Empresa deve ser indiciada duas vezes pelo vazamento de óleo na bacia de Campos

Empresa deve ser indiciada duas vezes pelo
vazamento de óleo na bacia de Campos

Uso de areia para fazer o óleo descer foi criticado por delegado da Polícia Federal
Marcelo Bastos, do R7 | 19/11/2011 às 19h19
 
Luiz Morier/Secretaria Meio Ambiente
óleo vazamento
Polícia ainda investiga quantidade de óleo que vazou
 
O delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal, responsável pelas investigações do vazamento de óleo na bacia de Campos, informou neste sábado (19) que a empresa Chevron, responsável pela extração do petróleo, pode ser indiciada duas vezes por crime ambiental.
- O secretário Carlos Minc informou que a empresa está jogando areia no óleo que está sobre a superfície para que ele desça de volta para o fundo do mar. Caso isso seja comprovado, a empresa será responsabilizada duas vezes: uma pelo vazamento em si e outra por usar essa técnica. O correto seria retirar o petróleo do mar, e não mandá-lo para baixo.
O delegado informou também que deve ouvir na próxima quarta-feira (23) e sexta-feira (25) pelo menos sete funcionários da empresa Chevron para saber exatamente quais foram os erros que provocaram o vazamento e o que foi feito para conter o petróleo no fundo do mar. Entre os ouvidos estão técnicos, como engenheiros, e até o presidente da companhia.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, acusou, na sexta-feira (18), a empresa petrolífera Chevron de ter subestimado a quantidade real de petróleo vazado do Campo de Frade, na bacia de Campos. Minc sobrevoou a área atingida pelo vazamento a bordo de um helicóptero da Marinha e constatou que a quantidade de óleo no mar é maior do que o anunciado pela empresa.

- A mancha é muito grande. Está borbulhando e continua saindo óleo da fissura. Nós vimos três baleias jubarte a 300 m, o que significa que a biodiversidade já está afetada. Se a empresa sonegou informação, e tudo indica que sonegou, ela tem que ser ainda mais rigorosamente punida. Por ter poluído, por ter afetado a biodiversidade e por ter sonegado a informação.
Segundo Scliar, a punição para este tipo de crime varia entre um e quatro anos de prisão, no caso da responsabilidade de pessoa física e, caso a responsabilidade seja de pessoa jurídica, a pena pode ser a impossibilidade de concorrer em licitações por até cinco anos.
- Com relação ao tamanho da extensão, isso não importa muito para a Polícia Federal. Comprovado o vazamento, já está configurado o crime ambiental. Essa questão serve mais para a esfera administrativa, que vai estipular valores de multa.
Minc considerou que houve erro em um estudo geológico anterior, ao não prever a possibilidade de uma falha no subsolo.
- Isso é muito grave. Pois significa que deveria ter sido previsto antes e poderia inclusive evitar esse tipo de acidente.

O secretário também classificou o acidente como um alerta para toda a exploração do pré-sal que está começando no país.
- Este não foi um acidente gravíssimo, mas foi um festival de erros. Serve para nós como um alerta vermelho. Este é um [poço], o pré-sal vai ter mil. Então temos que tirar lições disso.

O presidente da subsidiária brasileira da Chevron, George Buck, negou que a empresa tenha subestimado o tamanho do vazamento e disse que era muito difícil definir a real dimensão do problema. Segundo ele, 11 dias após o vazamento, que começou no último dia 7, a empresa ainda não sabe o quanto de óleo efetivamente vazou do Campo de Frade.
COPIADO : http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro

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