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Sistema Paulo Freire


Registro de um círculo de cultura no Gama/DF (1963) com a presença de Paulo Freire, onde um alfabetizando carregando o filho, verbaliza e mostra sua descoberta - TU JÁ LÊ - no uso dos "peda­ços" (sílabas) da palavra TIJOLO. 
Após experimentos iniciais no MCP e na CEPLAR, Paulo Freire sistematizou a alfabetização de adultos no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife e, em 1963, realizou a experiência de Angicos, no Rio Grande do Norte. O sucesso dessa experiência, alfabetizando 300 pessoas em 40 horas, e a vitalidade dos movimentos sociais no período, especialmente estudantil, provocou a escalada do sistema em todo o país. Em fins de 1963 foi elaborado o Plano Nacional de Alfabetização, visando alfabetizar cinco milhões de jovens e adultos em dois anos. O PNA teve início no Estado do Rio de Janeiro, mas foi interrompido logo após o golpe militar de 1964.
 
 Prof. Osmar Fávero - Universidade Federal Fluminense - UFF

Apresentação

Da vasta obra de Paulo Freire, no Brasil e no exterior, foram selecionados apenas os materiais relativos aos “primeiros tempos”, relacionados às experiências iniciais de alfabetização e educação de adultos, a saber: os textos de fundamentação sobre o sistema de alfabetização, elaborados pela equipe do SEC - Serviço de Extensão Cultural da então Universidade do Recife, publicados em Estudos Universitários, Revista de Cultura dessa universidade n. 4, abril-junho 1963; o dossier das experiências de Angicos e de Brasília, ambas realizadas em 1963, e o Programa Nacional de Alfabetização (PNA), iniciado nos primeiros meses de 1964, na Baixada Fluminense, e suspenso pelo golpe militar, a partir de 31 de março do mesmo ano. As pastas deste módulo foram organizadas com os referidos materiais, na ordem acima.
Esse período está apresentado no artigo de Osmar Fávero, “Paulo Freire: primeiros tempos”, reproduzido do livro Paulo Freire: a práxis político pedagógico do educador, organizado por Silvana Ventorin, Marlene de Fátima C. Pires e Edna Castro de Oliveira (Vitória: EdUFES, 2000). A concepção de Paulo Freire sobre a educação de adultos está contida em seu livro Educação como prática da liberdade (Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1ª ed. 1967), que traz em apêndice a explicação das fichas de cultura e do processo de alfabetização propriamente dito. Por sua vez, a experiência de Angicos encontra-se inteiramente registrada e comentada no diário elaborado por Carlos Lyra e publicado sob o título As quarenta horas de Angicos: uma experiência pioneira de educação (São Paulo: Cortez Ed., 1996). Em outra perspectiva, está também historiada por Calazans Fernandes e Antonia Terra, em 40 horas de esperança; o método Paulo Freire: política e pedagogia na experiência de Angicos (São Paulo: Ed. Ática, 1994).
A repercussão da experiência de Angicos foi enorme, sobretudo pelo caráter inovador do “sistema de alfabetização”, com forte conteúdo político-ideológico, e pela rapidez com que conseguia alfabetizar (40 horas). A cerimônia de encerramento da experiência, em abril de 1963, e a reportagem de Antonio Callado, no Jornal do Brasil, em janeiro de 1964 dão uma idéia desta repercussão. Seu êxito impulsionou experiências semelhantes em vários estados, numa verdadeira escalada, dando origem ao PNA, proposto pelo MEC. Sob coordenação de Paulo Freire e aplicando seu “sistema”, deveriam ser alfabetizados cinco milhões de jovens e adultos, em dois anos. A experiência inicial do PNA, iniciada na Baixada Fluminense no início de 1964, foi desmontada nos primeiros dias do golpe militar de abril do mesmo ano e todo seu material confiscado pelos militares. O projeto de implantação em Sergipe, segunda área-piloto, não chegou a ser iniciado.
Para a experiência na Baixada Fluminense, as fichas de cultura foram elaboradas por Francisco Brennand, famoso ceramista do Recife, constituindo-se em uma obra de arte. Os 116 slides contendo estas fichas e as situações de aprendizagem que introduzem as palavras geradoras, o desdobramento delas e a formação de novas palavras e pequenas frases, foram encontrados após ficarem 30 anos guardados numa geladeira, em Natal. Apesar do cuidadoso trabalho de recuperação, parte do material apresenta o desgaste natural do tempo e das más condições de sua conservação.
A análise mais bem documentada e melhor realizada desses “primeiros tempos” de Paulo Freire está contida no livro de Celso de Rui Beisiegel, Política e educação popular; a teoria e a prática de Paulo Freire no Brasil (São Paulo: Ática, 1982; Coleção Ensaios, 85; 4. ed., Brasília: Liber Livro, 2008). Vanilda Pereira Paiva, em História da educação popular no Brasil (São Paulo: Loyola, 6a ed. 2003), narra com detalhes a montagem do PNA e em Paulo Freire e o nacionalismo-desenvolvimentista (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira; Fortaleza: Ed. UFC, 1980) também explora, sob uma perspectiva crítica, estes primeiros tempos”.

Experiência de Angicos

A repercussão da experiência de Angicos foi enorme, sobretudo pelo caráter inovador do “sistema de alfabetização”, com forte conteúdo político-ideológico, e pela rapidez com que conseguia alfabetizar (40 horas). A cerimônia de encerramento da experiência, em abril de 1963, e a reportagem de Antonio Callado, no Jornal do Brasil, em janeiro de 1964 dão uma idéia desta repercussão. Seu êxito impulsionou experiências semelhantes em vários estados, numa verdadeira escalada, dando origem ao PNA, proposto pelo MEC.

Do material didático do “método de alfabetização”, sistematizado em 1962/1963 por Paulo Freire, foram reproduzidos os esquemas originais elaborados no SEC – Serviço de Extensão Cultural da então Universidade do Recife, para a experiência de Angicos. A série de slides utilizada nesta experiência, embora não esteja completa, é original. Os documentos relativos à experiência (levantamento do universo vocabular, pesquisa sobre o perfil dos alunos etc.) são cópias dos originais do diário de campo elaborado por Carlos Lyra, na sua maioria reproduzidos em seu livro As 40 horas de Angicos.

Vídeos

"Angicos: uma experiência política" -  Paolo Vittoria
Entrevista com Marcos José de Castro Guerra, sobre a experiência de 40 horas em Angicos (1962) desenvolvida com sistema de alfabetização de Paulo Freire.
Duração: 44´52´´

Local e Data: Natal/RN, em dezembro de 2005.

As Quarenta Horas de Angicos
O filme trata da prática educativa sistematizada por Paulo Freire em 1963, na cidade de Angicos, Rio Grande do Norte. O sucesso dessa experiência, alfabetizando 300 pessoas em 40 horas, e a vitalidade dos movimentos sociais no período, especialmente estudantil, provocou a escalada do sistema em todo o país.
Em fins de 1963 foi elaborado o Plano Nacional de Alfabetização, visando alfabetizar cinco milhões de jovens e adultos em dois anos. O PNA teve início no Estado do Rio de Janeiro, mas foi interrompido logo após o golpe militar de 1964.
Disponível em duas partes:

Experiência de Brasília

Livros

Educação como prática da liberdade
resenha
l íntegra
Paulo Freire - 1ª edição
Educação como prática da liberdade

Paulo Freire - 19ª edição
 
Capa e
contracapa da 4ª edição
Resenha: Política e educação popular
Celso Beisiegel
Resenha: 40 horas de esperançaCalazans Fernandes e Antônia Terra
Resenha: As 40 horas de AngicosCarlos Lyra

Paulo Freire - Diafilme

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