Publicação: Domingo, 29/01/2012 às 18:16:00
Fórum de Davos termina em clima de otimismo cauteloso
"Otimismo cauteloso" foi a palavra de ordem dos banqueiros que participaram da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, encerrada hoje em Davos (Suíça). Embora tenham persistido as conversas sobre o risco de fragmentação da zona do euro, poucos esperam que isso venha a acontecer, pelo menos no curto prazo.
Para os banqueiros, muita gente ainda está subestimando a oferta do Banco Central Europeu (BCE), de oferecer crédito ilimitado aos bancos por três anos. Segundo um deles, essa política é parte relaxamento quantitativo da política monetária e parte recapitalização dos bancos "pela porta dos fundos", por meio de estímulos ao crescimento dos lucros. O banqueiro acrescentou que ao remover do cenário a perspectiva de uma crise bancária sistêmica, o BCE comprou tempo para a zona do euro.
O otimismo ganhará impulso se a Grécia fizer um acordo nos próximos dias com seus credores privados. A perspectiva de um acordo melhorou depois de se admitir que os provedores oficiais de crédito para a Grécia - a União Europeia (UE), o BCE e o FMI (Fundo Monetário Internacional) - também sofrerão perdas se um acordo com os credores privados não for suficiente para colocar a dívida grega numa base sustentável.
Qualquer perda para os credores oficiais da Grécia deverá assumir a forma de reduções nas taxas de juro, e não de um perdão da dívida, disse o comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn. Isso torna menos provável que a Grécia seja forçada a um default (calote) que inclua perdas substanciais para a exposição do BCE à dívida grega, estimada em € 45 bilhões, já que isso precipitaria a saída do país da zona do euro.
Desafios
A cautela dos banqueiros reflete a preocupação de que os governos dos países da zona do euro não usem da melhor maneira o tempo que estão ganhando. Os desafios são bem entendidos; a controvérsia em andamento sobre uma possível perda de soberania da Grécia (com a instalação permanente de um monitor da UE no país, com poder de veto sobre decisões de gastos, como defende a Alemanha) é um lembrete de que o risco de um acidente político segue elevado.
Há consenso de que tanto a Itália como a Espanha precisam avançar com reformas que impulsionem o crescimento e melhorem a produtividade. Ao mesmo tempo, a austeridade fiscal e a desalavancagem deverão continuar a prejudicar o crescimento. A zona do euro precisa aumentar o tamanho de seus fundos de assistência financeira, de modo a criar uma "firewall" que evite contágios no caso de algum outro país ficar sem acesso aos mercados financeiros. Além disso, Portugal ainda poderá precisar de mais ajuda e muitos acreditam que somente um compromisso claro de transferências diretas de recursos entre governos e de emissões de bônus da zona do euro como um todo poderão convencer os mercados de que a moeda única vai sobreviver.
Enquanto essas dúvidas permanecerem, os bancos continuarão a se preparar para o pior. Muitos usarão o crédito barato do BCE para comprar bônus domésticos, mas a maioria continuará a reduzir sua exposição à dívida de outros países. Os bancos também deverão continuar priorizando a concessão de crédito em seus próprios países, ao mesmo tempo em que reduzem sua alavancagem. As autoridades reguladoras devem encorajar esse processo, ao tentar blindar seus respectivos sistemas financeiros. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Agencia Estado
Para os banqueiros, muita gente ainda está subestimando a oferta do Banco Central Europeu (BCE), de oferecer crédito ilimitado aos bancos por três anos. Segundo um deles, essa política é parte relaxamento quantitativo da política monetária e parte recapitalização dos bancos "pela porta dos fundos", por meio de estímulos ao crescimento dos lucros. O banqueiro acrescentou que ao remover do cenário a perspectiva de uma crise bancária sistêmica, o BCE comprou tempo para a zona do euro.
O otimismo ganhará impulso se a Grécia fizer um acordo nos próximos dias com seus credores privados. A perspectiva de um acordo melhorou depois de se admitir que os provedores oficiais de crédito para a Grécia - a União Europeia (UE), o BCE e o FMI (Fundo Monetário Internacional) - também sofrerão perdas se um acordo com os credores privados não for suficiente para colocar a dívida grega numa base sustentável.
Qualquer perda para os credores oficiais da Grécia deverá assumir a forma de reduções nas taxas de juro, e não de um perdão da dívida, disse o comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn. Isso torna menos provável que a Grécia seja forçada a um default (calote) que inclua perdas substanciais para a exposição do BCE à dívida grega, estimada em € 45 bilhões, já que isso precipitaria a saída do país da zona do euro.
Desafios
A cautela dos banqueiros reflete a preocupação de que os governos dos países da zona do euro não usem da melhor maneira o tempo que estão ganhando. Os desafios são bem entendidos; a controvérsia em andamento sobre uma possível perda de soberania da Grécia (com a instalação permanente de um monitor da UE no país, com poder de veto sobre decisões de gastos, como defende a Alemanha) é um lembrete de que o risco de um acidente político segue elevado.
Há consenso de que tanto a Itália como a Espanha precisam avançar com reformas que impulsionem o crescimento e melhorem a produtividade. Ao mesmo tempo, a austeridade fiscal e a desalavancagem deverão continuar a prejudicar o crescimento. A zona do euro precisa aumentar o tamanho de seus fundos de assistência financeira, de modo a criar uma "firewall" que evite contágios no caso de algum outro país ficar sem acesso aos mercados financeiros. Além disso, Portugal ainda poderá precisar de mais ajuda e muitos acreditam que somente um compromisso claro de transferências diretas de recursos entre governos e de emissões de bônus da zona do euro como um todo poderão convencer os mercados de que a moeda única vai sobreviver.
Enquanto essas dúvidas permanecerem, os bancos continuarão a se preparar para o pior. Muitos usarão o crédito barato do BCE para comprar bônus domésticos, mas a maioria continuará a reduzir sua exposição à dívida de outros países. Os bancos também deverão continuar priorizando a concessão de crédito em seus próprios países, ao mesmo tempo em que reduzem sua alavancagem. As autoridades reguladoras devem encorajar esse processo, ao tentar blindar seus respectivos sistemas financeiros. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Agencia Estado
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