Temer estava na planilha da propina do Porto de Santos em 2001, diz Veja Confira a reportagem da Veja LEIA A ÍNTEGRA DA DENÚNCIA CONTRA TEMER E LOURES Além de denúncia, Janot pede ao STF inquérito para investigar Temer sobre “Decreto dos Portos”

Temer estava na planilha da propina do Porto de Santos em 2001, diz Veja


Marcelo Camargo/ABr
Segundo revista, Janot prepara ofensiva para apurar relações antigas e atuais do presidente com grupos que atuam no Porto de Santos, área sobre a qual sempre exerceu grande influência política
 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer reabrir uma investigação para apurar se o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu propina por contratos no Porto de Santos quando ainda era deputado. Segundo a revista VejaJanot pediu ao Supremo Tribunal Federal acesso a um inquérito (o 3105) arquivado em 2011, por recomendação da própria Procuradoria-Geral da República, sobre a suspeita de que Temer havia favorecido indevidamente a empresa Rodrimar, que atua na região portuária da cidade. De acordo com a revista, o ministro Marco Aurélio Mello, que relatou o caso, já decidiu que vai retomar o inquérito conforme for a manifestação da PGR.
Nesta semana, além de denunciar o presidente por corrupção no Supremo, Janot solicitou autorização para a abertura de um inquérito para apurar se o peemedebista beneficiou a Rodrimar no exercício do atual mandato, com a edição de um decreto presidencial em maio. Segundo o repórter Hugo Marques, o pedido de reabertura da antiga investigação faz parte da ofensiva do procurador-geral contra Temer no Porto de Santos, historicamente considerado a área de maior influência dele na máquina pública.
De acordo com Veja, o nome de Temer aparece em uma planilha entregue à Justiça, no início dos anos 2000, pela ex-esposa de Marcelo Azeredo, que presidiu a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) por indicação do peemedebista. Os papeis foram apresentados pela mulher, na época, em meio ao processo de separação litigiosa do casal.
A planilha apontava seis contratos que, conforme a reportagem, renderam propina a Temer, Azeredo e “um tal de Lima”. A suspeita é que a pessoa não devidamente identificada seja o coronel João Baptista Lima, acusado pela JBS de ser um dos operadores do presidente em esquemas de corrupção. Segundo a revista, a Rodrimar pagou R$ 600 mil ao trio. Pelas anotações, metade do valor foi para Temer – e o restante foi dividido entre os demais. Outro grupo que aparece na relação de financiadores do esquema é o Libra, gigante do setor de portos.
Relatório da Polícia Federal divulgado por Veja no início do ano sugere que a doação de R$ 1 milhão feita pelo grupo à campanha presidencial de 2014, na conta de Temer, pode ter sido contrapartida à aprovação da MP dos Portos, relatada pelo ex-deputado cassado e preso Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Decreto dos Portos
No último dia 10 de maio, Temer assinou o chamado Decreto dos Portos. Suspeitas de favorecimento em torno da edição dessa norma levaram Janot a pedir, nesta semana, a abertura de inquérito contra o presidente por acreditar que há evidências de que a medida beneficiou a Rodrimar. A solicitação foi feita no mesmo dia em que o procurador-geral denunciou o presidente por corrupção passiva com base nas investigações das delações da JBS.
A PGR fundamenta o pedido de inquérito em documentos apreendidos em diligências da Operação Patmos, da Polícia Federal, além de interceptações telefônicas feitas em ligações do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), um dos principais aliados de Temer. Preso em 3 de junho eliberado ontem, para continuar em prisão domiciliar, Loures também é alvo da denúncia formalizada na última segunda-feira (26) por Janot.
“Também no decorrer das investigações, foram interceptadas ligações telefônicas de RODRIGO LOURES que indicam a promulgação de, pelo menos, um ato normativo recente que beneficiara diretamente a RODRIMAR S.A., empresa na qual atuam RICARDO CONRADO MESQUITA, diretor, e ANTÔNIO CELSO GRECCO, sócio e presidente. Foi o chamado ‘Decreto do Portos’. [...] O senador Wellington Fagundes [PR-MT] autor do projeto de lei do Senado nº 768/2015, o qual entre outras coisas, estabelece que a ‘…cessão de espaço físico em águas públicas necessárias para o funcionamento de instalações portuárias será sempre gratuita…’ [...] RICARDO CONRADO MESQUITA é membro do Conselho Deliberativo da ABPT – Associação Brasileira dos Terminais Portuários e Diretor da empresa RODRIMAR, a qual possui interesse na regulamentação da concessão das áreas de terminais portuários, conforme publicado em reportagem do VALOR ECONÔMICO, em 25/01/2017”, diz trecho do despacho de Janot.
“Exposição muito grande”
No pedido de investigação, o procurador-geral transcreve diálogos interceptados incluindo falas do próprio Temer, além de Rocha Loures, do senador Wellington Fagundes, do subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, e de Ricardo Saud, um dos executivos da JBS que, segundo as investigações, respondiam pela operacionalização do pagamento de propina para o grupo de Temer. Em uma das ligações, Loures pede a Gustavo que seja adicionada ao decreto um dispositivo normativo para beneficiar grupos empresariais contemplados com concessões para atuar em portor brasileiros antes de 1993, como é o caso da Rodrimar.
“Realmente é uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso [o dispositivo]. Já conseguiram coisas demais nesse decreto. [...] Minha preocupação é expor o presidente em um ato que é muito sensível… Eu acho que já vai causar uma exposição pra ele. Esse negócio vai ser questionado”, responde Gustavo a Rocha Loures.
Em outro telefonema interceptado, Loures informa ao executivo da Rodrimar Ricardo Mesquita a respeito de tratativas para a edição do Decreto dos Portos. Nesse ponto da denúncia, Janot cita apurações da PF sobre o papel de Ricardo, “cogitado como um dos operadores financeiros para receber o dinheiro de propina paga no caso ora denunciado, sobre o Decreto dos Portos”.
“Têm-se, pois, elementos de prova no sentido de que (i) o denunciado RODRIGO LOURES, homem de total confiança do também denunciado MICHEL TEMER, não apenas mencionou diversas pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses financeiros ilícitos (‘Ricardo’, ‘Celso’, ‘Edgar’, o ‘Coronel’ e José Yunes) para TEMER, como também atuou para produção de ato normativo que beneficiara justamente a sociedade empresária possivelmente ligada às figuras de ‘Ricardo’ e ‘Celso’, no caso a RODRIMAR S.A., nas pessoas de RICARDO CONRADO MESQUITA, diretor, e ANTÔNIO CELSO GRECCO, sócio e presidente”, diz a PGR.
“Deve-se mencionar que não existe empecilho, neste caso, para investigar o presidente da República. Isso porque há elementos que indicam a prática de atos no exercício do mandato, vez que relacionados à promulgação do referido Decreto dos Portos, ocorrida em 10 de maio de 2017”, acrescenta a denúncia, que enumera uma série de requerimentos de providências como compartilhamento de provas, cisão e juntada de processos, acesso a documentos e demais diligências.
copiado http://congressoemfoco.uol.com.br/n

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