Estudantes e professores se mobilizam contra o corte de verbas de Bolsonaro

Estudantes e professores se mobilizam contra o corte de verbas de Bolsonaro

AFP/Arquivos / EVARISTO SAO presidente Jair Bolsonaro abraça o ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante a cerimônia de posse em 9 de abril de 2019
Centenas de universidades e colégios paralisaram, nesta quarta-feira, suas atividades e iniciaram passeatas contra o corte de recursos para a Educação anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro.
"Neste dia secundaristas, universitários, pós-graduandos, professores e trabalhadores da educação vão ocupar ruas e salas de aula em todos os estados da federação contra os cortes de 30% nas instituições federais, ataques à política de cotas e PNAES", anunciou a União Nacional dos Estudantes (UNE).
O movimento, centrado nos estabelecimentos federais de educação, tem o apoio de instituições privadas, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que suspenderá suas atividades e participará dos protestos.
"As universidades tornam visível aquilo que muitos tentam ocultar. Os engenhos inconfessáveis. Os artistas da violência que agem em nome do Estado. É por isso que a querem destruir. Mas a universidade também ensina que é melhor morrer de pé do que viver de joelhos", diz um comunicado emitido ao final da assembleia na PUC.
A UNE prevê manifestações em todos os Estados.
As principais passeatas vão acontecer no final da tarde, mas desde a manhã foram registrados atos em 17 estados e nas maiores cidades do país.
Em Brasília, milhares de pessoas se reuniram em um extremo da Esplanada dos Ministérios.
Tropas federais foram estacionadas diante do ministério da Educação para reprimir possíveis distúrbios, mas até o momento não há "maiores preocupações", afirmou o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros.
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, por 307 votos a 82, a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para explicar os cortes no orçamento das universidades públicas e de institutos federais. Ele será ouvido no Plenário nesta quarta-feira (15), em comissão geral.
Bolsonaro - que viajou a Dallas (Texas), onde na quinta-feira será homenageado como "Personalidade do Ano" pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos - apontou no Twitter que os contingenciamentos do ministério da Educação são menores percentualmente se comparados com os de outros ministérios.
O deputado Eduardo Bolsonaro acusou, por sua vez, o Partidodos Trabalhadores (PT) de estar por trás da mobilização.
"Sempre soubemos q o PT deu bolsas assistencialistas p/quem precisa e quem não precisa visando ganhos eleitorais", tuitou.
- A gota d'água -
Desde a chegada de Bolsonaro ao poder, a Educação se tornou um campo de disputa entre os setores mais conservadores do eleitorado do capitão, decididos a extirpar qualquer vestígio do "marxismo cultural" nas salas de aula.
O contingenciamento de verbas - cerca de 30% sobre os gastos não obrigatórios - foi anunciado inicialmente como um ajuste contra três universidades que organizaram debates com figuras de esquerda e foram acusadas por Weintraub de "semear a desordem".
Diante das reações negativas, o ministro ampliou rapidamente a medida a todas as instituições federais e explicou que as verbas contingenciadas representam apenas 3,5% do orçamento total da Educação.
Mas a iniciativa foi a gota d'água e provocou um primeiro protesto no dia 6 de maio, diante do Colégio Militar do Rio de Janeiro, durante uma visita de Bolsonaro à instituição.
Bolsonaro já havia provocado polêmica em abril, ao anunciar no Twitter que seu governo analisava cortar verbas para cursos como filosofia e sociologia nas universidades públicas, com o objetivo de concentrar esforços em cursos como veterinária, engenharia ou medicina.
- Teste para greve geral -
A mobilização estudantil dá esperanças à oposição de esquerda, nocauteada pela derrota nas eleições de outubro passado.
Alguns sindicalistas observam esta quarta-feira como um ensaio para a greve geral convocada para o dia 14 de junho contra a reforma da Previdência.
"O dia 15 é um dia que foi definido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) como um dia de jornada de luta, um esquenta para a greve geral contra a reforma da Previdência", disse Douglas Izzo, presidente da seção de São Paulo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao site Brasil de Fato.

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