China investiga dissidente Ai Weiwei por pornografia on-line

18/11/2011 - 10h32

China investiga dissidente Ai Weiwei por pornografia on-line

Atualizado às 15h08.
O artista chinês Ai Weiwei afirmou nesta sexta-feira que foi iniciada uma investigação por parte das autoridades chinesas sobre acusações de que ele teria ajudado a divulgar pornografia na internet. As novas suspeitas recaem sobre o dissidente após semanas de campanha contra uma multa milionária que o regime quer que ele pague.
Segundo Ai, policiais convocaram o cinegrafista Zhao Zhao, um dos assistentes do artista, para interrogatórios na quinta-feira. Ele foi questionado sobre fotos artísticas que tirou de Ai e quatro mulheres, nas quais todos apareciam pelados. A obra foi intitulada "Um tigre, oito seios", em tradução livre.
As investigações parecem reacender uma acusação levantada contra o dissidente quando ele foi detido em abril. Havia relatos de que ele era investigado por evasão fiscal, bigamia e divulgação de pornografia on-line.
"Se eles entendem nudez como pornografia, então a China ainda está na dinastia Qing (1644-1911)", disse Ai. As autoridades chinesas não se manifestaram sobre o assunto.
Zhao contou que policiais lhe disseram que procurariam acusações contra ele por conta das imagens caso elas fossem amplamente divulgadas por considera-las obscenas. Ele afirmou acreditar que as investigações fazem parte da empreitada chinesa em difamar Ai e calar suas críticas ao regime.

Ai Weiwei/France Presse
Fotografia mostra Ai Weiwei sem roupa com quatro mulheres; China investiga artista por pornografia
Fotografia mostra Ai Weiwei sem roupa com quatro mulheres; China investiga artista por pornografia

O artista, de 54 anos e famoso por seu trabalho "Ninho de Pássaro", no Estádio Olímpico de Pequim, ficou preso sem acusação formal durante 81 dias este ano, medida que provocou críticas de governos ocidentais. Ele foi libertado em junho, após firmar um acordo --que já desrespeitou desde então-- de que pararia com as críticas.
Nas últimas semanas, as autoridades chinesas estão cobrando dele uma quantia de 15 milhões de yuans (US$ 2,4 milhões) por suposta evasão fiscal. Ai teve que pagar quase metade desse valor como garantia para poder recorrer da multa.
Simpatizantes vêm fazendo doações ao dissidente. Na segunda-feira, uma voluntária da campanha de arrecadação, Liu Yanping, informou que receberam US$ 1,04 milhão para ajudar a pagar a multa que vence em 15 de novembro.
Ao todo, 24.130 pessoas enviaram quantias, tanto pelo Alipay, um sistema de pagamento on-line, quanto pelo cartão bancário, segundo Liu.

Andy Wong/Associated Press
Artista dissidente chinês Ai Weiwei chega a escritório para pagar garantia contra multa fiscal
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