Ataque de desertores na Síria parece guerra civil, diz Rússia

Chanceler russo volta a pedir diálogo entre governo e oposição, enquanto cresce pressão internacional contra regime de Assad

iG São Paulo | 17/11/2011 09:36 - Atualizada às 21:06
  • O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou nesta quinta-feira que o ataque de desertores do Exército sírio contra um complexo de inteligência parece um ato de "guerra civil", reiterando o apelo de Moscou pelo início de negociações entre o governo da Síria e seus opositores.

Foto: Reuters
Uma síria que mora na Jordânia pintou a bandeira dos dois países nas mãos durante protestos contra Assad em Amã

"Assistimos às notícias na televisão indicando que uma nova força, o chamado Exército Livre da Síria, organizou um ataque contra um prédio do governo pertencente às Forças Armadas sírias. Isso já é completamente parecido a uma verdadeira guerra civil", disse Lavrov após encontro com o ministro de Relações Exteriores da índia, S.M. Krishna, em Moscou.
"É preciso acabar com a violência, não importa de onde ela venha", afirmou, ressaltando que a violência na Síria "não vem apenas de estruturas governamentais".

O ataque ao complexo de inteligência na periferia da capital síria, Damasco, ocorreu na madrugada de quarta-feira. Segundo fontes ouvidas pela BBC, seis soldados foram mortos no ataque, reivindicado pelo Exército Livre da Síria. Fontes da oposição, por sua vez, afirmaram que 20 policiais foram mortos ou feridos.
Horas depois, a Liga Árabe deu a Damasco o prazo de três dias para acabar com a violência contra civis, ou serão aplicadas mais sanções. Em comunicado, o grupo e a Turquia pediram a adoção de medidas “urgentes para proteger os civis” da repressão do presidente Bashar al-Assad. “O Fórum (de cooperação turco-árabe) afirma que é preciso deter o derramamento de sangue e preservar os cidadãos sírios de novos atos de violência e de matanças, o que implica uma tomada de medidas urgentes para garantir a proteção dos civis.”


EUA

Os Estados Unidos rejeitaram nesta quinta-feira os comentários de Lavrov e negaram que o movimento de protesto na Síria conduza a uma guerra civil.  Segundo Mark Toner, porta-voz adjunto do Departamento de Estado, essa é "uma impressão errônea".

Para os EUA, o regime sírio é o responsável pela onda de violência no país. Um alto funcionário do Departamento de Estado, que falou sem se idenficar, disse que os comentários da Rússia vão ao encontro da propaganda do regime de Assad que afirma que as revoltas são lideradas por terroristas.

Resolução
Após o ataque de desertores, Alemanha, Reino Unido e França aumentaram a pressão por uma resolução da ONU que condene as violações aos direitos humanos na Síria.

De acordo com a AFP, esses países apresentarão uma resolução à comissão de direitos humanos da Assembleia Geral da ONU para uma votação prevista para a próxima terça-feira.

O sucesso da iniciativa poderá pressionar ainda mais o Conselho de Segurança para que adote sanções contra a Síria, após Rússia e China vetarem, no mês passado, uma resolução condenando a repressão

Embaixadores francês, britânico e alemão e colegas árabes se reuniram na quarta. "Há um forte apoio para seguir adiante com o projeto de resolução: algumas delegações árabes, inclusive, manifestaram sua intenção de patrocinar a medida", disse o porta-voz alemão.

Jordânia, Marrocos, Qatar e Arábia Saudita estão de acordo em patrocinar a resolução, e outros Estados árabes poderão se unir à iniciativa, revelou o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant.
"O projeto de resolução colocado sobre a mesa hoje é resultado de longas consultas com os membros da Liga Árabe em resposta aos críticos acontecimentos no território sírio".
"O mundo árabe enviou uma mensagem muito clara: as violações dos direitos humanos e o sofrimento do povo sírio devem parar", disse o embaixador alemão, Peter Witting.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Liu Weimin, disse que o país está "muito preocupado com a situação" e vai avaliar se qualquer resolução “poderá ajudar a resolver as tensões na Síria e facilitar o fim das disputas por meio do diálogo político.
"Pedimos às partes envolvidas o fim da violência, o retorno da estabilidade nacional e da ordem moral o mais rápido possível", declarou o porta-voz.
Na quarta-feira, a França anunciou a retirada de seu embaixador do país, Eric Chevallier. Alain Juppé, chanceler francês, falou ao Parlamento sobre a “retomada da violência” e anunciou a decisão.
Apesar do aumento da pressão internacional, a violência continua nesta quinta-feira na Síria. De acordo com ativistas, tropas fizeram batidas em bairros da cidade de Hama, detendo dezenas de opositores. O Comitê de Coordenação Local alegou que pelo menos nove civis foram mortos, inclusive uma menina de nove anos de idade.Segundo a Organização das Nações Unidas, a repressão contra manifestantes contrários ao presidente sírio deixou 3,5 mil mortos desde que os protestos começaram, há oito meses.
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