O
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho afirmou ontem que o governo
grego e os credores ainda tem muito trabalho pela frente, até que uma
solução seja encontrada, considerando "perfeitamente lógico" que a
solução tenha associadas medidas de austeridade.
"É perfeitamente
lógico que a concessão de assistência financeira esteja associada a um
compromisso entre credores e beneficiários, quer sob objectivos
orçamentais, quer sob objectivos de reforma estrutural, bem como sobre
as medidas específicas que permitem alcançar estes objectivos", defendeu
o chefe do governo português.
,
embora rejeite a ideia de "tratamento de excepção" em relação a outros
Estados que também estiveram sob ajustamento, como o português.
"Tem
havido, tanto quanto me parece, provas de flexibilidade por parte dos
credores internacionais, designadamente ao proporem agora um saldo
primário mais baixo, para que um acordo possa ser alcançado", afirmou o
primeiro-ministro, defendendo que a assistência financeira deve estar
sujeita a "determinado tipo de condicionalidade".
,
Passos Coelho "reiterou a disponibilidade" do governo português "para o
diálogo e para que se encontre uma solução, mas evidentemente uma
verdadeira solução e não uma falsa solução". Para o primeiro-ministro, a
"falsa solução é aquela que não garante a sustentabilidade da dívida,
quer a reforma estrutural necessária para o regresso ao crescimento
económico, bem como à estabilidade orçamental".
Solução "até ao final da semana"
Ontem,
a zona euro voltou a adiar um acordo em relação à Grécia. Espera-se que
"até ao final da semana" haja um solução "viável". A reunião de ontem
foi meramente "consultiva", por não haver matéria para um acordo. Ainda
assim, as mais recentes propostas do governo foram classificadas como
"realistas".
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, considera que pela primeira vez, "em muitas semanas",
o governo grego apresentou propostas "realistas" e espera que até ao final da semana seja possível evitar o "pior" dos cenários na zona euro.
"A
coisa mais importante é que as responsabilidades dos líderes, no
processo político, é evitar o pior dos casos de uma imponderada e
caótica saída da Grécia", afirmou Tusk, tendo considerado que a proposta
apresentada, em Bruxelas pelo primeiro-ministros grego é a única
"realista" em semanas.
"A mais recente proposta grega é a primeira
proposta realista em muitas semanas, todavia precisa de ser avaliada
pelas instituições e de mais algum trabalho", afirmou o polaco que
preside ao Conselho Europeu, referindo-se ao documento que o
primeiro-ministro grego entregou ontem aos credores.
As instituições vão agora precisar, "até ao final da semana", para
analizar os detalhes das propostas e, "no fundo, ver se as contas apresentadas pelo governo grego batem certo",
comentou uma fonte do eurogrupo ao DN. "Creio que é tempo para uma
solução viável e substancial, que permita à Grécia regressar ao
crescimento, dentro da zona euro, [e] com justiça social e coesão",
acrescentou.
Aumento de impostos e reforma nas pensões
Na
proposta que entregou à Comissão Europeia, ao Banco Central Europeu e
ao Fundo Monetário Internacional, o governo do Syriza aceita a reforma
do sistema de pensões e o aumento das contribuições para a segurança
social e das contribuições para a saúde dos pensionistas. No entanto,
mantém inalterado o valor das reformas.
Em relação ao valor do superávit primário,
Alexis Tsipras cede às exigências dos credores, prometendo alcançar o objectivo de 1% este ano, 2% em 2016 e 3% em 2017. Mas, estas propostas são vistas como ambiciosas para um país que perdeu rendimento e tem uma taxa de desemprego elevada.
Às propostas juntam-se
o aumento dos impostos para as empresas de 26% para 29% em 2016. Com o aumento do IVA, o governo grego espera conseguir receitas de 380 milhões de euros este ano e de 1300 milhões de euros em 2016.
"As novas
propostas do governo grego chegaram esta manhã [ontem] e nós saudamos
isso. É um passo positivo no processo. Mas, devido ao curto espaço de
tempo que as instituições tiveram para olhar para as propostas, foram
incapazes de nos dar uma completa e profunda avaliação", justificou Jeroen Dijsselbloem.
Para
o presidente do eurogrupo, as propostas "dão uma primeira impressão".
"O eurogrupo pediu-lhes que trabalhassem em conjunto e com as
autoridades gregas sobre essas propostas e para analisarem todas as
especificidades e cálculos e trabalharem numa lista de prioridades. E,
tudo isto tendo em vista alcançar um acordo no final desta semana",
adiantou o holandês.
Dijsselbloem deu indicações
para que "o trabalho [técnico] comece imediatamente", prometendo "se for
necessário e se as [negociações] correrem bem", um novo encontro do
eurogrupo "até ao final da semana", antecedendo a cimeira de líderes
europeus.
Antes da reunião do eurogrupo, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble,
voltou a ser muito crítico em relação às propostas, afirmado que o
governo grego "diz que há esforços para criar expectativas no público,
mas ainda nada foi cumprido na essência até agora", apelando a que seja
entregues "propostas substanciais".
Apesar do pessimismo alemão, o
presidente da Comissão Europeia acredita que o final da semana trará um
entendimento. "Não vai ser fácil, mas vamos trabalhar intensamente como
temos feito nestes últimos dois dias. O meu objetivo é chegar a um acordo nesta semana", disse Jean-Claude Juncker, para quem a União Europeia continuará a merecer "confiança", apesar do impasse com a Grécia.
"Não está em causa se
a Europa continua a ser digna de confiança. Continuaremos a ser de
confiança, assim como a Grécia. Temos de nos unir. Estamos no caminho
certo para isso, apesar dos períodos menos favoráveis que passamos",
afirmou.
copiado http://www.dn.pt/inicio/globo
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