"Se ganhar o 'sim', a grande questão é em quem vamos confiar,
com quem vamos trabalhar para implementar esse programa", afirmou
Dijsselbloem, em conferência de imprensa em Bruxelas, colocando assim em
causa a confiança das instituições do Governo grego liderado pelo
Syriza depois de este partido ter dito que iria defender o 'não' na
consulta popular marcada para 05 de julho.
Os jornalistas questionaram ainda o presidente do Eurogrupo sobre o
que é que exatamente o povo grego irá votar, se tanto o programa de
resgate como o prazo de validade da proposta dos credores, com as
medidas a implementar no país, expiram na próxima terça-feira, 30 de
junho.
"Estão-me a perguntar a mim uma questão que deviam fazer - se posso
fazer uma sugestão - ao Governo grego. Não posso responder a isso",
afirmou.
O também ministro das Finanças da Holanda não respondeu sobre o que
acontecerá aos bancos gregos após o fim do programa de resgate, na
terça-feira, dizendo que isso é um assunto que cabe ao Banco Central
Europeu (BCE), que até agora os tem financiado através da linha de
emergência da instituição.
O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, aproveitou a sua
conferência de imprensa para responder às dúvidas de Dijsselbloem sobre a
credibilidade do Governo grego para levar a cabo um programa.
"Então, entendo que o senhor Dijsselbloem ficaria feliz se
implementássemos propostas sem termos o voto do povo grego, mas se
tivermos o voto do povo grego já será um problema", disse Yanis
Varoufakis, também em conferência de imprensa.
Varoufakis garantiu que o Governo de que faz parte está completamente
empenhado em executar a decisão do povo grego qualquer que ela seja e
que se a resposta for "sim" - o que considerou mesmo "altamente
provável" - tudo farão para isso, mesmo que isso signifique mudanças no
Governo.
O ministro das Finanças grego mostrou ainda vontade de que continuem
nos próximos dias e noites as negociações com os credores para "melhorar
as propostas das instituições".
"Nesse caso, a recomendação do nosso Governo mudaria. Em vez de
recomendarmos aos eleitores que votem contra este acordo, mudaríamos
para uma recomendação de voto no 'sim'", adiantou.
No entanto, as instituições já deram a entender que depois da
suspensão "unilateral" das negociações pelo Governo grego que agora já
não têm nada a discutir.
Aliás, depois da reunião do Eurogrupo com os 19 ministros da zona
euro, decorre agora uma segunda sessão de trabalho, mas sem o executivo
grego, para discutir as "consequências" de o programa de assistência à
Grécia expirar na terça-feira sem acordo.
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