Para tentar explicar crise, Berlusconi diz se sentir como Mussolini

Para tentar explicar crise, Berlusconi diz se sentir como Mussolini

09.11.11 às 14h10 > Atualizado em 09.11.11 às 14h12

Roma (Itália) - Depois de revelar que vai deixar o cargo após a aprovação do pacote de medidas contra a crise que assola os países europeus, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi declarou que se sente como o ex-ditador Benito Mussolini. A comparação foi feita para que Berlusconi pudesse explicar sua atual situação no governo.

"Tenho mais poder como cidadão livre do que como chefe de governo. Estava lendo um livro sobre as cartas de Mussolini a Claretta (Clara Petacci). E, em um momento, ele escreveu: 'Você não entende que eu não conto para mais nada? Eu só posso dar sugestões'. Eu me sinto na mesma situação".

A declaração foi dada durante entrevista ao jornal italiano La Stampa. Ao ser questionado sobre possíveis semelhanças entre seu governo e a ditadura de Mussolini, Berlusconi afirmou que, ao contrário do que foi publicado na imprensa durante anos, ele não é um ditador. "O que percebo é que os pais da Constituição, que temiam a repetição da história, debilitaram excessivamente o Executivo", disse. "Pergunto-me ainda se é possível que o chefe de governo não possa exigir ao ministro da Economia que aplique a política econômica na qual acredita", afirmou.

Renúncia
Foto: EFE
Renúncia aconteceu horas depois de o primeiro-ministro perder o apoio parlamentar da maioria absoluta | Foto: EFE
Em abril, Berlusconi já havia dito que não pretendia disputar a reeleição após o término de seu mandato, que aconteceria em 2013. Na terça-feira, o líder teve de renunciar após uma votação do Orçamento deixar claro que ele perdeu a maioria absoluta na Câmara.

Na entrevista ao La Stampa, Berlusconi afirmou que o candidato de seu partido, o PDL (Povo da Liberdade), será Angelino Alfano, ex-ministro da Justiça e atual secretário-geral da legenda.

“Chegou a hora de Alfano. Ele será nosso candidato”, afirmou Berlusconi. “Ele é realmente bom, melhor do que qualquer um pode imaginar, e sua liderança é aceita por todos.”

O premiê italiano classificou de “alucinante” a votação do Orçamento realizada na terça-feira. “Fui traído pelos que levei em meu coração durante toda uma vida”, afirmou. “Quando penso em tudo o que fiz por Roberto Antonione (um dos deputados que não o apoiou)...sou padrinho de sua filha.”

Berlusconi afirmou que só renunciará após a aprovação do pacote de austeridade porque esse foi seu “compromisso” com os demais países da União Europeia. “Não podemos esperar mais para adotar as medidas que decidimos. Esse foi meu compromisso com a Europa e, antes de ir, quero cumpri-lo”, afirmou.

“Faço um chamado a todos, maioria e oposição, para que essas medidas sejam aprovadas o quanto antes. Depois, apresentarei minha renúncia", acrescentou, dizendo ainda que seus filhos estão “contentíssimos” com sua decisão. Berlusconi disse que os planos para o futuro incluem participar da campanha eleitoral e, talvez, ser presidente do Milan.

Juros

O anúncio de Berlusconi não adiantou para evitar a disparada nos custos da dívida italiana, cujos títulos de dez anos já estão pagando mais de 7% de juros anuais, patamar considerado limite para evitar um calote do governo. Este é o maior nível do custo de endividamento da Itália desde a criação do euro, em 1999.

Enquanto isso, uma delegação da União Europeia (UE) chega a Roma nesta quarta-feira para observar as medidas tomadas pela Itália para evitar o agravamento da crise na zona do euro.

As autoridades querem saber, entre uma longa lista de itens, como o governo planeja vender estatais, como vai reduzir sua enorme dívida e como pretende cortar o déficit previdenciário.

O Comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, descreveu a situação italiana como "muito preocupante". COPIADO : http://odia.ig.com.br/portal/mundo

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