Por Fernando Brito · 19/04/2017
Nesta quinta-feira, Sérgio Moro toma o depoimento de José Aldemário (Léo) Pinheiro, ex-sócio da OAS.
Na tentativa anterior de negociar uma delação premiada, Pinheiro teve o acordo recusado porque não incriminou Lula.
Amanhã, tem a chance de “regenerar-se” diante de seu algoz.
Tal como aconteceu com Marcelo Odebrecht, é provável que diga o que lhe pedem para dizer.
As delações são, como se percebe, não premiadas, mas teleguiadas.
Hoje, a defesa de Lula apresentou, à maneira de Deltan Dallagnol, mas desta vez presa a fatos e documentos, o seu powerpoint (veja ao final do post) recheado de provas e documentos que provam que Lula não era proprietário do triplex no Guarujá.
De que adianta?
Se o empresário quiser, basta que diga que, sim, “era para Lula”, embora não tenha sido, e não há um documento a comprovar.
Só quem não vê que estamos diante de ritos judiciais fascistas, onde a um acusado só resta o caminho da acusação a outros como forma de tentar inocentar-se ou livrar-se do cárcere?
Hoje, Sérgio Moro desceu apressadamente do lugar que lhe foi reservado na cerimônia da entrega da Medalha do Mérito Militar, ao lado de Luciano Huck – imagino que o cerimonial pensou numa ala de celebridades – e foi cumprimentar, sorridente, Michel Temer, que será seu réu assim que lhe cessar a imunidade de que goza por ser presidente.
Não foi um cumprimento austero, apenas aquele que recomendaria a boa educação, foi um esparramo, quase tão grande quanto o dos cochichos com Aécio Neves, o polidenunciado.
Daqui a duas semanas teremos a oportunidade de ver outro Moro, o arrogante, autoritário e de modos agressivos, desdenhando do que lhe for dito.
Quando Lula for depor, num caso que já caiu no ridículo pela absolvição de todos os que não tiveram a caprichada desventuras de serem atirados ao Coliseu de Curitiba, Moro será um frio e duro inquiridor.
Hoje, foi só um bajulador.
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