Espanha vota em meio a pior crise em 40 anos
A Espanha vai à urnas no domingo para eleições gerais, que, segundo as pesquisas de opinião e prognósticos de especialistas têm um favorito claro: o candidato conservador Mariano Rajoy, que participa pela terceira vez do pleito.
A campanha eleitoral foi dominada pela pior crise econômica do país em 40 anos.Eleições na Espanha
Mariano Rajoy promete levantar a economia espanhola, mas foi criticado por evitar apresentar suas ideias e por fazer uma campanha passiva, apostando no desgaste provocado pela crise sobre o governo socialista de José Luis Rodriguez Zapatero e seu candidato.
O líder do PP, que evitou as entrevistas coletivas durante a campanha e participou de um único debate com o candidato socialista, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse que a solução para sair da crise é "fazer as coisas bem, e o PP fará as coisas bem".
Rajoy indicou que pretende introduzir reformas trabalhistas, controlar o deficit público e apoiar pequenos empresários.
Mas a falta de uma proposta ampla e clara gerou críticas dentro e fora da Espanha. A revista britânica The Economist o chamou em uma legenda de foto de "o homem que não tem nada a dizer", e vários jornalistas de economia espanhola lhe definem como "o mudinho".
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Desgaste dos socialistas
Para José Torres, professor de Economia Aplicada da Universidade de Sevilha, "todos damos por certo que Rajoy será governante por acidente".
"Não sabemos se o PP tem um programa econômico sólido, mas em casos assim as receitas são muito conhecidas. Falará de negociação coletiva no princípio, logo anunciará reformas fiscais. O ambiente na zona euro é muito volátil e obriga (o governo) a adotar medidas pragmáticas. Teremos austeridade em qualquer caso", disse Torres à BBC Brasil.
Os socialistas tentam evitar uma derrota por uma diferença muito grande. Na prévia de maio, nas eleições para os governos regionais, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), partido que dirige a Espanha há quase oito anos, teve o pior resultado de sua histíoria.
O PP, dos conservadores, passou a governar em 11 das 17 comunidades autônomas (equivalentes aos Estados brasileiros).
Abstenção
O veterano Rubalcaba, ex-ministro no governo de Felipe González (1982-1996), foi escolhido em julho para a candidatura e tenta se esquivar da herança da crise com propostas como criar um imposto para ricos, eliminar cargos públicos e a introdução de incentivos à criação de pequenas empresas com isenções fiscais.
Segundo os analistas, o maior problema dos socialistas é o alto índice de eleitores que dizem optar pela abstenção na hora do voto. Ao contrário do Partido Popular, que confia no voto de seu eleitor tradicional, o PSOE teme que seus eleitores habituais, desencantados, optem por não votar.
"Há um setor de eleitores do PSOE insatisfeitos, que não entendem as respostas do partido durante a crise e sua falta de reação depois da grande derrota nas eleições de maio", disse à BBC Brasil Fernando Vallespín, professor de Ciência Política da Universidade Autônoma de Madri .
Para Vallespín, o partido já assumiu a derrota e luta para "mobilizar os seus militantes mais fiéis já pensando na renovação da liderança depois de domingo".
Diferença
A última pesquisa do estatal Centro de Investigações Sociológicas (CIS) prevê que os conservadores elejam 195 dos 350 deputados do Parlamento. Os socialistas chegariam a 121, seu pior resultado desde 1977.
A estimativa da empresa de pesquisas Metroscopia para o jornal El País dá 44,8% ao PP e 30% ao PSOE.
Apesar da ampla margem de intenção de votos, o candidato conservador não provoca muito entusiasmo entre a população. Segundo a pesquisa do CIS, Rajoy inspira "pouca" ou "nenhuma" confiança em 71,3% dos entrevistados. Quase alcançando o primeiro-ministro Zapatero, que supera os 80%.
COPIADO : http://www.bbc.co.uk/portuguese/
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