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07.11.11 às 13h13 > Atualizado em 07.11.11 às 13h44Imagens de cinegrafista morto serão periciadas para identificar assassino
POR DIOGO DIAS
"A investigação está pautada em identificar o autor dos disparos, que pode ser um dos bandidos presos, um dos mortos ou, até mesmo, um outro traficante desta comunidade. Por isso, as imagens são tão importantes. Ainda não dá para saber se o tiro fatal foi disparado por um fuzil, pois a bala perfurou a vítima", explicou Ettore.
O corpo do cinegrafista está sendo velado desde o início da manhã desta segunda-feira no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. O profissional morreu com um tiro no tórax quando participava da cobertura de uma operação policial. O corpo do repórter cinematográfico será sepultado às 14h, no mesmo local.
Foto: Arquivo pessoal
Atingido por um tiro de fuzil no tórax, Gelson foi levado à UPA do Cesarão, em Santa Cruz, mas já chegou morto. Apesar de pouco religioso e da vasta experiência em coberturas policiais, o cinegrafista rezou durante todo o percurso da emissora até chegar a Antares. Foi o que familiares contaram ter ouvido da equipe que o acompanhou na operação.
Nos anos 90, Gelson passou pela Record e pelo SBT. Há cerca de 10 anos, integrou a equipe da TV Brasil, e na emissora conquistou junto um Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com o trabalho Pistolagem, sobre assassinatos no Nordeste do Brasil. Nos últimos dois meses, conciliava a estatal com a TV Band, no programa ‘Brasil Urgente Rio’.
Filho mais velho de seis irmãos, Gelson deixou três filhos — de 16, 20 e 22 anos —, dois netos e a mulher, Edilene Domingos, 40. “Ele era como um pai para nós. Sempre disposto a ajudar todo mundo”, conta o irmão Jair da Silva Domingues, 41.
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
A ação em Antares, em Santa Cruz
Cinco pessoas morreram, entre elas Gelson Domingos da Silva, na operação da PM na Favela de Antares. As outras quatro, segundo a polícia, eram traficantes. Atingido por um tiro de fuzil no tórax, o cinegrafista usava o único modelo de colete autorizado pelas Forças Armadas e que foi atravessado pelo projétil.
A operação começou às 6h30, quando cerca de 100 policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e do Choque (BPChoque), com a Companhia de Cães, chegaram em 20 viaturas, motos e um ‘caveirão’, à Avenida Antares, um dos principais acessos à favela. O tiroteio durou cerca de uma hora. Sons de granadas e dos tiros podiam ser ouvidos a distância.
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Reunião de bandidosAtravés de nota, a PM informou que “o objetivo da ação era checar informações da Inteligência do Bope e do Choque de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local”. A Av. Antares fica entre as favelas de Antares e do Rola, dominadas pelo Comando Vermelho.
No confronto, PMs do Choque ficaram em alerta para a possibilidade de traficantes do Rola cruzarem a via para ajudar comparsas da outra favela. Eles fizeram blitzes na avenida revistando carros, motos e vans, além de moradores.
Foram apreendidos um fuzil AR 15, 3 pistolas, carregadores, 1kg de maconha, 522 pedras de crack, 100 papelotes de cocaína, 9 motos e R$ 3.154,00. O policiamento foi reforçado e as operações vão continuar. Em nota, a PM lamenta a morte de Gelson e manifesta solidariedade à família e a profissionais da mídia.
Vítima pode ter filmado criminoso
Antes de ser atingido, Gelson pode ter filmado o autor do disparo que o matou. Suas últimas imagens mostram a bala indo em direção ao cabo Gomes, que o protegia e se abaixou, batendo numa árvore e atingindo o cinegrafista. Gelson cai com a câmera ligada. As imagens serão analisadas pela Divisão de Homicídios.
O repórter Ernani Alves, que trabalhava com Gelson, foi ao hospital, mas não identificou nenhum dos mortos como o que matou Gelson. Segundo a polícia, os bandidos usaram técnica militar de tiro. Em uma hora, foram 4 tiroteios entre bandidos e policiais.
Presidência lamenta morte
A morte do cinegrafista Gelson Domingos comoveu a Presidência da República. Em comunicado, o órgão lamentou “o trágico episódio”. O governador Sérgio Cabral enviou mensagem de pesar ao diretor da Band Rio, Daruiz Paranhos.
A Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc), em nota, exigiu a prisão do autor do tiro e lamentou a morte do profissional. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, em nota, se manifestou contrário à presença da imprensa em operações.
Veja as imagens do cinegrafista antes de morrer:
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