O nome não é sorte, Noblat. As exibições de força acabam levando à fraqueza

O nome não é sorte, Noblat

Em sua coluna na Veja, Ricardo Noblat diz que Flávio e Jair Bolsonaro “são dois homens de muita sorte” por não de “vazado a informação” de que o “Filho 01” estava sendo investigado por suspeita de enriquecimento ilícito e por não ter se ficado “sabendo à época da ligação deles com milicianos”.
Sim, porque Flávio começou a ser investigado em maio, cinco meses antes da eleição de outubro.
Ressalve-se a ironia do “sorte” usado por Noblat, mas passou da hora de apenas sugerir que para uns se vaza tudo, para outros, o sigilo permanece até que os fatos se consumem.
É inacreditável que os protagonista dos escândalos de movimentações financeiras milionárias não tenha, sequer, sido levados a prestar esclarecimentos.
Na mesma Veja, relata-se o desaparecimento de todos os personagens envolvidos no caso: casas e apartamentos fechados, correspondência acumulando-se nas portas, outros negócios abandonados, sumidos na lama que escorreu das contas da Fabrício Queiroz.
Quando será que os promotores do Ministério Público se dignarão a começar as buscas?

As exibições de força acabam levando à fraqueza

Dos lacônicos – como de praxe – comunicados médicos que saem do Hospital Albert Einstein, só uma certeza e pode extrair: se complicações pós-cirúrgicas são sempre uma possibilidade presente em cirurgias e que há um vasto arsenal de providências para contorná-las, fica evidente, também, que nada é um mar de rosas na recuperação de Jair Bolsonaro e há um imenso e imprudente esforço para mostrá-lo “na ativa”, o que é totalmente desaconselhável para um paciente nesta situação.
Seria impertinente avançar em análises sobre o quadro médico, mas é perfeitamente legítimo e natural que se examine o quadro político que decorre no prolongamento da internação do presidente, num governo que começava, de fato, sua ofensiva sobre direitos individuais e sociais e que não tem qualquer organicidade, representando apenas um aglomerado conservador em torno daquele que se apresentou como alternativa de vitória eleitoral a que a demolição das estruturas partidárias e a interdição das lideranças naturais tornou a única opção de vitória nas urnas.
E, neste páreo, contava-se com um sinal de largada dado pela volta de Bolsonaro ao comando político do governo logo ao final da semana passada, o que evidente não aconteceu. Mas os três principais cavaleiros – sem “h”, claro – estavam e  precisavam estar indóceis para fazer sua arrancada: Hamilton Mourão, Sérgio Mouro e Paulo Guedes estavam na ponta dos cascos para agir e o primeiro, aliás, já mordendo o freio em seus pequenos arranques.
Como se frustrou o planejado e a ausência do chefe terá de ser mais prolongada – ainda que teimosamente negado seu impedimento pela natureza imprudente de Bolsonaro (que não se lembra das “flexões” encenadas com bolsa de colostomia e tudo?) e pela necessidade de conterem os arroubos do vice Mourão – o que se assiste é uma tremenda confusão na largada, com algo que nem nas corridas de cavalo se permite, pois é obrigatório “manter a raia” nos primeiros 100 metros da carreira.
Sérgio Moro, talvez até com certo incentivo do quarto contendor – o clã Bolsonaro e seu núcleo, a quem o escândalo do “Filho 01” deixou capenga  -foi o primeiro a avançar, com seu projeto de emendas autoritárias sobre a legislação, ao qual, superando suas próprias vacilações, inseriu um “quase excludente de ilicitude” para as mortes provocadas por policiais. Foi um dos sinais de que se oferece a ser o ponteiro do governo, o que as agora frequentes menções ao “presidente Bolsonaro” nas entrevistas, o que não fazia antes, não escondem.
Paulo Guedes, que não tem torcida, mas monta o poderoso cavalo do mercado financeiro, reagiu promovendo ou deixando acontecer vazamentos de “bodes previdenciários”, exibindo os dentes ameaçadores do “até onde querem ir”, embora isso não seja o mesmo de onde é possível ir.
Querem disputar a ponta de uma corrida que não pode, formalmente, começar antes que Bolsonaro saia, de verdade, do seu impedimento hospitalar e que não pode avançar pela indefinição do que será, de fato, lançado à pista do Congresso. As montarias começam a desgastar-se antes da hora: os coices, cabeçada e empurrões são inúteis e nada producentes.
O terceiro cavaleiro, Mourão, é quem menos se interessa pela disputa destes dois, exceto nos tropeços que lhes possa apontar. Corre na raia interna, com um flanco protegido pela cerca dos quartéis e, do outro lado, protegido pela autoridade do cargo de vice, tão grande que nem mesmo a interinidade Jair lhe permite. Não procura mas deixa a porta aberta para ser cada vez mais procurado.
O quadro político, ainda extremamente favorável ao ajuntamento que se fez em torno de Bolsonaro, começa a criar fissuras que são difíceis de visualizar de fora. Mas se percebem no improviso e falta de coordenação do organismo governamental e que lhe baixam a imunidade contra organismos oportunistas que vivem em profusão no caldo parlamentar.
Sobretudo porque a carga de anticorpos que carregam os recém eleitos vai baixando e o ambiente do hospital da política é propício, mais que propício, a bactérias super-resistentes.
copiado  http://www.tijolaco.net/blog/

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