Trump volta a pressionar Pequim, que mantém negociações
AFP/Arquivos / Brendan SmialowskiDonald Trump em Washington, em 2 de maio de 2019
Donald Trump anunciou no domingo (5) um novo aumento tarifário sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, correndo o risco de prejudicar as negociações comerciais com Pequim, que, no entanto, assegurou que as discussões vão continuar.
A ameaça de retomada da guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais provocou uma queda das bolsas de valores e da moeda chinesa, que contaminava nesta segunda-feira as praças asiáticas e europeias.
Mas, contrariamente às informações veiculadas pela imprensa, Pequim anunciou que sua equipe de negociação está pronta para viajar a Washington - sem confirmar uma data específica, nem se o vice-premiê Liu He continuará a liderar a delegação chinesa.
Uma nova reunião em Washington está programada para quarta-feira, após uma décima sessão que aconteceu em Pequim na semana passada.
Desde um encontro entre o presidente dos Estados Unidos e seu colega chinês, Xi Jinping, no início de dezembro, o ambiente era tranquilo entre os dois gigantes econômicos.
Pequim sempre se recusou a discutir "com uma arma na cabeça", enquanto as novas sanções comerciais americanas devem entrar em vigor na sexta-feira.
- "Não!" -
AFP / Jim WATSONDonald Trump e o vice-premiê chinês Liu He em Washington, em 4 de abril 2019
Sinal do constrangimento de Pequim, a imprensa oficial ainda não comentou as observações feitas pelo presidente dos Estados Unidos.
Com frequência, Donald Trump ameaça adotar tarifas para forçar Pequim a aceitar suas exigências. Para aumentar a pressão, ele voltou a assegurar que está pronto para taxar todas as exportações chinesas para os Estados Unidos (US$ 539,5 bilhões em 2018) se não conseguir um acordo.
"Por 10 meses, a China pagou tarifas nos Estados Unidos de até 25% sobre 50 bilhões de dólares em (bens) tecnológicos, e 10% sobre 200 bilhões de outros bens", escreveu Trump no Twitter.
"Os 10% serão aumentados para 25% na sexta-feira", anunciou, justificando essa medida pelo fato de que as negociações não estão avançando rápido o suficiente.
O presidente republicano havia decidido no início de dezembro suspender o aumento dessas tarifas por causa da retomada das negociações comerciais, apresentadas até esta semana como "frutíferas", com grandes chances de chegar a um acordo.
"O acordo comercial com a China está avançando, mas muito lentamente, enquanto (os chineses) estão tentando renegociar. Não!", reclamou Donald Trump no Twitter.
O presidente pretende reequilibrar o comércio entre os dois países e reduzir o colossal déficit bilateral dos Estados Unidos (US$ 378,73 bilhões em 2018, incluindo o excedente de serviços).
Além de abrir ainda mais o mercado chinês aos produtos americanos, ele exige mudanças estruturais para acabar com as transferências forçadas de tecnologia americana, o roubo de propriedade intelectual e os subsídios a empresas estatais.
- Retomada da guerra comercial ? -
AFP / Nicolas ASFOURILes indices chinois ont dévissé le 6 mai 2019 en raison de la menace de reprise de la guerre commerciale entre les Etats-Unis et la Chine
Se as próximas negociações em Washington acontecerem, poderiam fazer com que Trump anuncie uma cúpula com Xi Jinping para assinar um tratado comercial potencialmente histórico, ou levarem a uma retomada da guerra comercial.
Enquanto isso, os índices chineses afundavam nesta segunda-feira. A bolsa de Xangai perdia mais de 5% em seu fechamento e a de Shenzhen mais de 7%.
A moeda chinesa, o yuan, chegou a perder mais de 1% esta manhã em relação ao dólar, mas se recuperou no período da tarde para terminar em queda de apenas 0,7%.
Por enquanto, a administração Trump garante que a economia dos EUA não é afetada pelo conflito, ao contrário da economia chinesa, que registrou no ano passado seu crescimento mais fraco em quase trinta anos.
No domingo, o presidente americano mais uma vez afirmou que as tarifas pagas pela China contribuíram, "em parte, aos excelentes resultados econômicos" dos Estados Unidos, enquanto que o crescimento no primeiro trimestre subiu a 3,2%.
No entanto, muitos economistas alertam para as repercussões a longo prazo para a principal potência econômica do mundo.
Alguns fabricantes americanos, que importam produtos chineses sob tarifas, já lamentam os custos crescentes, enquanto especialistas concordam que os consumidores americanos sofrerão com o aumento dos preços dos bens de consumo.
Até agora, Pequim prometeu comprar mais produtos americano, principalmente dos setores agrícola e de energia.
Mas um dos principais obstáculos à assinatura de um compromisso continua sendo o mecanismo para implementar um possível acordo.
Desconfiada pelas promessas quebradas no passado, a administração Trump disse que só assinará um texto se incluir medidas que permitam verificar se o governo chinês está cumprindo seus compromissos.
De sua parte, Pequim exige o levantamento das taxas alfandegárias sobre os produtos chineses, o que Washington obviamente não está disposto a fazer.
EUA aumentarão para 25% as tarifas sobre produtos chineses importados
AFP / Jim WATSONDonald Trump
Os Estados Unidos aumentarão na sexta-feira as tarifas de 10 para 25% sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses importados, anunciou neste domingo o presidente Donald Trump, lamentando que as negociações comerciais entre os dois países estejam avançando "muito lentamente".
"Durante dez meses, a China pagou 25% das tarifas aos Estados Unidos por 50 bilhões de dólares em produtos tecnológicos e 10% em 200 bilhões de dólares em outras mercadorias", afirmou o presidente dos Estados Unidos no Twitter.
"Os 10% vão até 25% na sexta-feira", acrescentou.
A medida é anunciada enquanto uma grande delegação de autoridades chinesas é esperada em Washington na quarta-feira para negociações comerciais que foram apresentadas como definitivas e capazes de levar a um acordo.
O presidente dos Estados Unidos decidiu no início de dezembro suspender o aumento dessas tarifas devido à retomada das discussões comerciais.
"O acordo comercial com a China está avançando, mas muito lentamente, enquanto eles estão tentando renegociar. Não!", exclamou Trump.
O presidente busca reduzir o déficit comercial colossal dos Estados Unidos com a China, de 378,73 bilhões de dólares em 2018.
Além de uma maior abertura do mercado chinês aos produtos americanos, exige de Pequim mudanças estruturais que ponham fim à transferência forçada de tecnologia americana, ao roubo de propriedade intelectual ou a subsídios a empresas estatais.
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