Antes de acordo, Karzai quer restringir ação das tropas dos EUA
Para acertar atuação após 2014, presidente afegão exige fim das incursões noturnas
O Globo
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CABUL - Em um discurso marcado por críticas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, apresentou condições para assinar um acordo com os EUA que determinará a atuação americana no país após a retirada das tropas, prevista para 2014. Entre as exigências de Karzai está o fim das incursões noturnas nas casas de afegãos, o que as forças estrangeiras consideram uma de suas principais armas no combate a insurgentes.
- Nós queremos a parceria estratégica, mas com condições específicas: nossa integridade nacional, o fim das incursões noturnas, o fim das buscas em casas - disse o presidente no início de uma reunião com cerca de 2 mil líderes tribais e políticos em Cabul.
A parceria estratégica com os EUA ainda está em discussão. O Afeganistão também analisa acordos semelhantes com Reino Unido, França, Austrália e a União Europeia, afirmou Karzai.
Um relatório apresentado em setembro por grupos de pesquisas sociais indicou que o número de incursões noturnas e as confusões causadas pela escuridão representam um risco desproporcional para os civis. As regras para a realização destas ações foram restringidas nos últimos dois anos, mas elas ainda causam ressentimento entre os afegãos.
O presidente criticou a atuação americana e da Otan no país ao abrir o encontro de quatro dias, conhecido como loya jirga (ou grande assembleia), em que os líderes são consultados sobre assuntos como a presença militar dos EUA após 2014 e possíveis negociações de paz com o Talibã. Karzai mandou vários recados para Washington.
- A América é poderosa, tem mais dinheiro, mas somos leões aqui. Leões têm o hábito de não gostar que estrangeiros entrem em sua casa - comparou. - Queremos nossa soberania a partir de hoje. Nossas relações devem ser entre dois países independentes.
Karzai disse ainda que a partida das tropas da Otan é "boa para os afegãos". Ele também afirmou que os estrangeiros "não podem prende qualquer afegão no nosso solo e não podem ter prisões", acrescentando que o país tem seu próprio sistema de Justiça e segurança.
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