País - Sociedade Aberta
Panela de pressão
É notório que nos últimos anos o estado do Rio de Janeiro se movimentou na direção de melhorar a segurança pública, buscando resgatar a ordem urbana. As UPPs sacramentaram essa estratégia, mudando a rotina de milhares de pessoas, dando-lhes de volta paz e dignidade. Porém, há um rebuliço do tráfico que, além de se espalhar pela Baixada Fluminense aterrorizando os cidadãos, insiste em atuar nas áreas pacificadas, desafiando as autoridades e matando policiais.O sinal de alerta está aceso.
Segundo dados divulgados esta semana pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), em agosto deste ano foram registrados 294 homicídios, 20,8% a menos do que no mesmo mês de 2011. De janeiro a agosto de 2012, foram 2.699 os homicídios, contra 2.954 no mesmo período do ano passado, representando uma redução de 8,6%. Números que seriam para se comemorar, porém outros delitos, como roubos de veículos, voltaram a registrar aumento.
Além disso, mais da metade dos PMs mortos em serviço na capital foi em áreas pacificadas. Dos sete casos, quatro ocorreram em territórios recuperados pelo estado. A situação se agravou nos últimos dias, com duas mortes de PMs na Rocinha, em São Conrado, e no Morro da Coroa, no Catumbi.
Mesmo com mais uma UPP inaugurada, a da Rocinha, episódios como esse mostram a ousadia dos bandidos, enquanto que as autoridades estudam a manutenção do planejamento de ocupação territorial de comunidades onde atuam as principais facções criminosas.
Enfim, o processo de pacificação é constante, e o serviço de inteligência não pode parar. Rastrear esses bandidos, identificando, inclusive, aqueles que permanecem nas comunidades travestidos de moradores é um exercício necessário para que os PMs se livrem da pena de morte imposta pelos traficantes. Não podemos considerar que está tudo resolvido, pois, caso contrário, o que teremos, em verdade, é uma panela de pressão que pode explodir a qualquer momento.
* Marcos Espínola é advogado criminalista. COPIADO www.jb.com.br
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