Bab al-Aziziya Antigo complexo de Kadafi em Trípoli é transformado em mercado


Bab al-Aziziya

Antigo complexo de Kadafi em Trípoli é transformado em mercado

Publicada em 09/11/2011 às 10h23m
O Globo
Líbios transformaram  Bab al-Aziziya num mercado popular/New York Times
TRÍPOLI - No início do ano ninguém imaginaria esta cena. Mas, com a queda do regime de Muamar Kadafi e a morte do tirano líbio, a antes temida fortaleza de Bab al-Aziziya, em Trípoli, se transformou num mercado popular que funciona todas as sextas-feiras. Nos outros dias da semana, famílias de todos os cantos do país viajam até a capital para conhecer o local que antes servia para receber mandatários estrangeiros e fazer planos de guerra.

É possível encontrar tubos de pasta de dente, cremes hidratantes, loções, sapatos e até animais à venda em Bab al-Aziziya. Mães e pais de províncias distantes vão até Trípoli para olhar com ar de satisfação o destino final do complexo. Até mesmo pessoas que não pegaram em armas durante o levante contra Kadafi visitam a antiga casa do ditador, bombardeada pela Otan repetidas vezes durante a guerra civil, que começou em março passado.
- Durante 42 anos, ele (Kadafi) dizia: "Façam isso, façam aquilo" - disse o segurança de 28 anos Khaled al-Fittouri, que veio desde Zlitan com suas duas filhas, ao "New York Times" - Nós queríamos ver onde Kadafi morava.
Além de abrigar os temidos Comitês Revolucionários de Kadafi e o escritório da Inteligência do regime, Bab al-Aziziya servia como residência privada do ditador e também continha a agora destruída prisão de Abu Salim, onde há 15 anos um massacre matou cerca de 1.200.
- Meus amigos morreram aqui - disse Mohammed Khalifa Swisse, que trouxe sua câmera para filmar o que restou da antiga prisão.
O próprio Swisse foi detido e passou 12 anos em Abu Salim após ser condenado por desenhar um grafite anti-Kadafi num muro de Trípoli.
Não muito longe dali, um grupo de líbios espia os cartazes satirizando o ditador que são vendidos na Praça dos Mártires, onde ele costumava fazer seus longos discursos para multidões. A maioria nem compra, mas observa com ironia as versões de Kadafi como prostituta, usando vestidos extravagantes ou uma estrela de Davi. Ainda há desenhos que ridicularizam sua peruca ou seu medo de envelhecer, traduzido em vida por um número exagerado de intervenções cirúrgicas mal-sucedidas.
Mas a feira semanal em Bab al-Aziziya é também uma prova das inúmeras oportunidades comerciais que a queda de Kadafi pode representar. O mercado é uma mistura de shopping ao ar livre com parque de diversões. O visitante vai ao complexo visitar as ruínas do antigo regime e acaba saindo com compras nas mãos.
Os vendedores aproveitam qualquer lugar para armar suas barracas. Abdu Salam al-Harashi, por exemplo, usa as ruínas do bombardeiro americano de 1986 (preservada com rigor por Kadafi) como estoque para seus produtos.
- Qualquer lugar que você possa ir e fazer dinheiro é um bom lugar. Contanto que eu possa vender, eu não me importo - disse al-Harashi.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/11/09/antigo-complexo-de-kadafi-em-tripoli-transformado-em-mercado-925767428.asp#ixzz1dDajR1qo
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