UE busca superar divisões antes de negociações comerciais com EUA
AFP/Arquivos / EMMANUEL DUNAND(Arquivo) A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström
A União Europeia (UE) tenta, nesta sexta-feira, superar a divisão entre França e Alemanha sobre o início de uma negociação para um acordo comercial limitado com os Estados Unidos e falar com uma só voz diante do imprevisível presidente americano, Donald Trump.
Os 28 ministros europeus do Comércio vão discutir em Bucareste pela primeira vez esta negociação, dias depois que Trump aumentou a pressão sobre eles, garantindo que, se não chegar a um acordo com a UE, vai impor tarifas aos veículos europeus.
A Alemanha, que procura evitar essa medida em um setor vital para sua economia, espera um forte sinal dos ministros.
"Vamos ver até onde podemos ir", disse o ministro da Economia, Peter Altmaier, ao chegar ao encontro na capital romena.
"Minha intenção não é precipitar as coisas, [mas] alcançar um amplo consenso", incluindo "com meu colega francês", acrescentou.
A França está de fato atrasando essa questão delicada, em meio à crise dos "coletes amarelos" e três meses antes das eleições europeias.
A situação é muito mais complexa, especialmente quando os europeus, com o presidente francês Emmanuel Macron na liderança, não param de repetir que não vão negociar "com uma arma na cabeça".
"Não foi a UE que voltou a colocar 20 centavos na jukebox há alguns dias", disse o secretário de Estado francês, Jean-Baptiste Lemoyne, referindo-se à ameaça de Trump. "A UE não negocia sob ameaça", acrescentou antes da reunião.
Além da França, a Espanha, afetada pelas tarifas injustificadas dos Estados Unidos sobre suas azeitonas, e a Bélgica, dividida pelo acordo da UE com o Canadá, também estão relutantes.
Apesar das vozes discordantes, a comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, que negocia em nome dos 28, espera obter um mandato de negociação a partir de março.
A Eurocâmara, cujo papel é consultivo, poderia decidir sobre o mandato de negociação "no início de março", estimou Malmström.
"E se começarmos as negociações agora, acho que o acordo poderia ser concluído no prazo" da Comissão, que termina no final de outubro, acrescentou.
A ideia de um acordo entre a UE e os Estados Unidos, que só cobriria os bens industriais e não a agricultura, foi idealizada durante uma visita em julho do chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a Trump, quando este ameaçou impor tarifas aos veículos europeus.
Para surpresa geral, ambos conseguiram selar uma trégua comercial e se comprometeram a trabalhar na questão.
Bruxelas garante que um acordo desse tipo aumentaria o comércio bilateral em 53 bilhões de euros até 2033, um grão de areia no comércio em ambos os lados do Atlântico.
Mas o pacto deve envolver também o levantamento das pesadas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao aço e ao alumínio europeus.
As discussões não avançaram muito desde julho, uma vez que os Estados Unidos estão concentrados em outra frente comercial contra a China.
Mas o relatório do Departamento americano do Comércio sobre a indústria automotiva europeia entregue a Trump no domingo aumentou a pressão sobre a UE, apesar de seu conteúdo ser confidencial.
A Comissão já avisou que responderá rapidamente se Washington aumentar as tarifas sobre os veículos europeus. Para isso, possui uma lista de produtos americanos a ser taxados no valor de 20 bilhões de euros.
copiado https://www.afp.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário