No Senado, ministro da Educação critica Fies e justifica cortes em Humanas




Pedro França/Agência Senado
RECURSOS DO MEC

Ministro chama Fies de 'desastre' e critica bolsas de Humanas sem 'retorno' ao país


Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em Brasília
07/05/2019 12h32Atualizada em 07/05/2019 14h14

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, explicou hoje as diretrizes e prioridades da pasta, sobretudo em relação à proposta de descentralização dos recursos do MEC. Em audiência na Comissão de Educação do Senado, o chefe da pasta chamou de "desastre" e "tragédia" o Fies, programa de financiamento estudantil criado no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e ampliado na gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Weintraub também disse que a sugestão de reduzir investimentos na área de Humanas e direcioná-los a disciplinas de Exatas ou Biologia, como engenharia e medicina, é baseada em números e critérios técnicos. Segundo ele, apenas 13% da produção na área de Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e Linguística têm impacto científico.
Apesar do que considera ser um baixo desempenho, argumentou o ministro, a maioria das bolsas da Capes seria destinada a estudantes da área de Humanas. "Gente que é paga para estudar", afirmou ele, e que, na maioria dos casos, não traria um retorno efetivo ao país. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é uma fundação vinculada ao MEC responsável por conceder bolsas a estudantes de pós-graduação.
Weintraub ressaltou, no entanto, que pretende discutir o tema "de peito aberto" com o Congresso e que o MEC não "quer impor nada a ninguém". Para ele, o modelo educacional aplicado no país deu errado e é necessário debater alternativas.
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UOL Notícias
"O diálogo tem que ser feito com base em números, dados e premissas racionais. Que a gente se livre um pouco dos preconceitos", comentou.
Durante a apresentação, o ministro ironizou as polêmicas recentes em torno de sua nomeação para o cargo. "Não estou chamando ninguém para briga, não tenho passagem pela polícia, estou zeradinho", declarou ele aos senadores, provocando risadas.
Hanrrikson de Andrade/UOL
Lideranças da UNE (União Nacional dos Estudantes) acompanham audiência com o ministro Abraham Weintraub no SenadoImagem: Hanrrikson de Andrade/UOL
O chefe da pasta da Educação mencionava os boatos que surgiram na internet de que ele teria antecedentes e criminais. Também comentou que a imprensa "vasculhou" seu desempenho acadêmico, em referência ao vazamento das notas baixas registradas em boletinsde seus primeiros semestres de graduação na USP.
Em vídeo divulgado em suas redes sociais, o ministro se justificou dizendo que, à época, estava em depressão e também fora vítima de um acidente. "Eu era muito jovem, tinha 17 anos. Nesse primeiro ano e meio de faculdade, meus pais se separaram, teve o Plano Collor, minha família se desmanchou, tive depressão e sofri um acidente."
Além de representantes do MEC e do Parlamento, acompanharam a audiência profissionais do setor técnico e lideranças da UNE (União Nacional dos Estudantes), que serão convidados em audiências públicas futuras. No decorrer da sessão, a presidente da UNE, Mariana Dias, exibiu um cartaz com a mensagem "Estudante na rua, governo a culpa é sua".
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 Errata: o texto foi atualizado
Diferentemente do informando na reportagem, o Fies foi criado em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O texto foi corrigido.

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