Protestos na Grécia terminam em confronto com a polícia

17/11/2011 - 14h17

Protestos na Grécia terminam em confronto com a polícia


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AS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
 A polícia grega lançou gás lacrimogêneo contra jovens usando máscaras nesta quinta-feira, enquanto milhares de pessoas tomavam as ruas de Atenas para lembrar o levante estudantil de 1973 contra a ditadura militar (1967-1974) e protestar contra as medidas de austeridade do governo.
Estudantes, professores, operários e aposentados saíram em passeata tocando tambores e gritando "Fora UE (União Europeia), FMI (Fundo Monetário Internacional)", no primeiro teste público para o novo governo de unidade nacional, responsável por impor à população dolorosos reajustes de impostos e cortes de gastos públicos para evitar a falência da Grécia.
A data marca anualmente protestos contra os líderes políticos e ajustes econômicos. Em anos anteriores, houve conflitos e, em um momento de tensão nacional, as autoridades estão com a atenção voltada ao evento.
Segundo o Ministério de Proteção ao Cidadão, mais de 7.000 agentes foram mobilizados em Atenas para evitar distúrbios, uma vez que a tradicional manifestação já se tornou palco de confrontos entre grupos radicais e a polícia.

Yiorgos Karahalis/Reuters
Estudantes carregam bandeira manchada de sangue durante manifestação na cidade de Atenas
Estudantes carregam bandeira manchada de sangue durante manifestação na cidade de Atenas

De acordo com estimativas dos organizadores, cerca de 7.000 pessoas estiveram presentes, o que fazia com que houvesse quase um policial para cada manifestante presente.
Os incidentes mais graves até agora aconteceram em 1980, quando dois manifestantes morreram em um confronto que durou toda a noite e causou várias dezenas de feridos.
Neste ano, a comunidade universitária está profundamente descontente por conta de uma nova lei aprovada no Parlamento em setembro com os votos dos três partidos que integram e apoiam o novo Executivo de Papademos.
A nova legislação reduz drasticamente o poder dos reitores, introduz o financiamento das universidades pelo setor privado e derruba a proibição da presença policial nos campus sem convite prévio das autoridades universitárias.
Além disso, as medidas de austeridade impostas nos dois últimos anos para salvar o país da quebra e receber ajuda externa, assim como as reformas pouco populares anunciadas pelo novo primeiro-ministro com o mesmo propósito, têm provocado um mal-estar social crescente.

Alkis Kostantinidis/Efe
Garoto deposita buquê de flores em monumento em homenagem aos mortos na manifestação em 1973
Garoto deposita buquê de flores em monumento em homenagem aos mortos na manifestação em 1973

O secretário-geral do sindicato de trabalhadores do setor privado, Nikos Kioutoukis, afirmou que neste ano a mensagem passada é de que "os gregos não suportam mais a situação atual".
VOTO DE CONFIANÇA
O novo governo de coalizão da Grécia conquistou ontem, com ampla maioria, o voto de confiança do Parlamento. A moção foi aprovada por 255 deputados e rejeitada por 38 de um total de 300 parlamentares, dos quais 293 participaram da votação.
A aprovação garante o apoio folgado ao novo governo, formado por três partidos --socialista, conservador e ultradireita--, que foi designado na semana passada sob a pressão dos credores da Grécia. Representa também um apoio à promessa de Papademos de acelerar as reformas de longo prazo exigidas para garantir um acordo sobre o plano de resgate do país, que está à beira da falência.
Após a votação, o premiê agradeceu "a todos os deputados que apoiaram o governo e deram um voto de confiança". "Eu acredito que cada um desses votos representa uma decisão responsável para evitar colocar nossa permanência na zona do euro em risco", disse.

Thanassis Stavrakis - 14.nov.2011/Associated Press
O novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, durante discurso ao Parlamento na segunda-feira
O novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, durante discurso ao Parlamento na segunda-feira

Antes do voto de confiança, o novo primeiro-ministro solicitou aos deputados que apoiassem a "tarefa titânica" que o Executivo tem para organizar a economia do país evitar a Grécia de sair do euro.
"Cada um dos votos a favor equivale a uma decisão responsável para que não fique em risco a permanência da Grécia na zona do euro e para o progresso da economia", disse Papademos. "Os problemas piorarão se a Grécia não participar da zona do euro".
AUSTERIDADE
O mandato do novo governo deverá ratificar o segundo plano de resgate do país, firmado em outubro com os membros da zona do euro. O plano consiste em um novo aporte no valor de 130 bilhões de euros e no perdão de 50% da dívida do país.
Além disso, a Grécia precisará adotar novas medidas de austeridade exigidas pela União Europeia e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para liberar até 15 de dezembro a sexta parcela de 8 bilhões de euros de ajuda, referente ao primeiro plano de resgate do país.
Apesar de um acordo fechado entre os dois grandes partidos do país, o socialista Pasok e o conservador Nova Democracia, a presença da extrema-direita no Executivo e a necessidade de o novo governo adotar medidas impopulares de austeridade já gerou críticas entre deputados das duas formações majoritárias.

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