Imagens de cinegrafista morto serão periciadas para identificar assassino

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07.11.11 às 13h13 > Atualizado em 07.11.11 às 13h44

Imagens de cinegrafista morto serão periciadas para identificar assassino

POR DIOGO DIAS
Rio - A Divisão de Homicídios apresentou, nesta segunda-feira, os oito traficantes presos e o menor apreendido durante operação na Favela de Antares, em Campo Grande, na Zona Oeste, neste domingo. O delegado Felipe Ettore afirmou que as imagens da câmera de Gelson serão enviadas para a perícia para tentar identificar o responsável pelo disparo que matou o profissional da imprensa.
"A investigação está pautada em identificar o autor dos disparos, que pode ser um dos bandidos presos, um dos mortos ou, até mesmo, um outro traficante desta comunidade. Por isso, as imagens são tão importantes. Ainda não dá para saber se o tiro fatal foi disparado por um fuzil, pois a bala perfurou a vítima", explicou Ettore.
Os presos foram identificados como: Renato José Soares, vulgo BBC, de 39 anos, que seria o chefe da venda de drogas em Antares e tinha passagem por tráfico e associação para o tráfico; Leandro Ferreira de Araújo, o China, de 30, que já tinha passagem por uso de drogas e seria o gerente do tráfico na localidade; Rodrigo Feliciano Raimundo, vulgo RD, de 24, que tinha passagem por uso de drogas, roubo e falsidade ideológica; André Cassiano dos Santos, vulgo Dé, com passagem por tráfico; Willian da Silva Lopes, de 20; Victor dos Santos Pires, de 19; Thiago da Silva Leitão, o Thiaguinho, de 22, e Jefferson Lima Ferreira, de 20. Um menor de 15 anos também foi apreendido na operação.
Os suspeitos mortos são Tafarel Simões da Silva, de 20 anos, que havia sido condenado por tráfico, Jorge Ricardo dos Santos, de 22, sem passagens pela polícia, Maxsuam Gomes Rocha, de 20, que havia sido preso por porte de armas, tráfico e furto, e Antonio Carlos Ferreira Neto, de 18, com passagem quando era menor por tentativa de homicídio.
Todos os presos ainda serão ouvidos novamente na DH e, segundo o delegado, só serão transferidos quando a investigação for concluída. No caso de as imagens não esclarecerem o caso, existe a possibilidade de uma reconstituição com a presença dos agentes envolvidos na operação e, até mesmo, dos suspeitos. O responsável pelo tiro que matou Gelson pode ser condenado a 25 anos de prisão.
O corpo do cinegrafista está sendo velado desde o início da manhã desta segunda-feira no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. O profissional morreu com um tiro no tórax quando participava da cobertura de uma operação policial. O corpo do repórter cinematográfico será sepultado às 14h, no mesmo local.
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Não houve tiroteio nesta madrugada. Homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque e do 2º Comando de Policiamento de Área (2º CPA) ocupam a favela nesta segunda.

Atingido por um tiro de fuzil no tórax, Gelson foi levado à UPA do Cesarão, em Santa Cruz, mas já chegou morto. Apesar de pouco religioso e da vasta experiência em coberturas policiais, o cinegrafista rezou durante todo o percurso da emissora até chegar a Antares. Foi o que familiares contaram ter ouvido da equipe que o acompanhou na operação.

Nos anos 90, Gelson passou pela Record e pelo SBT. Há cerca de 10 anos, integrou a equipe da TV Brasil, e na emissora conquistou junto um Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com o trabalho Pistolagem, sobre assassinatos no Nordeste do Brasil. Nos últimos dois meses, conciliava a estatal com a TV Band, no programa ‘Brasil Urgente Rio’.

Filho mais velho de seis irmãos, Gelson deixou três filhos — de 16, 20 e 22 anos —, dois netos e a mulher, Edilene Domingos, 40. “Ele era como um pai para nós. Sempre disposto a ajudar todo mundo”, conta o irmão Jair da Silva Domingues, 41.
Foto: Alexandre brum / Agência O Dia
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
O Grupo Bandeirantes divulgou uma nota oficial, em que a emissora lamenta a morte do funcionário. “O Grupo Bandeirantes lamenta a morte do seu funcionário Gelson Domingos, de 46 anos, na manhã deste domingo”. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também emitiu nota lamentando a morte.

A ação em Antares, em Santa Cruz

Cinco pessoas morreram, entre elas Gelson Domingos da Silva, na operação da PM na Favela de Antares. As outras quatro, segundo a polícia, eram traficantes. Atingido por um tiro de fuzil no tórax, o cinegrafista usava o único modelo de colete autorizado pelas Forças Armadas e que foi atravessado pelo projétil.

A operação começou às 6h30, quando cerca de 100 policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e do Choque (BPChoque), com a Companhia de Cães, chegaram em 20 viaturas, motos e um ‘caveirão’, à Avenida Antares, um dos principais acessos à favela. O tiroteio durou cerca de uma hora. Sons de granadas e dos tiros podiam ser ouvidos a distância.
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Reunião de bandidos

Através de nota, a PM informou que “o objetivo da ação era checar informações da Inteligência do Bope e do Choque de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local”. A Av. Antares fica entre as favelas de Antares e do Rola, dominadas pelo Comando Vermelho.

No confronto, PMs do Choque ficaram em alerta para a possibilidade de traficantes do Rola cruzarem a via para ajudar comparsas da outra favela. Eles fizeram blitzes na avenida revistando carros, motos e vans, além de moradores.

Foram apreendidos um fuzil AR 15, 3 pistolas, carregadores, 1kg de maconha, 522 pedras de crack, 100 papelotes de cocaína, 9 motos e R$ 3.154,00. O policiamento foi reforçado e as operações vão continuar. Em nota, a PM lamenta a morte de Gelson e manifesta solidariedade à família e a profissionais da mídia.

Vítima pode ter filmado criminoso

Antes de ser atingido, Gelson pode ter filmado o autor do disparo que o matou. Suas últimas imagens mostram a bala indo em direção ao cabo Gomes, que o protegia e se abaixou, batendo numa árvore e atingindo o cinegrafista. Gelson cai com a câmera ligada. As imagens serão analisadas pela Divisão de Homicídios.

O repórter Ernani Alves, que trabalhava com Gelson, foi ao hospital, mas não identificou nenhum dos mortos como o que matou Gelson. Segundo a polícia, os bandidos usaram técnica militar de tiro. Em uma hora, foram 4 tiroteios entre bandidos e policiais.

Presidência lamenta morte

A morte do cinegrafista Gelson Domingos comoveu a Presidência da República. Em comunicado, o órgão lamentou “o trágico episódio”. O governador Sérgio Cabral enviou mensagem de pesar ao diretor da Band Rio, Daruiz Paranhos.

A Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc), em nota, exigiu a prisão do autor do tiro e lamentou a morte do profissional. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, em nota, se manifestou contrário à presença da imprensa em operações.
Veja as imagens do cinegrafista antes de morrer:
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