Inconfidências, hoje
Das frases que ficaram de Leonel Brizola, poucas são mais conhecidas do que aquela em que ele dizia que “a política ama a traição, mas abomina o traidor”.
Hoje, dia de Tiradentes, é útil recordar disso.
O samba clássico de Mano Décio da Viola que diz que o herói da Inconfidência “foi traído e não traiu jamais” e por isso “morreu a 21 de abril pela independência do Brasil” me trouxe a memória outros versos.
Os do musical “Calabar, o Elogio da Traição”, do Chico Buarque.
Exatamente os que são dados a Anna de Amsterdan: Vence na vida quem diz sim/Se te dói o corpo/Diz que sim/Torcem mais um pouco/Diz que sim/Se te dão um soco/Diz que sim
O Brasil tornou-se o paraíso dos concordantes.
Divergir – seja da mídia, do senso comum que ela impõe, do poder econômico, da ordem mundial, do nosso destino de colônia, do atraso, da visão de que somos um povo incapaz, sem futuro, condenado à pobreza e ao sacrifício (embora nossas elites desfrutem de farturas obscenas) tornou-se coisa patológica, fanática, doentia.
Quem não se conforma com isso, claro, se não é vítima de uma patologia boliivariana, claro, deve estar metido em alguma “pomada” de vantagens escusas.
Alguns de nós, aliás, éramos os “blogueiros sujos”, que vivíamos do “ouro do Governo”. Um ano se passou e os blogs seguem como antes, sem o que diziam.
Esta gente é incapaz de compreender algum tipo de patriotismo que não seja o da camisa da CBF; algum tipo de justiça que não seja a de que os ricos devem poder tudo e os pobres, nada; algum tipo de país que não seja um pedinte – quando não uma prostituta – a oferecer as mãos às esmolas.
A independência do Brasil não é para ser feita pelos Tiradentes, mas pelos herdeiros da Coroa, que já nem gritam “Laços, fora”, com uma subnobreza de comerciantes a nos governar.
Que, reconheça-se, não levou o Barão de Mauá ao cárcere.
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