Revisões do PIB indicam que Brasil não consegue crescer nem 2% Para economistas, retomada segue lenta em 2020, 4 anos após fim da recessão



Revisões do PIB indicam que Brasil não consegue crescer nem 2%

Para economistas, retomada segue lenta em 2020, 4 anos após fim da recessão

 conomistas de importantes bancos e consultorias têm revisado suas projeções de crescimento para níveis inferiores a 2% em 2020. Se esse cenário se concretizar, será o quarto ano seguido em que o Brasil terá expansão abaixo dessa marca.
O quadro é agravado pelo fato de que, anteriormente, o país havia vivido um triênio de recessão, caracterizado por expansão muito fraca, de 0,5%, em 2014, e quedas superiores a 3% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2015 e 2016.
Fatores como desaceleração da economia global, crise política e econômica na Argentina e um nível muito baixo de investimentos no Brasil têm contribuído para a reavaliação do cenário para 2020.
Nesta sexta-feira (6), por exemplo, o Bradesco anunciou mudanças em suas previsões. Embora tenha mantido a estimativa de um crescimento anêmico, de apenas 0,8% em 2019, o banco reduziu de 2,2% para 1,9% o número esperado para o próximo ano.
“A mudança é ligada principalmente ao cenário externo, que tem incerteza política, além da comercial”, diz Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe da instituição.
“O Brasil é muito ligado aos ciclos da economia global. Embora a nossa economia seja bastante fechada, a nossa indústria é mais aberta”, afirma.
O contexto de fraco crescimento global, com risco de recessão em alguns países ricos, foi agravado nos últimos meses pelo aumento da temperatura da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Todas as instituições que revisaram seus números de crescimento em 2020 ressaltaram esse aspecto como crucial para o ajuste em seus cenários.
Foram os casos do banco suíço UBS —que cortou sua previsão de expansão no próximo ano de 2,2% para 1,5%— e das consultorias MB Associados e Tendências, que mudaram suas projeções de 2% para, respectivamente, 1,6% e 1,8%.
O Itaú Unibanco também espera crescimento baixo, de 1,7% em 2020, mas já havia ajustado seu cenário em meados de junho, quando abandonou a expectativa anterior de 2%.
“Nos últimos meses, ficou mais claro quão adverso é o cenário de guerra comercial e agravamento da crise argentina para os países emergentes”, diz Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria.
disputa entre Estados Unidos e China inicialmente favorece o Brasil com aumento das exportações, mas, quando o conflito afeta o crescimento econômico dos países, reduz a demanda por produtos e os preços das matérias-primas.
Tony Volpon, economista-chefe do UBS, diz que o crescimento de 0,4% do PIB brasileiro no segundo trimestre deste ano —acima da estimativa média de 0,2% do mercado— não mudou o cenário mais pessimista para o futuro.
Ele ressalta que o agravamento do cenário externo contribui para uma continuação da trajetória de expansão muito fraca da economia brasileira nos últimos anos.
“Estamos caminhando para o quarto ano de crescimento próximo a 1%. Aliás, essa foi, exatamente, a expansão anualizada registrada no segundo trimestre”, diz Volpon.
Esse desempenho tem sido classificado pelo economista em seus relatórios de expansão medíocre, porém estável. 
Segundo especialistas, o Brasil vive a recuperação após um período recessivo mais lenta da história.
Embora o risco de recessão em alguns países ricos e as incertezas que rondam tanto a Argentina quanto as relações entre China e Estados Unidos estejam ganhando peso, há fatores domésticos que também explicam a lenta retomada.
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, ressalta que a demora do governo em conseguir deslanchar seu programa de concessões e privatizações contou para a revisão feita recentemente em sua projeção de crescimento.
“Houve concentração necessária na reforma da Previdência e, agora, na tributária, que atrasou outras reformas.”
O problema é que, embora a reforma da Previdência seja considerada crucial para o reequilíbrio fiscal, tem prevalecido entre os economistas a visão de que ela não será suficiente para dar início a um ciclo de investimentos privados.
Segundo Vale, a retomada pode ser também prejudicada pelo ruído político causado por polêmicas nas quais o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem se envolvido, como a relacionada ao aumento do desmatamento na Amazônia:  
“Essa é uma causa mais difusa, com efeitos negativos mais no longo do que no curto prazo”, afirma o especialista.
Somados à instabilidade externa, esses dois fatores podem levar o país a um quarto ano de crescimento próximo a 1%, em 2020, segundo Vale.
Já Barbosa, do Bradesco, vê chances de uma melhora do cenário de 2020, mais para a frente, caso as tentativas recentes de acordo para as disputas comerciais entre China e EUA sejam bem-sucedidas.
“Os dois países estão esticando a corda, mas não querem chegar a um ponto de não retorno, em que a incerteza prejudique a economia.”
Para ele, há espaço para continuação da queda de juros no Brasil, o que tende a contribuir para uma recuperação da demanda. Mas concorda que a aceleração de concessões e privatizações é essencial para animar empresários.
Sem solução para as desavenças entre os governos chinês e americano e para a falta de investimento na economia brasileira, há o risco de que as projeções de crescimento para o país continuem piorando.
Dados do boletim Focus, do Banco Central, mostram que, desde 2009, projeções feitas em julho para o PIB no ano seguinte foram quase sempre superestimadas.  A projeção mais recente do Focus para o crescimento em 2020 é de 2,10%. ​


Menos brasileiros acham que situação vai melhorar, diz Datafolha

No fim do ano passado, a posição majoritária era que o período de recessão, seguido de baixo crescimento, estava próximo do fim

7.set.2019 às 2h00
Eduardo Cucolo
SÃO PAULO

Pesquisa nacional feita pelo Datafolha nos dois últimos dias de agosto mostra que 40% dos brasileiros consideram que a situação econômica do país vai melhorar, patamar mais baixo em um ano.
No levantamento feito em dezembro de 2018, pouco antes do início do governo Jair Bolsonaro, 65% dos entrevistados estavam otimistas.
O percentual já havia recuado para 50% em abril deste ano e para 46% no início de julho.
A avaliação de que vai piorar passou de 9% em dezembro para 18% em abril, 19% em julho e 26% em agosto.
O percentual dos entrevistados que dizem que a economia ficará como está oscilou dentro da margem de erro nos três últimos levantamentos e está agora em 31%. Outros 3% não sabem.
O Datafolha também mostra que a maioria dos brasileiros diz que a crise econômica vai demorar para acabar e que o Brasil não vai voltar a crescer tão cedo.
No fim do ano passado, a posição majoritária era que o período de recessão, seguido de baixo crescimento, estava próximo do fim.
Quando lhes foi perguntado sobre crise econômica que o país vive nos últimos anos, 59% responderam que ela demora a acabar e que o Brasil não volta a crescer tão cedo.
No levantamento anterior com a mesma questão, feito em dezembro, 42% faziam essa avaliação pessimista.
Na época, 50% afirmaram que a crise iria terminar em breve e que o país voltaria a crescer nos meses seguintes. Em agosto deste ano, esse percentual estava em 35%.
Outros 4% dizem que a crise já acabou, e 3% não sabem.
O pessimismo é maior entre mulheres (61%) do que entre homens (56%) e diminui conforme aumenta o grau de escolaridade e a renda familiar.
O otimismo em relação ao fim da crise só supera o pessimismo entre os simpatizantes dos PSL (para 80% deles, ela já acabou ou acaba em breve), entre os que avaliam o presidente da República como ótimo ou bom (70% fazem a mesma avaliação) e entre os que votaram em Jair Bolsonaro em 2018 (60%).
Depois de dois anos de recessão (2015 e 2016), o país cresceu apenas 1,1% em 2017 e 2018. Para 2019, a expectativa é uma expansão ainda mais fraca, de 0,8%.
As estimativas para 2020 estão em queda em razão da desaceleração da economia mundial e já ficam abaixo de 2%.
O Datafolha mostra ainda que as expectativas em relação ao desemprego oscilaram dentro da margem de erro do levantamento do início de julho para o de agosto.
Agora, 44% esperam piora do indicador, 31% acham que vai diminuir, e 23% afirmam que vai ficar como está.
A expectativa de inflação também oscilou na margem de erro, para 46% (avaliação de que haverá aumento do índice de preços), 30% (estabilidade) e 20% (redução).
Ao fazerem uma avaliação sobre sua própria situação econômica, 51% dos entrevistados afirmam que ela vai melhorar, percentual inferior aos de dezembro (67%), abril (59%) e julho (55%).
A expectativa de que irá piorar subiu de 6% para 11% de dezembro para abril e passou a oscilar dentro da margem de erro, chegando a 14% em agosto.
O Datafolha ouviu 2.878 pessoas em 175 municípios de todas as regiões do país em 29 e 30 de agosto. 
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

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