Merkel reconhece em Jerusalém 'responsabilidade perpétua' da Alemanha frente a antissemitismo. Guia supremo iraniano promete nunca entregar país ao inimigo

Merkel reconhece em Jerusalém 'responsabilidade perpétua' da Alemanha frente a antissemitismo

POOL/AFP / DEBBIE HILL A chanceler alemã, Angela Merkel, durante uma cerimônia no Memorial do Holocausto em Jerusalém, em 4 de outubro de 2018
A chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu nesta quinta-feira (4), em Jerusalém, "a perpétua responsabilidade" de seu país em relação ao antissemitismo e à xenofobia, durante uma visita, na qual espera que a relação especial com Israel prevaleça sobre as divergências.
Merkel, que chegou na quarta-feira à noite a Israel para uma visita de um dia, admitiu que os dois governos estão longe de ter as mesmas opiniões, sobre o acordo nuclear iraniano, por exemplo, ou sobre a colonização da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
A chanceler destacou, porém, os pontos convergentes.
Embora ela e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tenham uma "opinião diferente" sobre a questão nuclear iraniana, a "ameaça" que o Irã representa, em particular para Israel, e pelo fato de sua presença na Síria, e "sobre o princípio de que se deve fazer todo o possível para impedir o desenvolvimento de armas nucleares (pelo Irã), estamos absolutamente de acordo", disse Merkel.
Na semana passada, Netanyahu acusou os europeus de complacência com o Irã por seus esforços para salvar o acordo sobre o programa nuclear iraniano e para evitar as sanções americanas, recordando a atitude europeia no auge do nazismo.
Merkel recordou o período obscuro, mas para insistir na força da relação particular entre os dois países.
- 'Dom inestimável' -
Ao final da visita ao Memorial do Holocausto em Jerusalém, Merkel declarou que a viagem coincide com o aniversário em breve de 80 anos da "Noite dos Cristais", os linchamentos e ataques contra judeus em 9 de novembro de 1938, estimulados pelo regime de Hitler e pela prefiguração do genocídio judeu.
"Deste período deriva a responsabilidade perpétua da Alemanha de manter viva a memória deste crime e de se opor ao antissemitismo, à xenofobia, ao ódio e à violência", escreveu Merkel no livro de honra do Memorial.
A visita de Merkel a Israel acontece em um momento de preocupação com o avanço do antissemitismo em seu país.
"Infelizmente, há muito antissemitismo na Alemanha", reconheceu Merkel pouco antes da visita.
Mas, durante uma cerimônia em que recebeu o título de doutora honoris causa da Universidade de Haifa, a chanceler destacou o "milagre" que hoje representa a existência de uma comunidade judaica "florescente", parte da "identidade" da Alemanha.
As relações com Israel são um "dom inestimável e um dom improvável à luz da nossa história", insistiu.
- 'Absolutamente falso' -
A Alemanha é a principal aliada de Israel entre as grandes potências europeias. Mas a relação passou por um momento de crise em 2017.
Berlim cancelou as consultas anuais, alegando problemas de agenda. A decisão pode ter sido motivada, porém, pela aprovação em Israel de uma lei pré-colonização e pela irritação com o comportamento do Executivo israelense.
São justamente as consultas, que acontecem há uma década, o motivo da visita da Merkel.
Apesar da iminente entrada em vigor das novas sanções americanas contra o Irã, ou da situação delicada no território palestino da Faixa de Gaza, o encontro de Merkel e Netanyahu deve abordar principalmente economia, inovação, a luta contra o antissemitismo e a assinatura de acordos de cooperação.
O destino do vilarejo beduíno de Khan Al-Ahmar, que Israel pretende demolir e que chamou a atenção dos europeus, parece estar em suspenso.
A destruição desta comunidade da Cisjordânia ocupada pouco antes, ou durante, a visita de Merkel poderia virar um incidente diplomático, enquanto os europeus aguardam a mensagem que a chanceler transmitirá sobre o tratamento das minorias, a colonização, ou a solução de dois Estados.
Os habitantes de Khan Al-Ahmar esperam a mediação de Merkel.
Sobre este tema e sobre o conflito com os palestinos em geral, Merkel admitiu divergências com Netanyahu e repetiu a adesão à solução de dois Estados: a criação de um Estado palestino que coexista com Israel.
A chanceler destacou, no entanto, que é "absolutamente falso" que Berlim tenha condicionado a chegada de Merkel à não destruição de Khan Al-Ahmar antes, ou durante, sua visita.

Guia supremo iraniano promete nunca entregar país ao inimigo

KHAMENEI.IR/AFP / HO Ali Khamenei cumprimenta público no estádio Azadi em Teerã, em 4 de outubro de 2018
O guia supremo do Irã, Ali Khamenei, declarou nesta quinta-feira que nunca entregará o Irã ao inimigo agora que as relações entre a República Islâmica e os Estados Unidos estão no seu ponto mais baixo.
"Espalhar a ideia, como quer o inimigo, de que não há outra solução que não a rendição, é a pior das traições com a nação iraniana, e isso não vai acontecer", disse Khamenei em um discurso em Teerã transmitido pela televisão estatal.
"Com a ajuda de Deus, enquanto eu viver e for capaz, e com sua ajuda, nunca vou autorizar que isso aconteça", acrescentou o líder iraniano a milhares de militantes islâmicos (Basij) reunidos no estádio Azadi.
O termo "inimigo" para o Irã geralmente engloba os inimigos do país e do Islã, em primeiro lugar os Estados Unidos, chamado de "Grande Satã" pelas autoridades iranianas.
Referindo-se às sanções econômicas restabelecidas pelos Estados Unidos contra o Irã em agosto, após a saída unilateral de Washington do acordo internacional sobre a questão nuclear iraniana, Khamenei disse que estas medidas não vão acabar com o país, como esperado pelo governo americano.
"Nossa economia nacional pode superar as sanções e com a ajuda de Deus faremos com que fracassem, e esta derrota vai significar a derrota dos Estados Unidos", ressaltou.
Na quarta-feira, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordenou os Estados Unidos suspender algumas das sanções contra o Irã, como as que afetam as importações "com fins humanitários".
A decisão do tribunal foi recebida como uma "vitória" para o Irã, mas os Estados Unidos disseram que não têm a menor intenção de cumprir com a decisão dos juízes de Haia ao anunciar o fim do "tratado de amizade" de 1955 com base no qual o Irã apresentou a queixa ao CIJ.
O chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, reagiu a essa medida unilateral chamando o governo dos EUA de "um regime fora da lei". O Irã e os Estados Unidos romperam relações diplomáticas em 1980.

  copiado  https://www.afp.com/pt

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