libertação do país dos "inimigos".
Contra a 'velha política'
"Pela nova Previdência, o pacote anticrime, a aprovação da MP 870, que é a reforma administrativa, e a instalação da CPI antitoga no Senado", disse ao UOL Davy Albuquerque, um dos fundadores do Movimento Brasil Conservador, um dos organizadores do protesto. "Repudiar toda a velha política que está sendo feita pelo Centrão." Segundo ele, o ato custou R$ 12 mil, vindos de doações.
A estudante de Pedagogia Aline Ribeiro defendeu que os congressistas precisam ouvir a pressão popular. "O povo tem o direito de tomar conta do que é dele", declarou.
'Pixuleco' do Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), ganhou um lugar de destaque na manifestação. Ao lado do boneco inflável do ex-presidente Lula vestido de presidiário, apelidado de 'pixuleco', foi colocado outro do parlamentar, segurando um saco de dinheiro.
No trio elétrico ao lado, gritos de "Fora Maia", alvo dos manifestantes junto com parlamentares de outros partidos do Centrão e esquerda, além do Movimento Brasil Livre (MBL).
Paraquedistas viram atração
Um grupo de paraquedistas da reserva chamou atenção e virou atração para fotos ao chegar cantando.
"O nosso quadro político não anda bem, e o nosso presidente, juntamente com nossos generais, estão sozinhos. A gente está aqui para dar essa força", disse o paraquedista da reserva Roberto Vaz.
Ambulantes também aproveitaram para lucrar. Desempregado, o cozinheiro Diego Pedro vendia camisetas e fitas de Jair Bolsonaro, em quem votou. "Apoiar também porque ele nem começou a governar e já estão fazendo baderna, pedindo impeachment", opinou.
Possíveis impactos para o governo
As manifestações podem servir de termômetro do apoio a um governo que recebeu a pior avaliação para um começo de mandato nos últimos 24 anos e foi alvo de uma grande mobilização da oposição em seu quinto mês de vida, motivada pelos cortes nas universidades públicas.
O domingo também deixa no ar a expectativa sobre a reação da classe política ao que acontecerá nas ruas, já que a mobilização dos militantes pró-Bolsonaro tem como pano de fundo a turbulenta relação entre Executivo e Legislativo.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste mês que o Congresso aprova a nova Previdência "com o governo ajudando ou atrapalhando". Bolsonaro, por sua vez, endossou dois dias depois uma carta em que o Brasil é descrito como "ingovernável" fora de "conchavos", em discurso de tom bastante similar ao adotado pela militância que promete apoiá-lo hoje.
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