Guaidó diz que voltará à Venezuela nos próximos dias, 'apesar das ameaças'
AFP/Arquivos / Luis ROBAYOO líder da oposição da Venezuela, Juan Guaido (C) tira uma selfie para sua esposa Fabiana Rosales (2-D), o presidente chileno Sebastián Piñera (ao lado dele à esquerda), para o presidente colombiano Iván Duque (de volta) , ao presidente paraguaio Mario Abdo Benítez (D) durante o concerto "Venezuela Aid Live"
AFP / Sergio LIMAO líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, saúda depois de realizar uma reunião na sede da União Europeia em Brasília, em 28 de fevereiro de 2019
O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó,reconhecido presidente interino por mais de 50 países, garantiu nesta quinta-feira (28), em Brasília, que voltará a seu país "nos próximos dias", após ser recebido pelo presidente Jair Bolsonaro.
"Recebo ameaças pessoais e familiares, mas também ameaças de prisão por parte do regime" de Nicolás Maduro, afirmou Guaidó em coletiva de imprensa ao lado de Bolsonaro. "Mesmo assim, isso não vai evitar nosso retorno" à Venezuela.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo, informou no Twitter que Guaidó chegará a Assunção na sexta-feira. O líder da oposição, de 35 anos, não confirmou a informação, limitando-se a afirmar que tinha agenda prevista no fim de semana e na segunda-feira, mas depois disse: "No mais tardar, voltarei [para a Venezuela] na segunda-feira".
Maduro disse que Guaidó terá que responder por violar a lei, porque a Justiça - alinhada ao governo - proibiu-o de sair do país.
Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, participou na segunda-feira em Bogotá de uma reunião do Grupo Lima, formado por uma dezena de países latino-americanos e o Canadá, que se comprometeram a apertar o cerco econômico e diplomático a Maduro sem recorrer à força - uma possibilidade que os Estados Unidos deixaram em aberto.
O líder opositor chegou a declarar que todas as opções deveriam estar sobre a mesa, mas depois esclareceu que essas eram opções não militares.
Nesta quinta-feira, ao lado de Bolsonaro, ele declarou: "estamos lutando por eleições livres, dentro da estrutura da Constituição".
Segundo o especialista em Relações Internacionais Ronald Rodriguez, do Observatório da Venezuela da Universidade do Rosário, colombiana, Guaidó não tem outra opção a não ser retornar ao seu país para assumir o comando da oposição.
"A realidade é que muitos deles já estão começando a sentir que o tempo está passando, e eles sabem que, se deixarem passar, não será fácil tirar Nicolás Maduro", disse.
O líder opositor fez um fracassado levante popular e militar no último sábado para deixar entrar caminhões com ajuda humanitária, em grande parte norte-americana, enviados das fronteiras com a Colômbia e o Brasil.
No entanto, 567 membros das forças armadas venezuelanas desertaram e cruzaram para a Colômbia desde sábado, além de uma dúzia para o Brasil.
Guaidó também denunciou na quinta-feira o sequestro de três membros de sua equipe que estavam retornando da fronteira colombiana para Caracas e exigiu "sua libertação imediata".
- 'Mea culpa' brasileiro -
Bolsonaro se desculpou pelo apoio dado a Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez, pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
"Faço mea culpa aqui porque dois ex-presidentes do Brasil tiveram parte, foram responsáveis, pelo que vem acontecendo na Venezuela hoje em dia", afirmou.
"O Brasil estava num caminho semelhante. Graças a Deus, o povo aqui acordou e em parte se mirou no que acontecia negativamente em seu país e resolveu dar um ponto final no populismo, na demagogia barata que leva à situação em que seu pais se encontra", acrescentou, dirigindo-se a Guaidó.
Guaidó se encontrou pela manhã com diplomatas europeus em Brasília, cujos países não reconhecem Maduro, por considerar que sua reeleição foi fraudulenta. Diante desse cenário, Guaidó, presidente do Parlamento, proclamou-se em 23 de janeiro como o governante responsável.
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, vê o risco de uma guerra civil diante da situação política na Venezuela.
- Batalha na ONU -
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Os Estados Unidos submeteram à votação no Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira um projeto de resolução que exige eleições presidenciais na Venezuela e entrada "sem exigências" da ajuda humanitária com alimentos e remédios - mas ele foi vetado por Rússia e China.
A África do Sul, membro não permanente do Conselho, também votou contra o texto americano, que pedia eleições "livres, justas e confiáveis" no país e foi apoiado por nove dos 15 membros do organismo.
Os russos, por sua vez, fracassaram em sua tentativa de aprovar um projeto de resolução que expressava inquietação com as "ameaças de uso da força".
O chanceler chavista Jorge Arreaza havia pedido nesta quarta-feira uma reunião entre Maduro e Trump, mas o vice-presidente americano, Mike Pence, rechaçou essa possibilidade.
"A única coisa para ser discutida com Maduro neste momento é a hora e a data de sua saída", escreveu no Twitter Pence, acrescentando a hashtag em espanhol #VenezuelaLibre".
Também nesta quinta, o presidente boliviano, Evo Morales, lamentou os riscos de soarem os "tambores de guerra" no continente latino-americano.
"Nas últimas semanas, vimos os sérios danos causados pelos tambores de guerra. Condenamos todas as formas de violência armada em nossos territórios e rejeitamos a agressão dos Estados Unidos", disse Morales em uma reunião da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat).
A Venezuela atravessa uma grave crise, com escassez de alimentos e medicamentos, que levou ao êxodo de 2,7 milhões de pessoas.
Para Maduro, isso é um resultado do cerco financeiro que Washington aplica a seu país. O sucessor de Chávez garante que a ajuda humanitária promovida por Guaidó esconde um plano de intervenção militar dos Estados Unidos.
copiado https://www.afp.com/pt
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