O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior, um dos 77 executivos da empresa que firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), afirmou que a empreiteira fez depósitos para Aécio Neves (PSDB-MG) em uma conta sediada em Nova York e operada por sua irmã Andrea Neves. A informação foi publicada pela revista Veja desta semana e é baseada em delação do empreiteiro que ainda permanece em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme revela a reportagem, Benedicto Junior diz que os valores repassados é uma contrapartida “ao atendimento de interesses da construtora em empreendimentos como a obra da Cidade Administrativa do governo mineiro, realizada entre 2007 e 2010, e a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Estado de Rondônia, de cujo consórcio participa a Cemig, a estatal mineira de energia elétrica” – diz trecho da matéria publicada.
Em março de 2016, também veio à tona depoimento do ex-presidente do Partido Progressista (PP), Pedro Corrêa, que incluía o nome da irmã do senador Aécio Neves em depoimento prestado à força-tarefa da Operação Lava Jato. Na ocasião, de acordo com o delator, além da irmã do presidente nacional do PSDB, uma de suas principais assessoras também foi relacionada como responsáveis por conduzir as movimentações financeiras ligadas ao congressista.
Andrea Neves é considerada uma das principais conselheiras de Aécio desde que o irmão entrou para a política, em 1980. A mineira também é responsável pela imagem do irmão. Candidato derrotado por Dilma em 2014, o senador Aécio Neves é o atual presidente da Executiva Nacional do PSDB. A legenda é a principal opositora ao PT. À revista, por meio de sua assessoria, Aécio disse que a acusação é “falsa e absurda”.
À imprensa, a assessoria do senador enviou nota sobre a reportagem e diz que o advogado do parlamentar “entrou em contato com o advogado Alexandre Wunderlich, que representa o delator Benedito Júnior, e este lhe informou que não existe na delação de seu cliente qualquer referência à irmã do senador ou a qualquer conta vinculada a ela em Nova York”.
Benedicto Junior era um dos diretores do “departamento da propina” da Odebrecht. O departamento foi revelado com a descoberta de planilhas com valores associados ao nome de mais de 200 políticos. A delação do empreiteiro também foi homologada pelo STF no início do ano, junto aos outros 76 executivos e ex-executivos.
Das delações, a Procuradoria-Geral da República pediu ao STF a abertura de 83 inquéritos contra políticos e autoridades com foro privilegiado. Estima-se que mais de 100 nomes estejam dentro dos pedidos de investigação do procurador-geral, Rodrigo Janot. Os casos ainda estão sob segredo de Justiça e aguardam a autorização do ministro Edson Fachin, responsável pela Operação Lava Jato no STF. O ministro deve anunciar decisões sobre os pedidos da PGR nos próximos dias, bem como levantar o sigilo dos depoimentos.
Leia íntegra da nota divulgada pela assessoria de Aécio Neves na noite de sexta-feira (31):
“O advogado do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, Alberto Toron, informa que entrou em contato com o advogado Alexandre Wunderlich, que representa o delator Benedito Júnior, e este lhe informou que não existe na delação de seu cliente qualquer referência à irmã do senador ou a qualquer conta vinculada a ela em Nova York.
Se houvesse feito tais declarações, o delator precisaria necessariamente comprová-las com a apresentação de provas e informações como nome do banco e número da conta. Tal conta nunca existiu. As acusações publicadas na revista Veja são falsas e absurdas.
É lamentável que afirmações graves como as apresentadas venham a público sem a devida apuração de sua veracidade.
O senador Aécio Neves defende a quebra do sigilo das delações homologadas como condição fundamental para que a população tenha acesso à integra dos depoimentos prestados e para que as pessoas injustamente citadas possam exercer seu direito de defesa, não se tornando reféns de vazamentos parciais que relatam versões e partes selecionadas por aqueles que, tendo acesso à totalidade das delações, escolhem trechos que querem ver divulgados.
Em nenhuma das obras citadas, usina de Santo Antônio e Cidade Administrativa, houve qualquer tipo de pagamento indevido.
O então governador Aécio Neves jamais participou de qualquer negociação das etapas da construção da sede do governo mineiro, nem interferiu na autonomia da Cemig para definição de investimentos da empresa.
O senador Aécio Neves reafirma que solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil, sempre de acordo com o que determina a lei. O senador Aécio Neves é o mais interessado no esclarecimento imediato dessas falsas acusações para que se saiba a que interesses elas servem.”
copiado http://congressoemfoco.uol.com.br/
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