RDCongo: Eleições de alto risco


28 de Novembro

RDCongo: Eleições de alto risco

2011-11-27 19:34:36


Kinshasa – Joseph Kabila pretende cumprir um segundo mandato. Etienne Tshisekedi, veterano da oposição, quer atingir o mais alto cargo na República Democrática do Congo (RDC). O choque eleitoral está marcado para este domingo, 28 de Novembro, onde 35 milhões de congoleses têm apenas uma possibilidade para escolherem o novo presidente e os 500 deputados para o parlamento.
Pela primeira vez na RDC os congoleses não arriscam a dar opiniões sobre quem sairá vitorioso nas eleições de 28 de Novembro. Todos reconhecem que as tendências estão muito equilibradas. Um perigoso equilíbrio para a RDC onde qualquer processo eleitoral mergulha tradicionalmente o país num banho de sangue.

«Estimativas de uma vitória, ninguém sabe», confirma fonte do alto comando da polícia de Kinshasa. A «única certeza», afirma um observador, é que ambos os candidatos, especialmente Kabila e Tshisekedi, não vão aceitar a vitória do seu adversário.

Também a contribuir no aumento da tensão correm já rumores de fraude eleitoral, com mesas de voto fantasmas em endereços de residências particulares, triplos registos eleitorais, supressão de eleitores. Problemas minimizados pelo CENI (Comissão Eleitoral Nacional Independente) que está mais preocupado em distribuir o material eleitoral pelo país e que já regista importantes atrasos.

A tensão irá disparar, simultaneamente com os rumores, logo após o escrutínio, para entrar no seu nível mais alto a 06 de Dezembro com o anúncio dos resultados provisórios.

Os militantes de Joseph Kabila, denominados «kuluna», assim como os de Tshisekedi, «combattants» (combatentes), considerados como milícias civis por observadores, também já confirmaram que não vão reconhecer a vitória do opositor aos seus líderes, uma situação agravada pela precipitada autoproclamação de vitória de Etienne Tshisekedi.

Face à iminência de violentos confrontos os expatriados ocidentais optaram este sábado, 26 de Novembro, por reforçar as suas reservas domésticas de víveres para «pelo menos, três dias». Todas as actividades culturais das embaixadas foram suspensas por «motivos de segurança» e os funcionários da MONUSCO (Missão da ONU para a RDC) receberam a informação que «todos os elementos que recearem pela sua segurança durante o período eleitoral podem ausentar da RDC».

Os primeiros confrontos ocorreram este sábado quando Kabila e Tshisekedi, de regresso das suas campanhas no interior, foram forçados a aterrar no pequeno aeródromo de N’Dolo quando os seus militantes os aguardavam no aeroporto de N’Djili para percorrerem o Boulevard Lumumba até aos Estadio dos Mártires e o Boulevard Triunfal onde Kabila e Tshisekedi tinham previsto concluir as suas campanhas com dois mega comícios. Mas também onde os militantes rivais estariam separados por um espaço aberto com cerca de 200 metros. O choque era inevitável. Os confrontos resultaram em cinco mortos, segundo a DEMIAP, serviço especial da polícia, e 12 segundo membros do UDPS (União pela Democracia e Progresso Social), partido de Tshisekedi.

Perante os violentos confrontos, entre os dois campos de militantes, o Governador de Kinshasa, André Kimbuta, decidiu «suspender todos os comícios em Kinshasa previstos para sábado» e que marcariam o fim oficial das campanhas eleitorais. Uma situação que desagradou Tshisekedi, que qualificou de «manipulação» a favor do presidente e candidato, Joseph Kabila.

Além do choque politico entre Kabila e Tshisekedi é apontada a questão tribal como factor suplementar de tensão. Segundo os militantes do UDPS a RDC conta com quatro etnias dominantes. Desde a independência a etnia Ne Kongo foi representada por Joseph Kasa-Vubu, Bangalis por Mobutu Sese Seko, Baswahili por Laurent e Joseph Kabila, por fim, apenas os Baluba, etnia de Etienne Tshisekedi, ainda não passaram pelo poder. Uma particularidade minimizada pela comunidade internacional mas que poder tornar-se num preocupante factor de destabilização em período eleitoral, muito explorado pelos acólitos de Etienne Tshisekedi.

Rui Neumann
(c) PNN Portuguese News Network
COPIADO : http://www.jornaldigital.com/

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