EUA e México revisam acordo para conter migração irregular
AFP / Isaac Guzmán(Arquivo) Migrantes africanos descansam em Tapachula, no México, enquanto aguardam vistos humanitários que lhes permitem mudar para os Estados Unidos
Autoridades dos Estados Unidos e México vão revisar, nesta terça-feira (10), em Washington, o acordo firmado há três meses para conter o fluxo de imigrantes em condição ilegal rumo ao norte.
O pacto dissipou momentaneamente a ameaça tarifária do presidente americano, Donald Trump.
Na Casa Branca, o vice-presidente Mike Pence receberá uma comitiva liderada pelo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard. Também participará da reunião o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, segundo fontes de ambos os governos.
"Há 90 dias, o México concordou em intensificar seus esforços para conter a imigração ilegal para os Estados Unidos. Esperamos nos reunir (nesta terça) com funcionários do governo mexicano para falarmos sobre seus esforços recentes e discutir formas como podemos continuar para tornar a fronteira mais segura. Ainda há muito trabalho a fazer!", tuitou Pence ontem.
Esta é a segunda revisão do acordo alcançado em junho entre os governos de Trump e de Andrés Manuel López Obrador (AMLO) para reduzir a migração irregular para o norte. A maioria é formada por famílias da América Central que fogem da pobreza e da violência.
No final de julho, passados os primeiros 45 dias, Pompeo agradeceu a Ebrard, na Cidade do México, pelos "avanços", mas frisou que "ainda resta muito por fazer".
- "Que o México faça mais" -
Ontem, o presidente Trump voltou a elogiar o "grande trabalho" do México.
Segundo números oficiais dos Estados Unidos divulgados na véspera, 64.000 personas foram detidas, ou consideradas inadmissíveis de ingresso na fronteira sul em agosto, 56% a menos do que as mais de 144.000 de maio, quando se registrou um pico em 13 anos. Nesse período, Trump ameaçou taxar todas as importações mexicanas, se AMLO não agisse.
"O governo do México tomou medidas significativas e sem precedentes para ajudar a conter o fluxo de imigração ilegal para nossa fronteira", disse o comissário do Escritório de Aduanas e Proteção Fronteiriça dos Estados Unidos (CBP), Mark Morgan.
Em entrevista coletiva, ele destacou o envio de 15.000 soldados mexicanos para a fronteira com os Estados Unidos e de 10.000 agentes no limite com a Guatemala.
Ele acrescentou, porém: "precisamos que o México faça mais".
Morgan insistiu em que os Estados Unidos continuam "absolutamente" interessados em formalizar um "acordo de terceiro país seguro" com o México e com outros países da região, como disse ter feito com a Guatemala.
"Se alguém foge de seu país porque sente que está sendo perseguido por uma lista de razões legítimas, realmente lhe convém solicitar asilo no primeiro país que ingressa", afirmou Morgan. "Este é nosso plano", completou.
O governo de López Obrador se opôs de forma taxativa a um pacto dessa natureza, por meio do qual os Estados Unidos poderiam devolver a este país os solicitantes de asilo que não pediram refúgio antes no território mexicano.
"Não aceitaremos", tuitou Ebrard, após as declarações de Morgan.
"Reitero, frente às pressões: o México não é, nem aceitará, ser um terceiro país seguro. Temos mandato do presidente da República nesse sentido, e é consenso de todas as forças políticas no Senado", acrescentou.
Ebrard disse ainda que o México insistirá em sua abordagem de combater a migração irregular com o fomento do desenvolvimento econômico da América Central.
"Pedimos ao governo dos Estados Unidos que apoie a estratégia do México", declarou.
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