UE e Mercosul tentam avançar em acordo, e setor de carne francês protesta
AFP/Arquivos / Charly TriballeauO açougue de um supermercado em Coutances, França, em uma imagem de arquivo
A União Europeia (UE) reiterou nesta segunda-feira (13) sua vontade de alcançar um acordo comercial com os países do Mercosul, que tem um novo capítulo esta semana em Buenos Aires.
O acordo está em discussão há quase 20 anos.
A UE "está comprometida a avançar decididamente na conclusão das negociações sobre acordos de livre-comércio ambiciosos e equilibrados com o Mercosul e o Chile", afirma uma declaração dos 28 países do bloco.
Os europeus e os países do Mercosul - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - iniciaram em 1999 a negociação deste acordo comercial que estagnou novamente em 2018, apesar de ambas as partes garantirem que estavam na reta final.
Os negociadores-chefes estão reunidos para ver "como avançar", disse uma fonte europeia, afirmando que eles também devem abordar quando realizar a próxima rodada de negociações. A última aconteceu em março.
A reunião ocorre em plena campanha das eleições para o Parlamento Europeu no bloco. Neste contexto, o setor de carne na França, dos criadores de gado até os açougueiros, expressou sua preocupação em uma carta aberta à Comissão Europeia diante da possibilidade de Bruxelas chegar a um acordo comercial com os quatro países.
"Como não ficarmos preocupados quando a Comissão Europeia parece mais decidida a alcançar um acordo com o Mercosul, ou a retomar as negociações comerciais com os Estados Unidos - o que significa oferecer a nossos cidadãos cada vez mais carne que não cumpre as normas ambientais, sanitárias e de bem-estar que impomos a nós mesmos -, do que a proteger a saúde dos consumidores e a sustentabilidade das nossas atividades?", questionou o presidente da Interprofissional da Carne (Interbev), Dominique Langlois.
Ele ainda demonstrou preocupação com os sinais "negativos e contraditórios" enviados pela Europa sobre a soberania alimentar do continente e da luta contra o aquecimento global.
"Embora devesse oferecer a seus setores os meios para produzir, processar e comercializar localmente", a Europa "prefere submeter" os produtores e processadores a uma "concorrência internacional desleal, com grandes volumes de carne que não cumpre nenhuma norma", acrescenta Langlois.
Além disso, ele critica a "estigmatização da carne vermelha", enquanto o setor pecuário francês "se comprometeu" em favor de "comer melhor".
Sobre um possível acordo entre a UE e o Mercosul, o secretário do Comércio Exterior do Brasil, Lucas Ferraz, disse à agência Bloomberg em 8 de maio que um acordo comercial "nunca esteve tão próximo".
"Fizemos mais progressos em quatro meses do que em 20 anos", garantiu.
A França, que sempre defendeu seus agricultores, não bloqueia mais as concessões sensíveis no setor agrícola para abrir as fronteiras da UE aos produtos sul-americanos, acrescentou. Em sua opinião, é o Brasil que deve concluir os trabalhos técnicos para avançar.
No cenário mais otimista, citado pela Bloomberg, um acordo de princípio poderia ser alcançado nesta semana durante uma rodada de negociações em Buenos Aires ou, na falta deste, em junho, após as eleições europeias.
O acordo UE-Mercosul, que está em discussão há quase 20 anos, é o maior já assinado pelos europeus.
As negociações, que pareciam estar prestes a se materializar nos últimos meses, colidiram com as divergências entre o Brasil e a UE, especialmente em termos de acesso de carne e açúcar aos países da UE e ao setor automotivo.
copiado https://www.afp.com/pt/n
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