18:06 - 29 de Novembro de 2014
Cabo Verde Desalojados do vulcão sem saber o que pensar sobre futuro
Margarida de Pina
Silva, 26 anos, chegou ao centro de acolhimento de Achada Furna há dois
dias. Hoje, passada quase uma semana sobre o início das erupções
vulcânicas na ilha cabo-verdiana do Fogo, afirma desconhecer o futuro.
Mundo
Lusa
18:06 - 29 de Novembro de 2014 | Por Lusa
"Isabel", o "nominho" (alcunha), tem três filhos menores,
que trouxe consigo logo que lhe foi possível abandonar Portela,
localidade em pleno centro de Chã das Caldeiras e cuja população, de
pouco mais de mil habitantes, foi retirada ao longo da semana.
Da casa perdeu apenas as paredes e o teto. O resto veio tudo - portas, janelas, camas, colchões, móveis, televisão, pratos, talheres, etc. Fora de casa, sente-se "culpada" por não ter trazido mais coisas do pequeno hotel, de cinco quartos, em que trabalhava na cozinha e também por não ter podido salvar a pequena horta. "A minha casa está praticamente abandonada. Da minha casa tirei tudo. Mas no trabalho ficaram algumas coisas que não conseguimos trazer. Coisas de casa de banho".
A "culpa" é sentida, pois, em Portela, diz, ninguém gosta de perder nada, nem que pertença aos outros, pois tudo pode ser aproveitado.
Quanto ao futuro, "Isabel" diz que as coisas revelam-se mais complexas.
"Quanto ao futuro não sei. Só Deus sabe. Nem sabemos o que podemos pensar sobre o nosso futuro. Passou pouco tempo, sete dias. Vamos ver o que vai acontecer mais para a frente, se o vulcão para", salientou.
Margarida de Pina Silva é uma das 290 habitantes desalojadas de Portela que encontraram refúgio no centro de acolhimento montado na pequena escola de Achada Furna, no sul do Fogo, dois mil metros mais abaixo do vulcão e onde nada falta, a não ser a comodidade do próprio lar.
À Lusa, Sónia Fonseca, coordenadora do centro e vereadora com o pelouro da Ação Social da Câmara de Santa Catarina do Fogo, diz isso mesmo, não se mostrando surpreendida com a grande onda de solidariedade gerada na ilha, de todo o Cabo Verde e até do estrangeiro.
A despensa está cheia de todo o tipo de ingredientes para que nada falte às 64 mulheres, oito delas grávidas e três com crianças a amamentar, 56 homens e 133 crianças, a que se juntam mais de duas dezenas um pouco mais acima, num conjunto de casarios construído após a erupção de 1995, a caminho de Chã das Caldeiras.
Após a "compreensível" agitação inicial, a integração no centro tem sido "muito boa", salienta Sónia Fonseca, lembrando que o mesmo tem acontecido nos outros locais de alojamento (Monte Grande e Mosteiros, ambos no norte da ilha), onde os mais jovens, tal como em Achada Furna, já frequentam jardins de infância e escolas.
"Em relação à alimentação, estamos a receber muitos donativos, de pessoas, de amigos e de instituições. Em São Filipe (20 quilómetros a oeste), há armazéns e sempre que temos algo em falta basta comunicar que somos rapidamente abastecidos. Há muita solidariedade. Graças a Deus, estamos a receber muita ajuda", regozijou-se.
O número de desalojados tem vindo a aumentar diariamente nos três centros, mas todos são recebidos de braços abertos, garantiu Sónia Fonseca, assegurando que nem o cansaço das mais de 30 pessoas que trabalham voluntariament - começam às seis da manhã e terminam cerca da meia-noite - esmorece o esforço.
"Estamos a fazer todos os esforços para que tudo corra bem até que se resolva o problema dos desalojados", garantiu Sónia Fonseca, lembrando que grande parte dos desalojados de Portela está também disperso por casas de familiares e amigos em toda a ilha.
Lá em cima, a mais de dois quilómetros, o vulcão, apesar de se manter "calmo", continua sem dar tréguas, jorrando uma torrente de lava que ocupou já todo o centro de Chã das Caldeiras e atingiu a Portela, onde destruiu 15 casas, 15 currais, 14 cisternas de água, duas casas de apoio à agricultura e uma vasta área rural e agrícola, sem provocar vítimas.
copiado http://www.noticiasaominuto.com/
Da casa perdeu apenas as paredes e o teto. O resto veio tudo - portas, janelas, camas, colchões, móveis, televisão, pratos, talheres, etc. Fora de casa, sente-se "culpada" por não ter trazido mais coisas do pequeno hotel, de cinco quartos, em que trabalhava na cozinha e também por não ter podido salvar a pequena horta. "A minha casa está praticamente abandonada. Da minha casa tirei tudo. Mas no trabalho ficaram algumas coisas que não conseguimos trazer. Coisas de casa de banho".
A "culpa" é sentida, pois, em Portela, diz, ninguém gosta de perder nada, nem que pertença aos outros, pois tudo pode ser aproveitado.
Quanto ao futuro, "Isabel" diz que as coisas revelam-se mais complexas.
"Quanto ao futuro não sei. Só Deus sabe. Nem sabemos o que podemos pensar sobre o nosso futuro. Passou pouco tempo, sete dias. Vamos ver o que vai acontecer mais para a frente, se o vulcão para", salientou.
Margarida de Pina Silva é uma das 290 habitantes desalojadas de Portela que encontraram refúgio no centro de acolhimento montado na pequena escola de Achada Furna, no sul do Fogo, dois mil metros mais abaixo do vulcão e onde nada falta, a não ser a comodidade do próprio lar.
À Lusa, Sónia Fonseca, coordenadora do centro e vereadora com o pelouro da Ação Social da Câmara de Santa Catarina do Fogo, diz isso mesmo, não se mostrando surpreendida com a grande onda de solidariedade gerada na ilha, de todo o Cabo Verde e até do estrangeiro.
A despensa está cheia de todo o tipo de ingredientes para que nada falte às 64 mulheres, oito delas grávidas e três com crianças a amamentar, 56 homens e 133 crianças, a que se juntam mais de duas dezenas um pouco mais acima, num conjunto de casarios construído após a erupção de 1995, a caminho de Chã das Caldeiras.
Após a "compreensível" agitação inicial, a integração no centro tem sido "muito boa", salienta Sónia Fonseca, lembrando que o mesmo tem acontecido nos outros locais de alojamento (Monte Grande e Mosteiros, ambos no norte da ilha), onde os mais jovens, tal como em Achada Furna, já frequentam jardins de infância e escolas.
"Em relação à alimentação, estamos a receber muitos donativos, de pessoas, de amigos e de instituições. Em São Filipe (20 quilómetros a oeste), há armazéns e sempre que temos algo em falta basta comunicar que somos rapidamente abastecidos. Há muita solidariedade. Graças a Deus, estamos a receber muita ajuda", regozijou-se.
O número de desalojados tem vindo a aumentar diariamente nos três centros, mas todos são recebidos de braços abertos, garantiu Sónia Fonseca, assegurando que nem o cansaço das mais de 30 pessoas que trabalham voluntariament - começam às seis da manhã e terminam cerca da meia-noite - esmorece o esforço.
"Estamos a fazer todos os esforços para que tudo corra bem até que se resolva o problema dos desalojados", garantiu Sónia Fonseca, lembrando que grande parte dos desalojados de Portela está também disperso por casas de familiares e amigos em toda a ilha.
Lá em cima, a mais de dois quilómetros, o vulcão, apesar de se manter "calmo", continua sem dar tréguas, jorrando uma torrente de lava que ocupou já todo o centro de Chã das Caldeiras e atingiu a Portela, onde destruiu 15 casas, 15 currais, 14 cisternas de água, duas casas de apoio à agricultura e uma vasta área rural e agrícola, sem provocar vítimas.
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