Prestes a completar 64 anos, Uerj enfrenta crise e onda de violência
Professores sem reajuste e constantes assaltos no campus são alguns dos problemas citados
Rio
Prestes a completar 64 anos, Uerj enfrenta crise e onda de violência
Professores sem reajuste e constantes assaltos no campus são alguns dos problemas citados
A menos de um mês de comemorar 64 anos de existência, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) vai promover uma série de atrações culturais em dezembro. Contudo, nos últimos anos a universidade não tem muito o que comemorar. A queda de qualidade no ensino aliado ao descaso do governo estadual tem feito a universidade enfrentar uma sequência de problemas que parece não ter fim.
No último dia 14, os docentes e técnicos administrativos empossaram os novos representantes, o que deixou alunos e funcionários da universidade com um alento de esperança. Segundo informações da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj) existem professores, ativos e aposentados, que estão sem receber reajustes há 12 anos.
“Temos professores ativos e aposentados que estão há 12 anos sem receber reajuste no salário, isso da uma defasagem de 83,8% no vencimento desses profissionais. O governo enviou 40 mensagens de reajustes, pressionados por ameaças de greve, e nenhuma dessas 40 mensagens dizia respeito à Uerj”, comentou o assessor da Asduerj, Sérgio Franklin.
A Secretaria de Ciência e Tecnologia, responsável pela universidade, foi procurada pela reportagem do JB, mas não se pronunciou sobre o assunto até o momento.
Nesta quarta-feira (26), os professores da Uerj farão um ato na Alerj, às 14h, na tentativa de levar à votação, ainda este ano, o Projeto de Lei 3232/2014. O projeto faz emendas à lei 6328/2012, que implantou o regime de dedicação exclusiva na universidade.
O projeto de lei 3232/2014 é de autoria de deputados da Comissão de Educação de Alerj, e explicita o direito ao Adicional de Dedicação Exclusiva na aposentadoria. Protocolado na mesa diretora da Alerj em outubro, o projeto ainda não tem data marcada para ir à votação no plenário.
GREVE DA LIMPEZA
Na última semana, os funcionários da Construir Arquitetura, empresa terceirizada que presta serviços de limpeza no campus da universidade, entraram em greve devido à falta de pagamento. Segundo a empresa, o pagamento não foi realizado, pois o repasse que deveria ser feito pelo governo do estado não aconteceu. A Construir Arquitetura diz ainda que tem vencimentos em aberto do mês de agosto.
>> RELEMBRE O CASO
“O responsável pelo repasse para pagar os funcionários que prestam serviços de limpeza no campus da universidade é o governo do estado. Desde o quinto dia útil houve negociação com os responsáveis que prometiam fazer o pagamento, mas como até agora nada foi feito, os funcionários resolveram cruzar os braços e entrar em greve", disse o presidente do Sindicato de Asseio e Conservação do Rio, que se identificou como Marques, em conversa com o JB.
A universidade alega que o dinheiro já foi repassado e a dívida já foi quitada. No entanto, a paralisação segue desde a semana passada.
ONDA DE VIOLÊNCIA
Além de todos os problemas citados acima, no último ano os alunos da Uerj estão convivendo com o medo diário de assaltos no entorno do campus da universidade. Os números são alarmantes: de janeiro a agosto deste ano, foram registradas 1.161 ocorrências, um aumento de 23% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os alunos reclamam da retirada de uma cabine da Polícia Militar que ficava na passarela do Metrô Maracanã há cerca de três meses.
Igor Alcântara é aluno da universidade e foi assaltado por três rapazes, que segundo ele aparentavam ser menores de idade. Os marginais usaram uma faca e levaram o celular, além de todo o dinheiro que ele tinha na carteira.
“Eu estava saindo do Metrô Maracanã quando três rapazes me abordaram. O mais velho aparentava uns 17 anos, enquanto os outros dois, no máximo 14. O mais velho colocou uma faca na minha barriga enquanto os outros me davam tapas e iam pegando as coisas do meu bolso. Levaram meu celular e todo o dinheiro que eu tinha na carteira”, contou Igor.
Ao ser questionado se a presença da polícia no campus era necessária, o estudante disse que apenas pela sensação de segurança que a medida passaria aos alunos.
“A região é uma das mais violentas da cidade, infelizmente esses marginais não se intimidam com a presença da polícia. A prova disso é a existência da cavalaria da PM próximo à Quinta da Boa Vista que não impede que o local seja violento. Particularmente eu acredito que a instalação de uma base da PM no campus não afetaria de fato os números de assalto, mas deixariam os alunos com uma sensação maior de segurança, e isso é importante”, finalizou.
Com medo de ficar marcada, uma aluna que não quis se identificar disse que em dia de jogo no Maracanã, a situação fica ainda pior.
”Se você passar ali na rampa do metrô em dia de jogo, vai ver como a situação é complicada. Eu tenho medo de me identificar pois estou aqui todos os dias, e os bandidos são sempre os mesmos, fico com receio de ficar marcada”, comentou a aluna.
Em uma página administrada por alunos nas redes sociais, a quantidade de reclamações e avisos a respeito de assaltos é assustadora.
A PM alega que uma viatura faz a ronda no local 24 horas por dia. Além disso, um carrinho elétrico circula pelo local das 6h às 18h, e durante um dia aleatório da semana esse horário é estendido até às 23h.
* Do programa de Estágio do Jornal do Brasil
copiado http://www.jb.com.br/r
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