Prisão de militar com drogas Carlos Bolsonaro ataca general Heleno e cria novo atrito com militares

Carlos Bolsonaro ataca general Heleno e cria novo atrito com militares

Filho do presidente faz ilações sobre falha do GSI no episódio do voo com cocaína

            Prisão de militar com drogas

Carlos Bolsonaro ataca general Heleno e cria
novo atrito com militares


Igor Gielow
 1º.jul.2019 às 19h28
disputa interna de poder no governo Jair Bolsonaro (PSL) ganhou novo capítulo nesta segunda (1º), com um ataque indireto do filho presidencial Carlos contra o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno - Adriano Machado - 30.abr.2019/Reuters
Como nos outros episódios em que pontificou ofensiva da ala autoproclamada ideológica do governo contra os militares que cercam o pai, o vereador carioca iniciou a carga com uma mensagem algo cifrada na rede social Twitter.
Carlos fez o comentário em uma página bolsonarista, a @snapnaro. Ela havia postado um vídeo de uma pessoa que se identifica como jornalista acusando o GSI e a FAB (Força Aérea Brasileira) como cúmplices do sargento Manoel Silva Rodrigues.
O militar foi preso na semana passada na Espanha com 39 kg de cocaína no avião a serviço da Presidência que levava uma equipe precursora da comitiva que acompanhou Bolsonaro à reunião do G20, no Japão. O episódio virou vexame mundial, e Heleno o classificou de "azar".
Carlos então comenta: "Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem (sic) ser até homens bem intencionados e acredito que seja, mas estão subordinados a algo que não acredito. Tenho gritado em vão há meses internamente e infelizmente sou ignorado".
 
O site bolsonarista ataca diretamente Heleno, dizendo que "a culpa é dele", replicando o que assessores palacianos haviam dito quando o caso estourou. O general chegou a responder, dizendo que a responsabilidade pelas revistas de aeronaves era da FAB.
Carlos não chega a tanto, e nem é preciso. O vídeo replicado traz uma teoria conspiratória usual entre os apoiadores mais radicais do presidente: de que os militares em torno dele são influenciados pelo Foro de São Paulo, a entidade que reúne partidos de esquerda na América Latina.
O Foro é um dos alvos preferenciais de Olavo de Carvalho, escritor radicados nos EUA que influencia toda a ala ideológica do governo e acredita em uma conspiração marxista mundial. O seguem no governo os filhos de Bolsonaro, em especial Carlos e o deputado federal Eduardo, e os ministros Ernesto Araújo (Itamaraty) e Abraham Weintraub (Educação).
Quando a postagem começou a circular, militares de alta patente da ativa se manifestaram em grupos de WhatsApp, criticando duramente Carlos. Alguns defendiam um maior afastamento do governo Bolsonaro, o que já vem ocorrendo devido ao que consideram tratamento injusto das Forças pelo presidente. Entre os generais da reserva no governo, houve silêncio.
Os olavistas estão em alta. O presidente rearranjou as forças internas no Planalto nas últimas semanas, retirando dois generais ligados a Heleno de cargos importantes: Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido da Secretaria de Governo, e Floriano Peixoto, rebaixado da Secretaria-Geral para os Correios.
Santos Cruz foi alvo de campanha aberta de Olavo. O Exército reagiu, escalando seu ex-comandante Eduardo Villas Bôas para rebatê-lo com dureza —só que Bolsonaro pôs panos quentes, defendeu o escritor e por fim demitiu o general. Villas Bôas é assessor de Heleno.
Desde então, crescem os rumores de que o general do GSI seria o próximo alvo da ala olavista. Até como forma de confrontar os boatos, Bolsonaro o levou para a viagem ao Japão. Sua posição como principal conselheiro do presidente, contudo, já está abalada há algum tempo.
No domingo (30), contudo, Heleno foi o único ministro do governo a subir em palanque no ato de desagravo ao ministro Sergio Moro (Justiça) e em favor da agenda de Bolsonaro. E o fez ao lado de Eduardo Bolsonaro, o que levantou a dúvida entre alguns militares sobre a natureza do ataque de Carlos.
O vereador é considerável mercurial. Teve uma relação difícil com o pai, que o obrigou a disputar ainda adolescente uma eleição para barrar a mãe na Câmara do Rio. Reaproximaram-se e Carlos assumiu a estratégia digital do presidente bem antes da campanha de 2018, e é o filho de Bolsonaro com maior influência sobre o pai.

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