Após ocupação, moradores da Rocinha participam de reunião com Bope Objetivo era falar sobre o futuro da favela. Vice-governador também participou do encontro

 O secretário José Mariano Beltrame visita a Rocinha

Após ocupação, moradores da Rocinha participam de reunião com Bope

Objetivo era falar sobre o futuro da favela. Vice-governador também participou do encontro

Isabela Bastos
Tais Mendes
Ludmilla de Lima
Luiz Ernersto Magalhães
Natanael Damasceno
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Reunião do comandante do Bope e do vice-governador do Rio, Pezão, com moradores da Favela da Rocinha
Reunião do comandante do Bope e do vice-governador do Rio, Pezão, com moradores da Favela da Rocinha O Globo / Domingos Peixoto
RIO - O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), coronel René Alonso, reuniram-se na tarde desta quarta-feira com cerca de 500 moradores da Rocinha para falar do futuro da favela depois da ocupação para a instalação de uma Unidade de polícia Pacificadora (UPP). O encontro aconteceu numa quadra de esportes na Rua Um, no topo da favela. Pezão anunciou que a favela receberá imediatamente uma série de obras de urbanização e infraestrutura. Já o comandante do Bope, que foi muito aplaudido, agradeceu o apoio e pediu empenho dos moradores para que o processo de pacificação seja bem sucedido.
— Viemos trazer Paz. Não estamos aqui por causa dos bandidos, mas por causa de vocês. Viemos para lhes defender. Para defender a Ordem, os Direitos Humanos e a Democracia. Mas lembro que todos aqui tem sua parcela de responsabilidade. Estamos aqui para retirar as armas e drogas da favela e para prender os criminosos e marginais com a certeza de que estaremos lhes defendendo. Mas estas medidas vão gerar incômodos e precisamos da sua compreensão. Estamos aqui para vasculhar e revistar. Isto é incômodo, eu concordo. Mas são ações que vão acontecer nos primeiros dois, três meses. Mas os policiais estão orientados a fazer isso com educação e respeito. E é importante que a população colabore —anunciou o comandante.
O coronel René afirmou que não há toque de recolher decretado na comunidade, nem ordem para que comerciantes e mototaxistas paguem taxas patra funcionar. Ele disse, no entanto que vai cobrar o cumprimento da legislação.
— Tudo é possível desde que sejam obedecidos os parâmetros legais. As festas e bailes funk não estão proibidos. Mas é preciso nos organizar. Eventos públicos exigem uma autorização dos órgãos públicos e nós vamos cobrar. Da mesma forma, os mototaxistas devem ter habilitação e andar com o equipamento adequado. Pedimos que todos tenham bom senso para que evitemos problemas que já vivemos em outros processos de pacificação — disse o comandante, sendo aplaudido pelos moradores.
Ele anunciou uma nova reunião, no próximo dia 24, quando os moradores terão a oportunidade de levar suas reivindicações a representantes da polícia, do governo do estado e da prefeitura. O vice-governador, por sua vez, anunciou que R$ 51 milhões serão investidos na favela. Entre as obras que começam imediatamente, segundo ele, esta a urbanização do Largo do Boiadeiro, a construção do Mercado Popular, de uma creche-escola, de um centro de cultura e de um Plano inclinado, além do fechamento do valão. Ele disse ainda que o governo quer contruir uma escola técinica na Rocinha, e que já esta trabalhando para dar a 4 mil famílias da comunidade a titularidade dos terrenos onde moram.
Pezão, que durante a manhã já havia anunciado a liberação de R$ 5 milhões de microcrédito para os pequenos empresários do Vidigal. A verba será liberada pelo Investe Rio, a agência de fomento do governo do estado, também participou de uma reunião no na Associação de Modadores do Vidigal e ouviu perguntas e pedidos da população. Entre as questões levantadas está a possibilidade de construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na comunidade e a viabilidade de implantação de programas de inclusão digital. Pezão disse que as demandas são factíveis e algumas poderão ser resolvidas a curto prazo pelo estado.
- Com o tempo e segurança vamos resolver os problemas - afirmou Pezão.
Mais cedo, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, percorreu a pé a Estrada da Gávea. Assim como fez no Vidigal, o secretário foi à Rocinha ver de perto a ocupação e agradecer aos policiais e moradores a colaboração durante a ocupação da comunidade. Durante a caminhada, ele disse que está feliz com as obras iniciadas no local e que agora é necessário recuperar o tempo perdido. Beltrame deixou a favela no início da tarde e seguiu para a base de ocupação no 23º BPM (Leblon).
- Fui lá no Vidigal e não poderia deixar de vir aqui fazer a mesma coisa, tratar as pessoas do mesmo jeito, dizer que a linguagem é a mesma. Fico feliz de ver a quantidade de obras que iniciamos. Temos que trabalhar, fazer a mesma coisa, recuperar o tempo perdido. As janelas e as portas estão abertas, vamos avançar. Estou feliz de ver uma moradora de São Conrado, que evitava passar pela região, voltar a fazer o trajeto - disse o secretário sobre a Estrada da Gávea, que corta a Rocinha.
Assim como no Vidigal, Beltrame foi cumprimentado e aplaudido por moradores que estavam nas janelas.
- Gosto mais do aceno discreto, do positivo escondido, do que do gesto muito ostensivo. Fico com a responsabilidade de policiar esse projeto 25 horas por dia.
Sobre o Complexo da Maré, Beltrame disse que em 30 dias conseguirá levar 40 homens da base do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para a região.
- Estou dependendo só de uma obra de isolamento que a Emop está fazendo e da chegada de móveis. Acredito que em 30 dias tudo já estará pronto - declara o secretário.
O secretário caminhou pela Rocinha com o comandante do (Bope), tenente-coronel René Alonso, e autoridades. Ao longo do percurso, ele foi parado por moradores que agradeciam ou faziam pedidos de melhorias para a comunidade. Beltrame aproveitou para almoçar na comunidade junto com a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha. Eles almoçaram na base do Bope instalada em São Conrado, no acesso à Estrada da Gávea. No cardápio, feijão, arroz, macarrão e molho à campanha. Servido numa quentinha, o almoço agradou o secretário, que repetiu.
Rocinha e Vidigal vão ganhar nais 100 garis
Na manhã desta quarta-feira, a prefeitura do Rio anunciou que Rocinha, Vidigal e a Chácara do Céu vão ganhar mais 100 garis permanentes nos próximos 20 dias. Essas comunidades têm hoje 42 agentes de limpeza da companhia, além de 87 garis comunitários. A Rocinha terá ainda uma gerência da Comlurb, com vestiários e refeitórios para os garis. Ela será construída na Estrada da Gávea, num terreno ainda a ser escolhido.
Segundo a presidente da Comlurb, Ângela Fontes, a comunidade tem atualmente quatro caixas compactadoras de lixo para o depósito de detritos e ganhará mais quatro, que serão distribuídas na região para facilitar o acesso de moradores a pontos regulares de despejo de sacos de lixos. Com a ampliação da logística de limpeza da Rocinha, a Comlurb espera incentivar os moradores a não mais descartar seus lixos nas encostas e em terrenos baldios. O Vidigal, que não tem caixas compactadoras, vai receber um desses equipamentos, com capacidade para receber oito toneladas de lixo.
A nova logística foi anunciada ao final de uma reunião de secretariado feita pelo prefeito Eduardo Paes, no Centro de Cidadania da Prefeitura, que fica aos pés da Rocinha.
— O grande desafio no primeiro momento é o lixo. A limpeza tem que ser ampliada porque a produtividade dos garis na Rocinha e no Vidigal é muito baixa. A gente precisa de muitos garis aqui. Teremos que ter também uma mudança de cultura das pessoas, com mais zelo e mais cuidado com a comunidade. Vamos nos esforçar para isso — disse Paes.
De acordo com o secretário de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, na reunião ficou determinado também a reformulação de toda a iluminação da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu. Serão trocados 3.500 pontos de luz na Rocinha e 1.000 no Vidigal e Chácara do Céu. A prefeitura irá solicitar ao Tribunal de Contas do Município que o trabalho seja iniciado emergencialmente, com dispensa de licitação. Se for autorizado, ele acredita que o trabalho comece em, no máximo, 15 dias.
— Fizemos isso no Alemão, com sucesso. E aqui é uma questão de segurança também. O prefeito Eduardo Paes anunciou ainda que vai agilizar a remoção de casas em área de risco, como nas regiões Macega e Laboriaux, onde o município já removeu 157 casas nos últimos meses. Hoje, 300 homens de diversos órgãos do município começaram o Choque de Ordem nas comunidades, com a desobstrução de bueiros, trocas de lâmpadas e recolhimento de lixo.
Nesta quarta-feira, 60 eletricistas da Rioluz já estão na Rocinha. De acordo com Osório, o foco nesta quarta-feira chuvosa será na drenagem, com limpeza de ralos e desobstrução de saída de água, para evitar alagamentos. Osório também contou que o prefeito já autorizou a recuperação do asfalto da Rocinha.
Agentes da CET-Rio já estão operando no tumultuado trânsito da Estrada da Gávea, que corta a Rocinha. Além de colocar cones nas áreas onde não são permitidos estacionar, os agentes já estão adotando esquema de pare e siga nas curvas mais acentuadas. A medida está dando mais fluidez ao trânsito. Os serviços de iluminação, por enquanto, estão concentrados no Largo do Boiadeiro.

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