O promotor Paulo Roberto Cunha, primeira testemunha de acusação a depor no julgamento dos policiais indiciados pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli, afirmou que o tenente-coronel Cláudio Oliveira ameaçou a juíza de morte três vezes. Ele, entretanto, disse não saber se os outros réus no processo teriam interesse ou não na execução da juíza.
Cunha, que trabalhou com a magistrada na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, afirmou que a relação entre PAtrícia e os agentes do 7ºBPM (São Gonçalo) sempre foi complicada. Segundo ele, na ocasião da nomeação de Cláudio Oliveira para o comando do batalhão, o então comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, chegou a promover um encontro para estreitar os laços entre as partes. Em vão. Responsável pela investigação de 70 casos de auto de resistência envolvendo PMs do batalhão, a juíza continuou a ser ameaçada.
As primeiras audiências sobre o assassinato de Patrícia Acioli prosseguirão nos dia 10, 11, 16, 17 e 18 de novembro no Tribunal do Júri de Niterói. Nesta quarta serão ouvidas 14 testemunhas de acusação. Ao todo, prestarão depoimento 150 pessoas entre acusação e defesa, além dos suspeitos. Entre eles está o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) e o 22º BPM (Maré), apontado como o mandante do crime.
Apontado como o mandante da execução, Oliveira está detido no presídio de Bangu 1, na Zona Oeste, desde o dia 27 de setembro, junto de outros dez policiais acusados de envolvimento na execução da magistrada. Nesta terça, ele teve um pedido de habeas corpus negado por unanimidade pelos desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. Na decisão, ainda ficou estabelecido que Oliveira só poderá ser visitado por parentes ou advogados a cada dez dias.
Antes, porém, o juiz Peterson Barroso Simão, da 3ª Vara Criminal de Niterói negou requisição do Ministério Público para que o oficial e um outro policial fossem transferidos para presídios federais de segurança máxima fora do Rio de Janeiro.
No pedido, o Ministério público alegava que a mudança de local era necessária para que os policiais não tentassem atrapalhar as investigações. Os promotores solicitavam ainda que os agentes fossem incluídos no Regime Disciplinar Diferenciado, com restrições de comunicação e isolamento. O magistrado, entretanto, entendeu que a presença dos acusados no estado facilita o trabalho da Justiça.
As acusações contra Cláudio Luiz de Oliveira motivaram o ex-comandante geral da PM, Mário Sérgio Duarte, a pedir exoneração do cargo. Na época, o oficial alegou que a decisão foi para evitar dúvidas com relação à sua responsabilidade na escolha "de seus homens".
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