CRISE SEM FIM
Equipe do procurador já começou a trabalhar no texto da acusação contra o presidente
PUBLICADO EM 25/08/17 - 03h00
O procurador geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar, no início de setembro, uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Essa deve ser uma das últimas missões do atual chefe do Ministério Público Federal (MPF), que deixa o cargo no dia 17 de setembro.
De acordo com informações do jornal “O Globo”, a equipe de Janot já está até elaborando o texto básico da acusação que será feita. Por enquanto, o caso segue mantido sob sigilo e, por conta disso, nem mesmo qual o crime que será imputado ao presidente é sabido fora da PGR.
A denúncia deve ser feita a partir de um inquérito já aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar Temer por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa. Como a primeira parte, sobre a corrupção, já foi objeto de uma denúncia, o novo pedido de Janot pode englobar dois crimes ou apenas um. Neste último caso, seria a obstrução de Justiça, que tem entre os elementos de prova a conversa com gravada por Joesley Batista no porão do Palácio do Jaburu.
Na nova denúncia, Janot deve usar bastante os elementos obtidos com a delação do operador Lúcio Bolonha Funaro. Ele acertou um acordo com o Ministério Público Federal no início da semana, mas os termos ainda precisam passar pela homologação por parte do ministro Edson Fachin, do STF.
Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha e de seu grupo na Câmara dos Deputados, teria confirmado parte dos relatos de Joesley Batista. Além disso, ele teria contado detalhes do pagamento de propinas para o grupo, do qual fazia parte o presidente Michel Temer.
Desde que barraram a primeira denúncia, com mais de 120 votos de margem, aliados do presidente passaram a disseminar que o procurador geral havia perdido o fôlego e não teria mais força para fazer uma segunda acusação. A avaliação era que a pressão política levaria o procurador a postergar as investigações por tempo indefinido, o que inviabilizaria uma nova iniciativa de ordem criminal.
Conversa. Base da provável denúncia contra Michel Temer, a conversa com Joesley Batista deflagrou uma crise no governo. No encontro fora da agenda oficial, o empresário fala sobre vários crimes que teria cometido, como suborno a um procurador da República, e sinaliza a compra do silêncio de Funaro e Eduardo Cunha. Neste ponto, Temer diz que “tem que manter isso”. Na ocasião, Joesley Batista também interesse em cargos e decisões estratégicas do governo.
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